sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Inovação – filha do casamento do pesquisador com o empreendedor

Temos uma preocupação muito forte no Brasil em tornar melhores os nossos indicadores no que diz respeito à inovação.

Em primeiro lugar, é preciso compreender que nossos pesquisadores estão preocupados com atingir resultados positivos em suas pesquisas, mas isso não significa a criação de novos produtos e nem a aplicação dos resultados obtidos para atender a alguma demanda percebida que venha a ser importante para a vida das pessoas.

Este comportamento não representa uma insensibilidade por parte dos pesquisadores: sua motivação está na busca, dando passos importantes no conhecimento do funcionamento daquilo que existe na natureza.

No entanto, muitos pesquisadores conseguem colaborar com pessoas empenhadas em criar novos produtos usando seu conhecimento adquirido ao longo das pesquisas.

Uma situação similar ocorre com os inventores: seu prazer está em criar um novo produto ou uma nova utilidade para produtos existentes. Formatar esses objetos de sua criação para que sejam consumidos e comercializados não é necessariamente motivador para eles.

A inovação requer que as fronteiras da pesquisa e da invenção sejam ultrapassadas e que a sociedade seja beneficiada por algum novo produto, outra aplicação de produtos existentes ou ainda uma maneira diferente de comercializar o que existe permitindo o acesso de um grupo maior de pessoas.

A obtenção do resultado decorrente da inovação inclui o empreendedor no processo: ele vai buscar a maneira de ultrapassar a fronteira que limita pesquisadores e inventores, trazendo para a sociedade algum valor.

Evidentemente nem todo empreendedor vai gerar inovação e aqueles que chegam a um resultado positivo nesta direção precisam ser apoiados, por incubadoras e aceleradoras, capazes de fazer a aproximação entre os empreendedores e pessoal de pesquisa e também ajudar a levantar no mercado qual a repercussão de cada possível inovação.

Este é o caminho básico de ampliar nosso indicador de sucesso na área de inovação. É um papel que precisa ser considerado pelo nosso empreendedor. A inovação é muito compensadora quando gera um negócio: constitui-se em um diferencial importante para o sucesso do empreendimento.

Já fizemos a campanha do Bota Pra Fazer, e, com isso, muitos novos empreendedores se encorajaram a tentar seus negócios. Chegou a hora de lançarmos a campanha do Bota Pra Inovar e fazer o casamento do empreendedor com o pesquisador.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Empreendedorismo nas universidades brasileiras

Acaba de chegar a minhas mãos o resultado da pesquisa realizada pela Endeavor cujo titulo é EMPREENDEDORISMO NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS.

A pesquisa, realizada neste ano de 2011, está inserida no contexto da “The Entrepreneurship Education Project” que compreende mais de 80 universidades em 40 países. Na seção brasileira participaram 12 universidades e mais de 600 estudantes.

O documento mostra alguns aspectos dos perfis do estudante e das universidades brasileiras no que diz respeito ao ensino de empreendedorismo. Talvez o ponto mais importante seja a constatação do interesse do estudante brasileiro em estudar empreendedorismo. O percentual dos alunos que se mostraram interessados pelos cursos de empreendedorismo foi de 52,8%, o que é bastante animador, até porque nem sempre as universidades oferecem essas disciplinas.

Outro ponto interessante foi a impressão que os estudantes manifestaram de que o ensino de empreendedorismo no Brasil é muito teórico: certamente, há muitos movimentos de ensino de empreendedorismo que incluem jogos e trabalhos práticos nas disciplinas e que fogem a esta impressão, mas certamente existem universidades que não trazem empreendedores para serem entrevistados e apresentam as disciplinas sem a preocupação de fazer o empreendedor praticar aquilo que ele aprende no curso.

Um ponto fraco que ficou exposto é que nossos estudantes leem pouco sobre o tema empreendedorismo: ainda não se acostumaram a ler livros sobre o assunto e ter a disciplina de planejar seus negócios a partir dessas leituras.

A Universidade brasileira não consegue ou tem muita dificuldade de captar apoio, na forma de doações, para desenvolver seus programas de empreendedorismo e é importante vencer esse problema. Talvez esteja faltando às Universidades conseguir mostrar às empresas que vale a pena investir no empreendedorismo como uma maneira de valorizar sua marca, associando-a a uma aspiração dos estudantes.

Um aspecto positivo que a pesquisa identificou foi que 43,8% das Universidades brasileiras fazem programas para estudantes do ensino fundamental e médio. Isso mostra que o ensino de empreendedorismo está sendo trazido para o ensino médio e isso é muito positivo.

A pesquisa teve uma maior participação de estudantes do sexo masculino (52,2%) e isso pode representar uma pequena distorção, pois em nosso país temos mais mulheres que homens. Ela também aponta que somente 7,6% dos entrevistados já possuem um negócio próprio, mas entendemos que não é um dado desanimador. A maioria dos estudantes tem a preocupação de terminar seu curso universitário antes de se dedicar a montar um negocio próprio: em algumas incubadoras das universidades esta é uma exigência.

Enfim, a pesquisa apresenta conclusões interessantes, como a necessidade de projetar cursos mais práticos e mais conectados ao mercado e que os estudantes esperam receber maior ajuda para empreender. Há espaço e necessidade para ampliar os cursos de empreendedorismo.

Recebemos a pesquisa através da Endevor, mas ainda não encontramos no seu site para que seja visto em detalhe pelos interessados.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Modelo de negócios

É bastante interessante a mobilização que existe atualmente para melhorar a qualidade do trabalho de construção do modelo de negócios de uma empresa. As contribuições de Alex Osterwalder são bastante boas para que os empreendedores consigam definir um modelo de negócios que esteja pensado com maior profundidade. Do mesmo modo, a ênfase em testar a aceitação de mercado do produto, ainda que em uma amostra reduzida, é também uma providencia importante, que pode evitar perda de tempo e de investimentos em algo que não terá valor agregado para os clientes imaginados.

Outro ponto que temos observado é o excesso da valorização destes mesmos aspectos: a percepção que agora se faz do modelo de negócios seguindo o “canvas” proposto pelo Osterwalder e aí já temos o plano de negócios. Isto é um exagero perigoso e que certamente vai resultar na omissão de estudo de muitos aspectos importantes do Plano de Negócios. O resultado é que a falta de exploração desses aspectos pode ocasionar ampliação de riscos e surpresas quanto ao investimento necessário.

As ideias de Osterwalder são complementares à elaboração do Plano de Negócios, aumentando sua qualidade por ter sido feito um trabalho mais detalhado de estudo do modelo de negócios. Do mesmo modo, testar o mercado, ainda que com um produto simplificado, também é uma maneira de evitar desperdícios: não isenta o empreendedor de buscar informações mais detalhadas sobre este mesmo mercado, como seu dimensionamento, sua possível segmentação e outros aspectos que normalmente são desenvolvidos quando se faz um plano de negócios completo.

Certamente, quando se segue o modelo de Osterwalder, não se vai adiante antes de vencer as dificuldades encontradas com o modelo de negócios. Por isso mesmo, pode ser obtida economia de esforço e de tempo ao adotar este método.

Passada a etapa de aprofundamento daquele modelo e verificado o interesse do mercado, o Plano de Negócios deve seguir seu caminho normalmente e o empreendedor que consiga fazer um plano completo terá maior chance de sucesso e obterá maior segurança na implantação do empreendimento.

Assim creio que devemos tomar cuidado com a minimização da importância do planejamento e com as ideias de que não vale a pena fazer o esforço de construção de um plano mais abrangente. O fato de conseguirmos melhorar e aprofundar uma parte do todo não implica em que ficaremos dispensados de fazer o Plano de Negócios completo.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Implantando uma empresa a partir de seu planejamento

A percepção de que um empreendedor precisa planejar seu empreendimento vem sendo disseminado faz muitos anos e talvez tenhamos chegado a incluir este conhecimento na nossa cultura empreendedora. Ainda encontramos muitos empreendedores que compreendem a necessidade de planejar, mas não estão preparados para fazer o Plano de Negócios e precisam de ajuda.

No entanto, os Planos de Negócios que os empreendedores apresentam, inclusive para se candidatar a uma vaga em uma incubadora, são geralmente insuficientes para implantar a sua empresa. Como é natural, se preocupam mais com o modelo de negócios e com as estratégias que serão seguidas. A busca de conhecimento sobre o mercado que a empresa vai atuar é muito precário na maior parte dos casos de empreendedores que estão começando. A maneira de implementar a empresa geralmente não aparece com o detalhamento necessário.

Por isso, os empreendedores iniciais muitas vezes passam pela perplexidade de ter conseguido uma vaga na incubadora, mas não conseguem ter a clareza de como começar seu negócio nascente.

Para evitar esta situação, que acaba por representar perda de tempo ou desperdício de esforços mal direcionados, é que o empreendedor necessita ser preparado para implantar seu Plano de Negócios, isto é, transformar em realidade a empresa de seus sonhos.

Um conselho básico que posso dar a esses empreendedores é preparar um “Plano de 100 dias”, definindo o que será feito da implantação da empresa neste período. Essa etapa do planejamento pretende abranger os aspectos mais essenciais da empresa, de tal forma que se estiverem implantados, a empresa poderá realizar seu objetivo principal, em um prazo mais curto e conseguir dar vida ao empreendimento.

No “Plano de 100 dias” só devem constar as atividades que são necessárias para esse funcionamento da empresa em suas condições mínimas, fazendo apenas aquilo que está descrito no Plano de Negócios como a essência para a existência da empresa operando.

O empreendedor necessita também melhorar seus conhecimentos sobre diversas áreas que deverão estar presentes em sua empresa: a financeira, de gestão de pessoas, o controle de projetos, etc.

Esses conhecimentos precisam ser desenvolvidos no empreendedor: muitas vezes, o empreendedor fez um curso superior em uma área de especialização e não teve a oportunidade de aprender conceitos de gestão de empresa.

Em nossa COLEÇÃO de EMPREENDEDORISMO publicamos o livro denominado “Implantando uma Empresa”, cuja finalidade é exatamente apoiar o empreendedor quando ele precisa passar além do Plano de Negócios e tornar a empresa projetada em papel numa realidade.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O V SEMINARIO DE EMPREENDEDORISMO IEL vai ocorrer na FIRJAN

No próximo dia 21 de novembro, de 8:30 às 12 horas, o Instituto Euvaldo Lodi – IEL estará promovendo na Federação das Industrias do Rio de Janeiro - FIRJAN o V SEMINARIO DE EMPREENDEDORISMO.

Desta vez o evento terá o tema RIO EMPREENDEDOR, motivado pelo fato de que o Rio de Janeiro está atraindo a atenção de todo mundo, pelos inúmeros eventos de primeira grandeza que vai sediar, como a Olimpíada e a Copa do Mundo.

Estas oportunidades trazem perspectivas importantes para a cidade e para seus empreendedores. Por isso, o debate deste V SEMINARIO DE EMPREENDEDORISMO IEL focará a forma de aproveitar este momento favorável para a cidade. Como os jovens empreendedores poderiam se mobilizar para encontrar caminhos para que seus empreendimentos se situem no centro dessas oportunidades.

Empresários cariocas estarão mostrando sua visão empresarial dessas oportunidades de negócios no Rio e abordando projetos, segmentos estratégicos e oportunidades para o estado e o município.

Certamente lá estarei para trazer minha contribuição a este debate e sobretudo minha esperança de que os nossos jovens empreendedores estarão atentos para se posicionar de forma proativa, trazer sua criatividade e capacidade de inovação de forma a aproveitar os eventos que estão chegando, cuidando para que seus empreendimentos venham para durar e gerar um legado positivo para nossa cidade e estado.

Para os empreendedores que estejam interessados em se aprofundar nesse tema, convido a virem se encontrar conosco nesta oportunidade. Inscrições pelos telefones de contato na FIRJAN (4002 0231 para os ligam do Rio de Janeiro e 0800 0231 231 para os que ligam de fora) ou pelo formulário http://www.firjan.org.br/data/pages/2C908CEC338BEBD801338E2717624F69.htm. No site da FIRJAN – www.firjan.org.br podem ser encontradas mais informações.

Gostaríamos de demonstrar a nossa satisfação pelo apoio que o evento vem recebendo do Conselho de Jovens Empresários da Federação, nossa esperança para a construção da FIRJAN do futuro.

Recomendo a todos os meus alunos e leitores que venham se somar aos empreendedores que já estão inscritos no evento e que certamente encontrarão a motivação de mudar o Rio para melhor.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O empreendedorismo precisa invadir a Europa

A precária situação europeia faz a todos nós lamentar muito: afinal, aqui no Brasil tivemos muito desta cultura em nossa formação. Aprendemos a viver com os portugueses, na colonização e depois passamos a sofrer as influencias da França e da Inglaterra, seja na estrutura escolar, na culinária ou na música.

Se pensarmos nas levas de imigrantes que recebemos do velho continente, podemos até dizer que o Brasil tem pelo menos uma amostragem de cada país da Europa aqui dentro. Isso foi uma das coisas boas que recebemos de lá: a diversidade de suas culturas, que se juntaram à africana, asiática, árabe, judaica, indígena que também temos por aqui.

Esta diversidade cultural nos deu os pioneiros do empreendedorismo tão bem relatados nos livros do nosso querido e brilhante mestre Jacques Markovitch, ele mesmo um dos resultados dessa diversidade, pois oriundo do Egito e de cultura judaica.

Será que a Europa não poderia se reinventar, valendo-se de sua própria diversidade cultural? Em vez de considerar que as velhas soluções que sempre deram certo irão salvar a Europa desta crise, não seria uma boa ideia buscar inovações que implantassem de forma mais abrangente os ideais que aprendemos e passamos a acreditar, voltados à igualdade, fraternidade e liberdade?

A tecnologia poderia e deveria ser agregada a essa nova versão da Europa: como consequência, todo o ensino poderia ser repensado e os valores permanentes da velha cultura ser aprendidos pelos milhões de europeus, inclusive os imigrantes negros e árabes, de modo mais rápido, mais atraente e eficaz. Isso ampliaria o nível cultural da massa e, ao lado da modernização que poderia trazer, também aportaria uma nivelação nos conceitos e valores de toda essa gente. Seria necessário também que houvesse uma integração desses povos, aceitação de mudanças e sinergias positivas, o que não nos parece estar acontecendo com frequência.

Ainda a tecnologia poderia ser usada para imaginar o funcionamento de uma nova sociedade. Esta teria de ser capaz de atender, ao mesmo tempo, de modo satisfatório, os requisitos macroeconômicos impostos pelo mercado e o desejo das pessoas de viver em um mundo que as considerasse mais. Um mundo que é reclamado por gente nas ruas e que permite a cada um satisfazer seus desejos de segurança social, sem que para isso tenha de trabalhar de modo incessante e sem ter a possibilidade de usufruir seus bons momentos. Como equilibrar os pratos da balança do trabalho com a do lazer?

Enfim, a Europa precisa explorar suas potencialidades e as múltiplas oportunidades que se apresentam, até mesmo pela mudança das condições, tanto do lado das suas populações, como do lado das ofertas tecnológicas. Além disso, as lideranças dos grandes países se curvarão a essa invasão empreendedora e aceitarão que as decisões sejam tomadas levando em conta mais fatores do que o PIB de cada país.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O REE Brasil foi no Rio Grande do Sul

Reunir professores de empreendedorismo de todo o país e passar três dias trabalhando e trocando experiências e ideias é uma tarefa árdua e difícil. Mas, pela segunda vez a Endeavor e o SEBRAE, em parceria com a Universidade de Stanford e seus patrocinadores Santander e Intel, conseguiram organizar um excelente seminário, sediado na PUC-RS, a Rodada de Educação Empreendedora(http://www.pucrs.br/tecnopuc/).

No dia 13 de outubro de 2011, em Porto Alegre, iniciamos com a visita ao TecnoPUC, parque tecnológico extraordinário, criado pela PUC-RS. Este empreendimento mostra como o Brasil se desenvolve em Porto Alegre e que a inovação está chegando para ficar (http://www.reebrasil.org.br/).

Passamos os dias 14 e 15, no Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves. Embora situado na Serra Gaúcha, no meio de uma paisagem incrível, num excelente hotel (http://www.spadovinho.com.br/), devido à intensidade das atividades do evento, não houve tempo nem para conhecer o seu Spa!

Subir a serra gaúcha significa uma oportunidade para constatar o empreendedorismo existente naquela área vinícola do país: fizemos uma visita a um conhecido produtor brasileiro de vinhos, o que significou receber notícias do reconhecimento da qualidade e aumento da quantidade de nossa produção.

Técnicas de ensino de empreendedorismo foram discutidas e as melhores práticas foram expostas e até premiadas: o mais importante não era destacar os premiados, mas mostrar que os professores de empreendedorismo estão buscando uma forma cada vez melhor de apresentar seus conteúdos e fazer os alunos praticarem.

Como “keynote”, tivemos as apresentações do professor John Mullins, sempre instigadoras e muito eficazes pela participação que consegue da audiência. Sua proposta foi a criação coletiva do plano de aulas de uma cadeira na área de empreendedorismo de forma a que os alunos fossem instados a fazer o projeto e daí sentirem a necessidade da base teórica ou metodológica, que seria indicada, sem a existência de aulas expositivas.

Para mim, o melhor do seminário ficou por conta da apresentação dos centros de empreendedorismo selecionados pela Endeavor como os melhores do país, entre os que se apresentaram em um concurso sobre a Educação Empreendedora. Os três melhor situados na disputa mostram que o Brasil tem hoje excelentes centros de empreendedorismo: pelo que eu pude saber com a organização, foi difícil escolher os três finalistas da competição entre os doze que se candidataram.

No sábado, quando o evento terminou, ocorreu o mesmo que no ano anterior: todo mundo prometendo voltar em 2012. Em breve, a Endeavor vai nos contar onde será o próximo encontro. Como nesse, acreditamos que a frequência vai aumentar e a qualidade das apresentações vai ter um nível cada vez mais alto.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Incubação e aceleração na encruzilhada

Depois de 20 anos da fase atual do empreendedorismo brasileiro cabe uma reflexão a respeito do processo de apoio e estímulo à formação de empresas e à inovação.

Podemos levar em conta diversos aspectos: o primeiro, é que as incubadoras de empresas conseguiram diminuir substancialmente a mortalidade das empresas nascentes, chegando a reduzir o índice a 20%, com sua graduação após cerca de dois anos de incubação.

Um segundo aspecto é que para criar empresas com produtos que aportam fortes características de inovação, o melhor berço está nas incubadoras situadas em Universidades, onde haja pesquisa em laboratórios empenhados em desenvolver tecnologia. Exemplos disso podem ser encontrados em empresas nascidas no Instituto Genesis da PUC-Rio, em Itajubá, na incubadora da UFRJ e da Biorio, TECNOPUC e tantas outras. Muitas delas não teriam sido criadas se estas incubadoras não existissem.

Um terceiro ponto a considerar é que em torno das incubadoras, especialmente as universitárias, tem sido estabelecidos os Centros de Empreendedorismo, que criam um ambiente de desenvolvimento da cultura empreendedora, motivando os empreendedores com seus mecanismos de competições e aproximação com as fontes de financiamento e investimento nos empreendimentos. Empreendedores precisam ser desenvolvidos com o conhecimento propiciado nas aulas das universidades e com as experiências que podem adquirir estagiando em empresas incubadas e participando de empresas juniores.

Críticas são feitas ao fato de que as incubadoras não são escaláveis e só abrigam, de cada vez, cerca de 20 a 25 empresas nascentes. Mas, não se pode deixar de levar em conta que criar uma empresa de base tecnológica com forte conteúdo de inovação não é um processo simples nem encontra facilidade no país para conseguir recursos, sejam os de natureza financeira como os de apoio de laboratórios competentes de pesquisa. Não acreditamos que tais tipos de críticas sejam justas nem que o custo das incubadoras seja tão elevado que possa desestimular sua manutenção.

No entanto, observamos que, até hoje, não temos uma certificação de incubadora: isso poderia ser feito pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores - ANPROTEC, utilizando empresas nacionais que seriam treinadas e orientadas sob os aspectos que deveriam ser observados para a certificação.

Essa certificação poderia ser exigida para que as incubadoras pudessem receber recursos governamentais para sua sustentação. Para que elas possam fazer um bom trabalho, direcionado a formar empresas inovadoras, precisam ter mentores de muito bom nível e que devem ser bem pagos.

Mas, esses recursos precisam ser mais generosos do que temos observado.
Além de tudo, as empresas nascentes não dispõem de recursos para pagar os rateios de despesas das incubadoras nem os orçamentos das universidades tem fontes de recursos capazes de sustentar os custos de uma boa incubadora.

Da mesma forma, observamos que muitas aceleradoras de empresas estão sendo criadas rapidamente no Brasil: tememos que encontrem dificuldades no seu caminho, tanto na manutenção de sua infraestrutura com alto nível de qualidade, como na obtenção de um quantitativo de empresas nascentes, com alto poder de crescimento que valha a pena manter essas aceleradoras em operação.

Nesse momento em que a ANPROTEC realiza seu Congresso anual, acreditamos que seria o mais adequado para repensar o tema: possivelmente levantar o que foi feito pelas incubadoras nesses vinte anos e o balanço de quanto custou e dos resultados obtidos. Também cabe pensar como deveria ser a evolução desse sistema de criação de empresas e de como seria possível motivar a sua inclusão nos investimentos governamentais brasileiros.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Espaços a preencher entre empreendedorismo e inovação

Estamos vivenciando um momento muito importante do empreendedorismo brasileiro: trata-se da fase de namoro, noivado e talvez casamento do empreendedorismo com a inovação. Até agora, podemos dizer que existem exemplos de inovação junto com o empreendedorismo, mas falta escala.

Os dois se namoram e pretendem noivar, mas não sabem ainda como fazer para isso acontecer. O noivado já viria com uma grande perspectiva de casamento.

Entretanto, é necessário encontrar os caminhos para fazer acontecer este noivado. A partir daí eu pensei nos padrinhos. Imagine que se promova a convivência entre os laboratórios de uma universidade com empresas nascentes que tenham o objetivo de inovar, juntando-os em um só local. O padrinho seria o Centro de Empreendedorismo voltado para a Inovação: sua função seria gerir este espaço e conseguir que os laboratórios contribuam com as empresas nascentes na formulação de produtos inovadores.

Mas, em tudo isso seria necessário ter pa(i)trocinadores que teriam de custear esta infraestrutura: os custos de manutenção do Centro. Onde buscar estes patrocinadores? Entidades que tenham compromisso em gerar inovação seriam os candidatos mais fortes, secundados pelos fundos que tenham interesse em investir em empresas inovadoras e que queiram acompanhar sua trajetória desde o inicio.

Por exemplo, no primeiro grupo - das entidades que tem compromisso com inovação - podemos relacionar a FINEP e as FAP´s de cada Estado, sendo também possível colocar algumas Prefeituras na relação.

Os custos operacionais do Centro de Empreendedorismo podem ser mantidos pelos patrocinadores deste primeiro grupo, já o avanço desses centros, com a oferta de melhores condições de trabalho, poderia ser obtido com os recursos dos fundos que viessem a encontrar e investir em empresas lá nascidas e desenvolvidas. Na medida em que recursos venham a fluir dos fundos de investimento nas empresas, os Centros podem vir a fazer reservas visando sua autossuficiência.

É possível pensar que aceleradoras possam fazer o papel do Centro de Empreendedorismo, mas alerto que o papel que estamos imaginando é maior que o das aceleradoras. É fundamental conseguir desenvolver produtos inovadores e para isso a parceria entre os centros de pesquisa e as empresas é essencial e precisa ser trabalhada com muita competência e habilidade.

Esta ideia precisa ser experimentada e, no inicio, precisa ser bancada por um patrocinador, sob pena de não se conseguir sobreviver. Pode ser que, com o tempo e a experiência conquistada, seja possível dispensar o patrocínio, conquistar a autossuficiência para os Centros.

Esta ideia precisa ser experimentada no Brasil e estou buscando mais interessados em desenvolvê-la e apoiá-la. Procure-me se você quiser tratar desse assunto. Podemos criar um Centro em qualquer lugar do país.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Negociação é o caminho da solução

O mundo atual está passando por um dos estágios que já vi jovens empreendedores passarem e conseguirem vencer. Eles aprendem a buscar soluções que atendam a seus interesses, como uma postura de vida. Nas aulas de empreendedorismo ensinamos mais que isso: defendemos que precisamos negociar para encontrar as soluções que servem a todas as partes.

Evidentemente, as duas posturas são diferentes e a que transmitimos aos jovens empreendedores é mais difícil e complexa: mas, certamente é a busca de algo mais duradouro e consistente.

Ao ouvir o discurso da Presidente Dilma na ONU, foi inevitável a lembrança dos momentos que vivenciamos com os alunos. Nossa presidente falou que o caminho para o mundo encontrar uma saída para crise passa por uma maior participação de cada país e que não adianta tentar soluções que resolvem apenas os problemas de uma das partes.

Quando os jovens empreendedores ainda estão em sua fase inicial de formação, procuramos mostrar que não basta identificar seu interesse e lutar por ele. Defendemos que procurem se colocar no lugar das demais partes intervenientes: seus clientes, fornecedores, colaboradores, parceiros. Enfim, é necessário negociar soluções que sejam capazes de equilibrar melhor esses interesses, muitas vezes conflitantes.

Outro aspecto é a busca de soluções que tenham durabilidade, isto é, que sejam capazes de perdurar e ser aplicadas por um período mais longo. No mundo atual, uma das razões de instabilidade, é que a velocidade das mudanças tem sido muito alta. Os interesses de cada parte são afetados pelo ambiente mutável e também se alteram em prazos muito curtos.

Vejam que podemos fazer um paralelo entre o aparentemente pequeno mundo dos negócios com o da alta politica. No fundo estamos tratando de comportamento, com o mesmo personagem principal: o ser humano.

Tem razão nossa presidente quando diz que as soluções precisam ser negociadas para que possam ter a característica de serem aceitáveis por todos e também está correta em pedir que as nações reconheçam que o equilíbrio do mundo está mudado, com a ascensão dos emergentes e a necessidade do respeito das diferenças entre as partes.

Boa estreia das mulheres na abertura da sessão anual de trabalhos das Nações Unidas. Que este nome seja mais verdadeiro do que tem sido: a união das nações é que pode ultrapassar as fronteiras com o encontro de soluções que atendam às pessoas em maior prioridade, reduzindo a importância dos interesses de grupos que comandavam até então o processo decisório.

Agora vivemos o mundo da diversificação, das soluções múltiplas, do respeito às diferenças, das opções serem escolhidas por cada um. Vivemos no mundo das redes sociais que permitem que pessoas que jamais se encontraram dividirem suas percepções.

Esta é a hora de aprendermos mais, muito mais: cada um vai ouvir e entender as perspectivas de cada parte e a inteligência talvez tenha um denominador. Ser inteligente poderá significar, mais que nunca, ser capaz de negociar soluções aceitáveis por todos, implementáveis e, sempre que possível, duradouras. Certamente, esta durabilidade vai se reduzir num mundo de tantas e tão frequentes mudanças, mas, por isso mesmo, vai ser necessário negociar mais.

Podemos imaginar que o mais forte talvez não seja o que tem mais poder de armas e mais dinheiro, mas o que saiba encontrar o melhor equilíbrio através da negociação. Isso também vale no ambiente dos negócios, para os nossos jovens empreendedores.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Empreendedorismo esportivo dá um chute na crise

Os esportistas ficaram com ciúmes pelo meu blog passado e sugeriram que eu incentivasse o esporte também, afinal de contas estamos com uma copa do mundo e uma olimpíada a vista.

Acho que é importante mostrar que muitas coisas positivas estão acontecendo aqui na terra onde se joga o futebol. A primeira delas é certamente o nosso Brasileirão, maior campeonato de futebol que um país realiza em todo o mundo: perdão senhores, eu quis dizer o melhor! Sim, não existe campeonato nacional que tenha tantos grandes clubes como o nosso, disputando cada rodada e com espetáculos de muita qualidade apresentados em locais muito variados, com âmbito quase continental, e transmitidos pela TV para todo o país.

Claro que temos problemas: estádios ainda necessitando melhorias que pudessem fazê-los adequados para a família ir assistir aos jogos, arbitragens de melhor qualidade com o uso de tecnologia para evitar os erros crassos, preços de ingressos mais palatáveis para o povão ir aplaudir seus ídolos, investimentos dos clubes e de seus patrocinadores com melhor visão de futuro do negócio. Mas, convenhamos que, em todos esses itens, estamos conseguindo melhorar, apesar de ser em velocidade lenta.

Espero que não tenha sido um caso ou uma fase, mas estamos conseguindo reter mais os nossos talentos: eu gosto muito quando o pai do Neymar dá entrevista dizendo que seu filho vai continuar no Santos. Creio até que isso é uma reafirmação do espaço que se criou para bons talentos brasileiros conseguirem fazer uma carreira brilhante sem sair de nosso território. Não tenho nada contra a exportação, mas queremos que, parte dos grandes craques que criamos, fiquem aqui para que muitos turistas coloquem em sua programação uma partida de futebol para ver a arte brasileira nos pés.

Nosso esporte amador está nos dando grandes alegrias: do atletismo ao basquete temos obtido melhores resultados. Afinal, este é o benefício de sediar uma Olimpíada, não esquecendo que há um grande investimento para conseguir este resultado e o retorno não está na grande massa de turistas que atrai para o país durante o evento: isso é passageiro e não há como recuperar os investimentos com estas rendas. O retorno está na melhoria do esporte nacional e no movimento que se cria em favor de seu desenvolvimento, mudando a cultura do país, que poderá ter mais campeões, e sobretudo, terá gente mais saudável porque pratica esporte como hábito.

Mas, e será que o empreendedorismo tem espaço no esporte para conseguir resultados? Minha resposta é que certamente há possibilidades de excelentes negócios ligados diretamente ao esporte, como há negócios importantes que servem à melhoria e viabilização do sucesso no esporte.

Com relação aos negócios diretos fica mais visível: a formação de atletas fora de série, adotados por empresas que administram a sua carreira e que asseguram meios que são investidos para que sua formação seja de alta qualidade, mas mantidos ao lado de sua família, que passa a se beneficiar desde cedo, com os devidos cuidados para que falsos empreendedores, exploradores disfarçados, possam distorcer este tipo de solução para a formação de grandes craques.

Com relação aos negócios indiretos, me parece que funciona o “efeito turbo”, onde os produtos aparentemente periféricos se tornam maiores que o próprio negócio que serviu de base. Explico: aqueles que nascem em torno do esporte podem ficar com um porte maior que o do que o seu gerador!

Um exemplo disso poderiam ser os mecanismos informatizados que auxiliam os esportes como futebol, basquete, vôlei e outros, registrando a atuação de cada atleta e mostrando índices obtidos, sendo a base para planejar os treinamentos e comentários.

Outro exemplo são os programas turísticos, tendo os espetáculos esportivos como base, permitindo aos turistas levar recordações, como DVD´s e fotos, camisetas e bonés, para relembrar e documentar suas viagens.

Alguns negócios colaterais ao esporte podem ser simples e de fácil montagem ou requerer alta tecnologia e excelente marketing para sua viabilidade e sucesso, como é o caso das transmissões dos programas esportivos pelo mundo afora.

Reparem que tratamos de um universo tal que o sucesso de uma parte turbina o de outra. Na medida em que tenhamos êxito com a transmissão pela TV para todo o mundo dos eventos esportivos brasileiros, os esportistas que se apresentam passam a ter um público maior, além de nossas fronteiras, valorizando seu trabalho, sua imagem, possibilidade de venda de publicidade e até seu de trabalho esportivo.

Meus amigos, uma dose de empreendedorismo no esporte nacional pode ser um chute na crise. Muita gente estaria a salvo do desemprego e poderia até ter uma vida acima de suas perspectivas pessoais, se empregássemos mais empreendedorismo nessa área. Aos nossos empreendedores está aberta uma estrada imensa e multivariada de oportunidades. Resta saber transformá-las em sucesso.

As nossas universidades já estão oferecendo aos empreendedores muitas possibilidades de aprendizado das técnicas, métodos e instrumentos que um empreendedor precisa usar para almejar o sucesso.

Também existem empresas prontas para oferecer aos empreendedores o conhecimento que eles precisam para implantar seus empreendimentos. Vamos mencionar, como exemplo, a Luz Consultoria, empresa criada pelos alunos que vivenciaram e foram diretores da Empresa Jr da PUC-Rio (visite o site deles - http://www.lojadeconsultoria.com.br/). Eles estão prontos para apoiar os empreendedores da área do esporte de forma que ganhem mais taças para o nosso país, desta vez pelo seu bom trabalho como empreendedores do esporte.

Para empreender é como coçar, basta começar e não se para mais. Só que os resultados são bastante superiores: podem fazer a diferença que leva ao sucesso e realiza o sonho de uma pessoa.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Empreendedorismo cultural dá um tapa na crise

Muitos de vocês, caros leitores, já ouviram um mantra pessimista dizendo que cultura no Brasil não dá dinheiro. Nós temos feito tudo que podemos para exorcizar esta terrível maldição.

Mas, a resposta convincente está chegando através dos empreendedores culturais brasileiros: vejamos a razão de meu entusiasmo! Na semana passada, muitos assistiram pela TV a um vídeo do show do Roberto Carlos em Jerusalém. Não discuto gosto, eu sou louco pelo rei, mas admito que alguns de vocês possam não ter o mesmo entusiasmo, mas certamente todos irão reconhecer que a ideia de fazer aquele espetáculo, com um grande público e fazer a transmissão para diversos países é no mínimo uma inovação para os padrões do show business e resultou num sucesso que certamente nos fez esquecer a crise por algumas horas.

Quando ligo a TV e vejo o anúncio do RockInRio, já tão próximo e com Roberto Medina expressamente combatendo a maldição ao empreendedorismo cultural, fico feliz por perceber que se trata de um espetáculo criado pela cabeça tupiniquim e aprimorado ao longo dos anos, transformando-se em um evento que vai deixar os amantes de seu tipo de música muito felizes em poder assistir a seus ídolos em grandiosos espetáculos.

Mas, eu não paro por aqui: o congestionamento neste final de semana na região da Barra e Recreio foi causado pela cultura: o sucesso de mais uma Feira do Livro no Rio de Janeiro encheu de alegria a garotada que pode comprar seus livrinhos, ver seus autores e curtir com eles as histórias infantis que tinham para contar.

Querem mais? Estamos com a crise da Orquestra Sinfônica Brasileira superada e com mais uma temporada em andamento, com concertos de sucesso inquestionável, sob a condução de seus novos e antigos, mas brilhantes músicos e maestros.

Aliás, no teatro estilo Broadway, acabamos de mostrar nossa competência: quem viu o “Violinista no telhado” sabe disso e quem não viu ainda não deve perder, saiu do Rio, lotado até a última apresentação, tomara que reapareça. Também temos o musical sobre o nosso Tim Maia que espero fique mais tempo no Rio, pois eu não consegui entrada e estou esperando um grande espetáculo.

Quem disse que empreendedorismo cultural não é bom negócio? Olha que eu nem disse tudo: o cinema brasileiro vem produzindo bons filmes e com sucesso de bilheteria. Está chegando uma safra que até acho que vou escrever um blog específico sobre o nosso cinema.

Muitos dirão que temos de descontar os incentivos culturais que alguns desses espetáculos recebem: eu pergunto se o Estado brasileiro não deveria incentivar nossos empreendedores culturais para que possam derramar seus empreendimentos de sucesso? Será que esses incentivos não acabarão voltando através de mais empregos, um povo capaz de acariciar seus valores culturais e até mesmo através de impostos sobre o consumo gerado? Ouço as vozes de nossos ícones concordando comigo: que saudades de Vinicius, de Tom, de Boal, de Eleazar de Carvalho, de Cacilda Becker. Certamente eles estão abençoando nossos empreendedores culturais e dizendo que lhes cabe uma enorme responsabilidade em usar bem os incentivos recebidos, em nome da arte!

Parabéns aos empreendedores culturais brasileiros que estão dando um tapa na crise! Cultura é um grande negócio no Brasil! Podemos fornecer para o mercado interno que é bem grande e também oferecer ao mercado externo, exportar a nossa arte e nosso jeito de fazer as pessoas terem prazer e alegria.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Pesquisa empreendedora ajuda o Brasil a se conhecer

A manchete que chamou a atenção foi: “Brasil ganha duas posições e sobe para 38º em ranking mundial de competitividade”. Mas, para chegar a esta conclusão é necessário que sejam levantados dados que permitam dar base a esta conclusão.

O IMD - International Institute for Management Development, importante escola de formação de executivos da Suíça, prestigiadíssima pelo seu ensino baseado estudos de casos e pelas suas pesquisas, em parceria com a FDC - Fundação Dom Cabral, possivelmente a escola de formação de executivos brasileira mais conceituada em padrões internacionais, desenvolveram pesquisas que permitiram mostrar como as empresas brasileiras estão, nesse momento, em indicadores que permitem compreender seus pontos fortes fracos e fortes, os aspectos que tem melhorado e aqueles que necessitam receber um tratamento de correção.

Essa pesquisa analisou 58 países do mundo: no aspecto “Eficiência dos Negócios”, o Brasil melhorou três posições em relação aos demais países pesquisados e passou a ocupar o 24º lugar. O PIB Brasileiro, ao redor de 1,6 trilhões de dólares, foi o 8º dentre os analisados.

Além dos números, sob o ponto de vista qualitativo, foi possível observar maior produtividade empresarial e capacidade de geração de empregos. Talvez seja o aspecto mais importante a comemorar. A classificação em si, atribuindo ao nosso país a 38ª colocação não é tão importante, estamos em tempos de muita mudança no mundo e este dado pode ser efêmero, pois se trata de uma comparação com situações momentâneas de 57 outras economias. Mas, o fato de melhorarmos em relação a nosso próprio desempenho tem um significado positivo indubitável.

O que podemos mais analisar é que continuamos a perder terreno pela nossa inércia em corrigir nossas tradicionais deficiências: por exemplo, em infraestrutura, perdemos 3 posições e estamos no 49º lugar; na saúde, também perdemos 3 posições e ocupamos a 53ª. Continuamos a investir pouco em educação básica, cerca de mil dólares ano por aluno, o que é metade do que nossos vizinhos (Argentina, Chile e México) disponibilizam por aluno a cada ano. Nem pensar em comparar com a Comunidade Européia, onde se investe seis vezes mais que no Brasil.

Agora, graças a pesquisas empreendedoras, temos os dados em nossa mão e só nos restar olhar para o que devemos fazer para reverter os números pouco promissores. Novamente, devemos usar os métodos que aprendemos no empreendedorismo: planejar, conseguir recursos para executar o plano e colocar em marcha, com persistência e continuidade, as ações para reverter esta situação crônica em que vivemos, sempre esperando que um milagre aconteça e que nossa infraestrutura deixe de ser nosso calcanhar de Aquiles.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O Programa Crescer

A presidente Dilma Rousseff lançou em 24 de agosto o Programa de Microcrédito Orientado, que recebeu o nome de Programa Crescer. Seu objetivo é oferecer crédito a juros mais baixos para microempreendedores individuais e microempresas. Os juros serão de 8% ao ano, bem abaixo do que é praticado no mercado.

Nos próximos três anos, a expectativa do governo é atender 3,4 milhões de clientes, o que quadruplicaria o número de beneficiados por esse tipo de crédito, direcionados aos que tem pequenos negócios.

Sempre sou favorável a medidas que favoreçam aos empreendedores, mas também creio que é necessário compreendermos não só o alcance, mas também que parcela de empreendedores é atendida pela medida. O Ministro Guido Mantega afirmou: "O objetivo desse programa é estimular a população mais pobre (a criar microempresas) e gerar emprego nessa faixa de renda".

Uma boa parte de microempresas criadas no país é resultante do empreendedorismo por necessidade e seus criadores muitas vezes não formalizam tais empreendimentos e nem tem condições de abrir uma conta bancária. Esses empreendimentos possivelmente não poderiam usufruir dos benefícios dessa medida sem que antes satisfizessem estes requisitos.

O que leva o empreendedor por necessidade a abrir uma empresa, ainda que sem formalização, é a sua própria impossibilidade de se enquadrar nos requisitos do mercado de trabalho para conseguir um emprego, ainda que de modo informal. Muitas vezes falta-lhes a escolaridade mínima exigida para alcançar uma vaga de trabalho nesse mercado.

Certamente, uma parte das microempresas é criada para atender a mercados locais, sobretudo comercializando produtos fabricados ou produzidos por terceiros. Muitos desses empreendimentos constituem o pequeno comércio de muitas cidades. Para esses, o crédito deste programa pode ser útil e até mesmo induzir o empreendedor a formalizar seu empreendimento, abrir contas bancárias e operar de modo mais transparente.
Para que isso ocorra verdadeiramente e em escala, vai haver necessidade de um grande trabalho de apoio a esses empreendedores que necessitam se preparar para planejar e para fazer a gestão de seu micro empreendimento.

Caso este apoio não seja prestado na medida correta, o risco de não pagamento desses empréstimos poderá ser grande e esse fato será um desestímulo a abertura de novos empreendimentos.

Quanto à criação de postos de trabalho através de micro empreendimentos é algo que pode ser questionado: talvez seja mais provável que empreendimentos inovadores venham a ser uma fonte de geração de empregos mais eficaz. Governos, em geral, fomentam a criação de empreendimentos inovadores e baseados em tecnologia porque são capazes de criar mais empregos e de melhor remuneração. O objetivo é aumentar a renda média das pessoas e estimular pessoal melhor nível.

O que estamos ponderando, tem por objetivo minimizar o valor da medida governamental, ela tem seu espaço e vale a pena ser feita. Mas queremos reforçar a necessidade de se investir em empresas de base tecnológica ou inovadoras. Isso poderia ser feito com a mobilização da FINEP para dar continuidade ao Programa Prime, congelado desde 2010 e que certamente poderia ser uma fonte estimuladora da criação de novas empresas e da geração de muitos empregos qualificados.

Preocupa-me que se possa pensar que a medida de sucesso nas ações governamentais fique fixada na quantidade de empreendedores atendidos, o que seria uma compreensão errada, pois existe a necessidade de atender a muitos outros requisitos do empreendedorismo no país, com um elenco de medidas dirigidas a resolver uma diversidade de alternativas empreendedoras.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O PAC da Felicidade

Um aluno me perguntou o que eu acho da proposta do Senador Cristóvão Buarque de criar um PAC da Felicidade. Para ser sincero, não conheço o referido projeto e acho até que não consigo imaginá-lo. Mas, este ponto levantado pelo aluno me inspirou a fazer algumas reflexões que agora publico neste blog.

O ser humano, em cada momento de sua vida, pode imaginar qual é o seu PAC da Felicidade. Este Plano ou Programa deveria incluir os seus sonhos, as suas necessidades materiais e de realização e até mesmo os desejos de obter um determinado padrão de vida.

Entretanto, desenhar seu PAC da Felicidade é apenas um primeiro passo: ele não passa de um rol de desejos e isso não basta para chegarmos onde queremos. É necessário estabelecer um plano para atingir o que queremos, a partir daquela lista. Antes mesmo de criar o plano de realização, devemos avaliar se o que queremos é viável de ser alcançado num prazo razoável e se dispomos dos meios para tal. Assim, vamos necessitar priorizar os elementos do PAC da Felicidade e definir o seu conteúdo num intervalo de tempo.

Depois disso é que vamos cuidar do planejamento de como conseguir realizar os itens eleitos como prioridades do período.

Mas, não vai bastar planejar: é necessário esforço e persistência para implantar o planejado, viabilizar os recursos para isso e adquirir competência suficiente para gerenciar o projeto de implantação, que consiste em um conjunto de tarefas ordenadas a serem feitas numa ordem estabelecida pelo plano.

Mas, é exatamente isso que o empreendedor faz quando resolve criar um novo empreendimento. Nesse ponto, temos um ponto em comum entre o empreendedor e uma pessoa qualquer que queira tornar realidade seu PAC da Felicidade.

Entretanto, precisamos refletir que, mesmo que seja seguido este caminho com acerto total, a felicidade é algo que muda com o passar do tempo. Ao realizar a implantação de seu PAC da Felicidade, cada um de nós vai ter novos desejos e necessidades e sonhará novos sonhos, havendo a necessidade de preparar um novo PAC. Aliás, é isso que também ocorre com o empreendedor: quando seu empreendimento consegue realizar um plano de negócios, ele necessita preparar um novo em que contemplará as necessidades e desafios que a empresa vai enfrentar em seu caminho de desenvolvimento.

Um ser humano, empreendedor ou não, tem características comuns que não diferem muito. O PAC do Empreendedor é o seu empreendimento e talvez ele seja também seu PAC da Felicidade.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Como motivar empreendedores

Meus amigos, vocês talvez estejam pensando que me enganei no título do blog. Vivemos sempre louvando a capacidade dos empreendedores de motivar colaboradores, sócios, empregados, investidores, clientes para seu sonho ou sua ideia de negócio. Mas, estou me referindo ao momento atual em que o mundo está vivendo, com crise em quase toda parte e nos lugares que parecem menos ameaçados como o nosso Brasil, ainda assim há perspectivas de perdas e de problemas de desaceleração do desenvolvimento, com riscos de problemas gerados pela situação do mundo globalizado, onde se tem o fenômeno de irradiação de crises e de desaceleração da economia.

Vou buscar minha inspiração para aconselhar aos empreendedores e tentar lhes recuperar o ânimo no nosso físico maior: Albert Einstein. Dizia Einstein aos jovens: "É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la".

Frases de efeito podem muitas vezes nos levar a crer que são apenas palavras para gerar um ambiente mais para cima. Mas, essa reflete de modo mais profundo a realidade. O ser humano parece que tem uma bateria carregada com energia extra que é para ser usada somente em momentos difíceis. É quando dizemos que o ser humano se supera e faz o que normalmente ele não costuma conseguir: isso é muito comum em atletas que rendem em competições muito mais que em todos os seus treinamentos.

Mas, no caso do empreendedor ele tem uma razão a mais para se superar: o empreendedor conhece a inovação e sabe que este é o caminho onde encontramos o diferencial que irá separar do Oceano Vermelho e conduzir nossa empresa pelo Oceano Azul.

Vejam os exemplos que estão aí para confirmar essa afirmação: enquanto tantas empresas sofrem com a redução dos seus mercados, a Apple amplia suas vendas com o iPad e o iPod. O Google é outro exemplo: chegou depois na luta pelos “tablets” e poderia por isso ter que ficar no Oceano Vermelho, mas soube fazer seu caminho para o Oceano Azul através da inovação tecnológica, com o seu software Android, que em pouco tempo ultrapassou a liderança da Apple nas vendas. Com a aquisição da divisão Mobility da Motorola, responsável pela fabricação de celulares e “tablets”, por US$ 12,5 bilhões, a inovação tecnológica foi também complementada pela do modelo de negócios: a tecnologia foi colocada no mercado como software aberto e conquistou parceiros cujo objetivo é ganhar na fabricação do hardware, onde o Android estará instalado.

Talvez alguns de meus amigos empreendedores possam estar pensando que essas ideias se aplicam exclusivamente a engenhos tecnológicos e que nos empreendimentos menos sofisticados não há saída por esse caminho. Eu até concordo que essa possa ser uma afirmação parcialmente correta. Mas, em negócios chamados simples também há espaço para inovar: estava vendo TV num momento de lazer e um programa mostrava uma empresa que conseguira fazer uma economia de 10% no custo pela inovação na embalagem de um produto alimentício, desses vendidos em todos os supermercados e que tem dezenas de concorrentes. Com isso, o consumidor poderá comprar o produto em uma embalagem que parece ser superior que a anterior, custando mais barato e, portanto, poderá competir em melhores condições.

É muito importante observarmos o momento, entendermos seus efeitos e riscos, e, depois, colocarmos a crise de lado e usarmos nossa energia para encontrar saídas para direcionar nosso empreendimento no caminho do sucesso, apesar do ambiente aparentemente adverso.

sábado, 13 de agosto de 2011

Onde estamos em Educação à Distância

Meus amigos, quem for distraído pode não se dar conta da evolução do ensino à distância. Hoje em dia há inúmeros cursos de graduação que são total ou parcialmente nessa modalidade.

Em algumas Universidades que tem se dedicado a desenvolver esta área, a quantidade de alunos matriculados em cursos à distância cresce mais a cada ano do que em cursos presenciais.

Dentro de pouco tempo teremos algumas Universidade brasileiras com mais matriculas em cursos à distância do que nos presenciais.

Muitas reflexões são cabíveis: talvez a primeira seja sobre a qualidade. O material didático que tenho visto em ensino a distancia é em geral melhor do que o apresentado pelos professores no presencial. Estou me referindo ao usado na aula e naquele distribuído aos alunos.

Posso me enganar, mas pelo que vi os alunos matriculados em cursos à distância costumam ser mais estimulados a ler do que os nos presenciais. A leitura de livros, elemento indispensável para a aprendizagem, está mais bem contemplada nos cursos a distância do que nos presenciais: os “tablets” podem até ajudar na sua ampliação.

Outro aspecto que pode ser levantado no quesito qualidade, diz respeito ao atendimento ao aluno: eu tenho experimentado exercer a função denominada “professor online” e tenho percebido que os alunos mais interessados chegam a se comunicar comigo mais de três vezes por semana, com suas perguntas, textos postados em fóruns e questionamentos durante o estudo do material didático. Não os percebo distantes e acho que eles não me percebem ausente.

Muitos trazem questionamentos que mostram seu pouco preparo para enfrentar a disciplina e outros fazem perguntas de um nível bastante alto. Numa sala de aula, um ou outro acabaria por se intimidar em fazer suas perguntas.

Não me parece incomum que um aluno que começa o curso com menos base do que a média consiga, pelo seu esforço, se recuperar e ultrapassar as barreiras e se posicionar entre os melhores da turma. Será que nos cursos presenciais isso é comum? Creio que não: o mais provável é aquele que está mais atrás desistir.

Vocês devem estar pensando que sou um entusiasta do ensino pela Internet e que por isso só vejo os lados positivos desta modalidade. Francamente, isso é parcialmente a verdade: acredito nesta forma de aprendizagem e creio que o progresso do ensino a distância até hoje já o fez ficar em pé de igualdade com o presencial, em termos de qualidade.

A questão é que, graças ao progresso tecnológico, o ensino a distância ainda vai evoluir muito, enquanto que o presencial cada vez mais encontra barreiras, até mesmo fora de seu escopo: por exemplo, a dificuldade de locomoção nas cidades, praticamente gera uma equação em que se gasta mais tempo no trânsito do que em sala de aula!

Enquanto isso, o ensino a distância já está se preparando para colocar os alunos e professores se comunicando ao vivo, a um custo baixo e com uma qualidade elevada. A experiência de bons profissionais pode ganhar uma roupagem didática por especialistas em educação, produzindo programas adequados a essa modalidade de transmissão e acesso ao conhecimento.

Não entendo que o ensino presencial vá acabar ou que os alunos não mais irão à escola ou à universidade. A solução do ensino tende a compatibilizar as duas modalidades, reservando à parte presencial o que realmente ela possa trazer de melhor. Talvez se torne comum, nesse ambiente hibrido para o qual imagino estarmos caminhando, que os alunos compareçam a escola para se reunir com o professor e debater soluções com os colegas para um estudo de caso ou para fazer trabalhos práticos que requerem o diálogo.

Os empreendedores que cuidam da educação e do planejamento de escolas e universidades devem aprofundar sua maneira de ver a forma como serão usados os recursos para o processo de aprendizagem dos seus alunos. Este pode ser o diferencial que está faltando.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Crise, Descontinuidade e Inovação

Sem dúvida estamos em uma crise que não é somente devida a um fator. Trata-se de um contexto em que as pessoas esperam que se chegue a um novo equilíbrio mundial, com lideranças que representem melhor as aspirações relativas à vida das pessoas e ao meio ambiente, contemplando consequências nos hábitos de consumo em todos os níveis, mas, ao mesmo tempo, trazendo à luz uma partilha mais democrática do trabalho, dos bens e dos benefícios que a tecnologia pode proporcionar. Vejam que este ambiente inclui fatores como maior longevidade das pessoas, requerendo revisão dos critérios de aposentadorias.

Enfim, uma grande mudança, em muitas dimensões de difícil compatibilização, isto é, abrangendo variados aspectos ou ângulos, cada um deles com seus conceitos, regras e níveis de aceitação em cada país, compondo um quadro complexo e que necessita formar um todo viável para que possa funcionar.

Este é o ambiente mais rico para empreender. Ao mesmo tempo, ele prenuncia que estamos diante de uma descontinuidade no conjunto de valores e regras da sociedade, abrindo uma nova visão de soluções onde existem muitas possibilidades. Praticamente, poderíamos pensar em uma espécie de revolução social, na qual os ferimentos talvez não venham a ser produzidos por armas, mas pelas dificuldades das pessoas e das instituições de se adaptarem a um novo referencial para suas vidas. Perdas e ganhos vão coexistir nessa nova sociedade em formação.

O centro do poder vai estar na capacidade de inovar e encontrar as soluções viáveis e implantáveis na vida das pessoas. Por exemplo, um novo referencial vai ser necessário para o atendimento de saúde: deverá levar em conta as opções oferecidas pelo progresso da ciência e da tecnologia, com as limitações de custo que deverão ser compatibilizados. Por outro lado, deverá levar em conta valores éticos e religiosos que poderão se confrontar com a evolução cientifica; do mesmo modo, a indústria farmacêutica terá que se remodelar para este novo cenário, em que a exploração de uma solução medicamentosa não poderá ser mantida por tempo muito longo.

No campo da alimentação humana já se percebe uma movimentação intensa nos Estados Unidos pela modificação da dieta das pessoas, com vistas a evitar os temíveis males da obesidade e das doenças resultantes do excesso de gordura, sal e açúcar.

Em educação, a escola terá de renovar com a perspectiva de uso das novas tecnologias de aprendizagem e dos recursos que a mídia pode aportar. Nas comunicações não podemos deixar de perceber que a informação chega a cada momento, por diversas vias: o jornal diário é apenas mais uma fonte, mas ainda pode ser um espaço para reflexões e para discussão dos temas de interesse das comunidades.

Não há mais o ambiente que vínhamos vivendo até agora. Precisamos reinventar um novo mundo. A crise é essa e não apenas da limitação da dívida de uma nação rica ou da solução da inadimplência de um país de bloco que une economias desiguais, nem mesmo de um continente que sofre com a falta de recursos mínimos para a vida de sua população. É uma crise maior, talvez até superior àquela que tivemos na passagem do mundo da idade média para a época moderna.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O que devemos fazer para avançar no empreendedorismo brasileiro

Estamos vivendo um momento importante para o empreendedorismo no Brasil: a conscientização sobre o tema ampliou-se bastante e a própria discussão do tema EDUCAÇÃO ajuda a reflexão sobre o empreendedorismo, do mesmo modo como a preocupação com a INOVAÇÃO.

Podemos dizer que o empreendedorismo é irmão gêmeo da EDUCAÇÃO e da INOVAÇÃO.

Temos mostrado em nossas aulas que o empreendedor não é uma pessoa que recebeu uma unção divina e nasceu empreendedor: como um pianista, um pintor ou um engenheiro o empreendedor é construído. Trata-se de um processo de aquisição de conhecimentos e de experimentação, onde se estudam conceitos e métodos e se aprende pela repetição e a vivencia.

Isso mostra que o empreendedor só pode crescer em seu “métier” na medida em que estuda e testa sua aprendizagem fazendo mais empreendimentos: este é o papel da EDUCAÇÃO.

Já vimos que a INOVAÇÃO é o fator critico de sucesso para um país: podemos ganhar muito dinheiro vendendo “commodities”, mas estaremos sempre sujeitos à concorrência em Oceano Vermelho. Só a INOVAÇÃO é capaz de nos tirar do mar ensanguentado e nos colocar no Oceano Azul, podendo até ganhar pela acumulação da habilidade de inovar.

Inovar é uma maneira de buscar o que as pessoas não esperam, mas se encantam quando compreendem seu alcance. É o que mais atemoriza os concorrentes: a capacidade de inovar que seus adversários de mercado são capazes de apresentar.

Bem, dito isso, vocês agora podem imaginar porque decidi tratar deste tema neste blog: é que no Brasil estamos bastante longe de trabalhar bem com EDUCAÇÃO e com INOVAÇÃO: há necessidade de um esforço muito grande nessas áreas.

Já evoluímos muito em EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA, mas é necessário dar novos passos: por um lado, a massificação de uma educação empreendedora seria muito benvinda no país e nesse ponto temos um longo caminho a percorrer.

Outro aspecto importante é a verticalização do ensino de empreendedorismo: é necessário levar adiante os planos de Fernando Dolabela e colocar esse ensino desde a primeira escola.

Um terceiro ponto na questão educacional é a desmistificação: ensinar o empreendedorismo com a incorporação intensiva do fazer junto e de experimentar para testar a aprendizagem é fundamental nesse momento.

A criação de mecanismos de ensino bastante simplificados que permitam ao empreendedor estudar exatamente o ponto que ele necessita e aplicar em seguida. Se este modo de fazer as coisas obtiver o sucesso que espero, certamente o empreendedor vai voltar para beber na fonte do ensino antes de se lançar a resolver seu próximo desafio.

Quanto à INOVAÇÃO devemos introduzir em nossos cursos de planejamento de negócios a atividade de aproximar o empreendedor de seu mercado para que ouça, ele próprio, a impressão que os seus possíveis clientes terão dos produtos e serviços que pretende oferecer. Deste modo, espero que ele venha a perceber o quanto é importante sair do Oceano Vermelho e alcançar através da INOVAÇÃO o tranquilo Oceano Azul.

A resposta inovadora passa bem perto da tecnologia, embora hoje saibamos que os métodos de comercialização e os serviços que uma empresa pode prestar a seus clientes são também passiveis de serem inovadores. Mas não podemos nos contentar em dispensar a tecnologia de nosso processo de INOVAÇÃO.

Sugiro aos empreendedores e, sobretudo, aos professores de empreendedorismo que reflitam bastante sobre estes pontos e que na volta das férias ponham mãos a obra para evoluir nesses aspectos vitais para o sucesso do empreendedorismo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Porque resistimos tanto à tecnologia?

Nós, brasileiros, temos uma resistência excepcional à tecnologia. Será que tenho razão? Em cada casa, quando compramos algum aparelho que tenha embutida uma boa dose de tecnologia, são poucas as pessoas que procuram aprender como funciona e como operar aquele objeto. Mesmo quando se trata de algum objeto do desejo da família.

Aparecem logo as desculpas: já estou velho demais para aprender como estas coisas complexas funcionam. Frases lapidares como esta escondem o medo de aprender como as engenhocas tecnológicas funcionam.

Até mesmo já ouvi uma assim: eu sempre fui ruim em matemática e agora o resultado é que tenho horror a aprender estas coisas difíceis e complicadas.

Meus amigos mais jovens, por favor, me ajudem: vocês já compreenderam que sem a tecnologia ainda estaríamos na idade da pedra e que ela é a maior aliada que temos para vencer o nosso atraso, para resgatar nossa imensa dívida com o mundo moderno e seus confortos e vantagens.

Não pensem que eu queira minimizar as dificuldades existentes para que as pessoas que não vivem em torno da tecnologia possam compreendê-la. Não se trata de algo fácil, mas certamente é necessário e não se pode deixar a inércia vencer esta batalha.

Meus amigos que não gostam de matemática e até mesmo nunca gostaram: eu posso lhes firmar que vocês não tiveram um bom ensino de matemática. Ou o método de ensinar era ruim, ou o professor não sabia conduzir o processo de aprendizagem.

Por exemplo, varias gerações, e esse mal até hoje está entre nós, estudaram física decorando formulas e as aplicando para descobrir o fator que desconhecíamos. Nada de conversar sobre o fenômeno físico e sua manifestação na natureza. O mesmo vale para a química.

Assim sendo, não é de estranhar a rejeição da tecnologia, por mais que ela seja bem vinda, afastamento e pensar nos benefícios que a tecnologia nos entrega. Mas, isso é urgente! O empreendedorismo identifica a realidade e observa seus diferentes matizes: mas, em seguida, sai em busca das oportunidades que dela podem ser exploradas.

Em ensino, a quantidade de oportunidades é extraordinária e é por seu intermédio que vamos formar novas gerações menos avessas à tecnologia e vamos passar a considerá-la uma parceira em todos os nossos empreendimentos.

Empreendedorismo é mudar o mundo também em seus valores e esta é uma barreira que temos de enfrentar para viabilizar nosso progresso. Não podemos imaginar que iremos vencer apesar de nosso distanciamento da tecnologia ou apesar de mantermos métodos de ensino do tempo das carruagens.

O lado material que a tecnologia possa ter não a torna menos vital para nossos objetivos. É necessário sabermos realizar nossos objetivos de braços dados com ela.

Felizmente, em relação ao ensino já conseguimos compreender que é necessário reinventá-lo no Brasil. Para começar é preciso instigar nos nossos alunos a vontade de ir buscar soluções em vez de assistir passivamente as aulas e pensar que elas vão inserir em nossas cabeças as soluções dos problemas que iremos enfrentar. Ensinar é desafiar e é motivar para a busca dos caminhos que vamos seguir adiante.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Só deu conta da tempestade depois do ronco do trovão

Falamos muito em planejamento no empreendedorismo: por quê? A razão é que queremos reduzir os riscos. Quem planeja pensa antes no que vai fazer e tem a oportunidade de se precaver contra os riscos que conseguir identificar.

Nosso título é um ditado sertanejo antigo e que mostra o que acontece com quem não planeja e não está atento ao que se passa no mundo a sua volta.

A observação da realidade ou do mundo que nos rodeia é uma atitude básica para os empreendedores: muitas vezes não deve se contentar com suas próprias percepções do ambiente que o cerca. Deve fazer levantamentos para saber como as outras pessoas estão vendo o que está se passando.

Com a compreensão clara da realidade, o empreendedor pode planejar e buscar sua realização, mas com a identificação dos riscos de cada etapa da vida de seu empreendimento ele pode criar o seu plano usando caminhos que sejam mais seguros ou dividir riscos em duas etapas diferentes para minimizar sua consequência.

Se o nosso empreendimento é o desenvolvimento do Brasil, podemos relacionar claramente os riscos que ameaçam nosso futuro: os problemas de educação e formação de nossa mão-de-obra; os elevados impostos que resultam em que 30% de nosso trabalho seja para pagá-los; os juros estratosféricos que adicionamos aos empréstimos que tomamos ou mesmo para rolar a dívida interna que temos; os custos da máquina estatal e sua má qualidade na prestação dos serviços ao cidadão; a reduzida infraestrutura que limita nossa eficiência e ainda acaba por nos baixar o padrão de qualidade de vida.

Esses problemas que listei estão aí faz muitos anos e hoje em dia podemos dizer que a maioria do povo brasileiro sabe de sua existência. Porque temos uma atitude passiva em relação a eles? Porque mesmo se os conhecemos, compreendemos os riscos que trazem para nosso futuro e os prejuízos para o presente, não temos uma atitude empreendedora de lutar para que sejam resolvidos?

Devemos meramente esperar que os governos se ocupem deles? Não caberia uma parcela de nossa participação para levar a esta ação?

Entidades da sociedade civil já estão se movimentando para buscar soluções e influenciar governos a adotá-las: é o caso da FIESP e do movimento Brasil Eficiente. O que você acha que nós empreendedores podemos fazer para participar dessa solução?

Não espere que o trovão ronque para se preparar para a tempestade: quem sabe esta tempestade até pode ser evitada. Sua participação é essencial.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

As dificuldades da negociação dos fundos investidores com os empreendedores

Estamos assistindo a uma situação “sui generis”: existe capital abundante para ser investido nas empresas nascentes, mas esses recursos não estão conseguindo ser aplicados. Dizem os gestores dos fundos que é pela falta de bons projetos, isto é, são poucas as empresas cujos planos de negócios e seus empreendedores passam pelo crivo do fundo e podem ser escolhidos para serem investidos.

Não podemos negar que isso é uma verdade: existem muitas empresas que foram criadas com planos de negócios mal testados e que ao chegar na sua implantação constatam falhas de difícil correção ou verificam que os resultados previstos no plano são muito difíceis de serem concretizados. Aliás, este foi o tema de nosso último post.

Mas, é necessário ver o que pensa o outro lado, isto é, o que os empreendedores estão percebendo nas suas negociações com esses mesmos fundos.

Um empreendedor reclamou que a visão desses gerentes de fundos de investimento era meramente financeira, se preocupando apenas com o resultado que a empresa se comprometeria a gerar.

Outro empreendedor criticava que as pessoas desses fundos jamais foram empreendedores e por isso mesmo não entendiam a maneira como funcionavam as empresas nascentes, as dificuldades que tinham e como poderiam ser resolvidas.

Ainda, um empreendedor disse que teria mais interesse em receber o investimento de quem pudesse colaborar para o desenvolvimento e a solução dos desafios que sua empresa enfrentava, ainda que o valor fosse menor do que o de um fundo típico de mercado, que poderia agregar mais dinheiro, mas pouco ajudava na vida da empresa.

Esta critica se estende também a busca de oportunidades no mercado.
Claro que os três exemplos que estou dando não se aplicam a todos os fundos, mas também não são casos isolados, representam a opinião de muitos empreendedores e deve ser avaliada pelos gestores de fundos de investimento em empresas nascentes.

O fator mentoria é essencial para os empreendedores iniciais e isso não se consegue meramente pela cobrança de resultados e de indicadores: é um trabalho que envolve pessoas com conhecimentos e experiência, capazes de entender as dificuldades das empresas nascentes e de se colocar na posição do empreendedor.

O fator dinheiro é importante se vier acompanhado de soluções a serem implantadas e que fariam bom uso deste recurso.

Chegou a hora de buscarmos o entendimento entre os fundos de investimento e os empreendedores das empresas nascentes para sermos capazes de aproveitar o bom momento do empreendedorismo no Brasil.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"Lean Incubator"

O termo em inglês Lean quer dizer em português algo que seja enxuto, que seja organizado com a preocupação de eliminar desperdícios. Existe uma cultura Lean, na qual tudo que não agrega valor é uma perda e, portanto precisa ser eliminado.
Isso vale em toda a gestão de empresas: se nos processos de uma empresa há tempos de espera, em que uma mercadoria está parada, esperando o inicio de uma próxima ação, isso significa desperdício e precisa ser mudado.

Para implantar a cultura “Lean” numa empresa temos que promover uma mudança importante que é aquela produzida na cabeça das pessoas. Elas necessitam passar a pensar em suprimir perdas.

A consequência disso é que as pessoas precisam passar a experimentar a experiência de percorrer os processos da empresa, identificando os pontos em que se podem reduzir perdas. Não basta analisar os processos no papel, mas é preciso experimentar usá-los e imaginar como seria possível simplifica-los.

A “lean incubator” é uma incubadora que incentiva e orienta suas empresas incubadas a adquirirem a cultura “lean”, analisando seus processos para que sejam simplificados e promovam a redução do desperdício.

Na prática, isso começa com a discussão da missão da empresa: o que objetivamente ela faz, que produtos e serviços são realizados. Quais os produtos e serviços que não são feitos pela empresa, ainda que seja possível que alguns clientes solicitem e que ela tenha de dizer não vai atender. Tal atitude trabalha na direção de manter o foco da empresa, evitando se perder ao fazer trabalhos que estejam fora da expertise da empresa.
A avaliação prévia da reação do mercado aos seus produtos e serviços pode orientar de modo simples e prático sobre a especificação dos produtos e serviços. Isso vai evitar o desperdício de gerar características que não são valorizadas pelos clientes.

O modelo de negócios também precisa ser testado e verificado se a empresa está num Oceano Azul ou Vermelho, podendo ainda mudá-lo e evitar as perdas de trabalhar a clientela em cima de uma perspectiva que não vai chegar ao resultado pretendido e que pode ser alterado antes de iniciar as vendas.

Para cada trimestre da vida da empresa nascente na incubadora devem ser estabelecidas metas, em número reduzido, isto é, somente aquelas essenciais para cumprir o plano de negócios da empresa e estas é que serão cobradas.

Todos os esforços da empresa que não estejam direcionados para cumprir seus objetivos no trimestre devem ser evitados, pois se constituirão em desperdícios.

Esta postura “lean” facilita e organiza a empresa para que aja objetivamente e que utilize seus recursos naquilo que seja efetivamente necessário. Certamente esta postura irá reduzir os custos e prazos para que uma empresa nascente chegue até sua graduação na incubadora.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Empreendimentos sociais devem buscar autossustentabilidade

Estamos vivenciando um mundo em transição, em que os direitos sociais que as pessoas adquiriam em anos de trabalho estão sendo postos em questão, não pela sua justiça, mas pela impossibilidade de tais benefícios serem pagos pela sociedade.

Em complemento a isso, os governos em face da necessidade de reduzirem seus custos e de muitas vezes a opção de gastar bem o dinheiro que arrecadam ser de difícil execução, pelas restrições impostas pelas leis aos administradores públicos, acabam por preferir cortar programas sociais de muita importância para as camadas mais pobres da população.

No plano privado, observa-se que as pessoas continuam a ter o desejo de ajudar seus irmãos menos favorecidos, mas a pressão sobre seus ganhos e as incertezas trazidas pelas instabilidades econômicas faz com que reduzam suas doações e verifiquem se o seu efeito efetivamente atingiu melhorias significativas para as comunidades onde são aplicadas.

Este quadro direciona os empreendimentos com finalidade social para a busca da autossustentabilidade, isto é, conseguir com o tempo que as instituições com objetivos sociais consigam arrecadar recursos provenientes do trabalho que fazem de maneira a mantê-la em operação, com a gradativa redução da necessidade de doações para que isso aconteça.

Seria isso possível em organizações sociais sem fins lucrativos? Certamente em vários casos é possível criar uma forma de obter um empreendimento social autossustentável. Vamos exemplificar: a Realice é uma entidade de finalidade social que atende a uma comunidade muito pobre e em condições tais que se torna difícil que os componentes dessa comunidade venham a competir por um emprego no mercado formal. A comunidade é composta de mulheres que tem vários filhos, mas cujos pais não estão mais ao lado de suas mulheres e filhos. Resta às mulheres dar casa, alimentação e tudo mais que seus filhos necessitam.

A solução foi recolher lixo e reciclá-lo de modo a obter matéria prima necessária para que as mulheres desta comunidade façam objetos que possam ser vendidos, como bolsas, velas, enfeites, etc.

Ainda, a partir dos produzidos pela comunidade, criou-se uma rede de pessoas que vendem os produtos e que pertencem a uma classe economicamente mais favorecida que as que compõem a comunidade.

O que se recolhe de dinheiro com a venda dos produtos criados pela comunidade paga o esforço de venda e resta um valor capaz de sustentar a entidade de finalidade social e também as pessoas componentes da comunidade.

Nos anos iniciais de vida da instituição social ela teve de receber ajuda de pessoas que fizeram doações para viabilizar a construção da situação final que apresentamos, em que a instituição ganha o suficiente para se manter e aos seus beneficiários.

Claro que o sucesso de uma instituição social com a que exemplificamos estimula que outras a sigam, mas também provoca o surgimento de mais pessoas necessitadas buscando sua proteção. Nesse ponto temos necessidade de mais doações para ampliar a instituição e certamente será mais fácil obter doadores, pela credibilidade que será apresentada pelo empreendimento social.

Em conclusão, os modernos empreendimentos que buscam melhorar as condições de vida de comunidades, em aspectos em que se faz necessário um apoio externo à comunidade para que sejam vencidas as dificuldades, devem criar modelos de funcionamento que visem atingir a autossustentabilidade.

sábado, 18 de junho de 2011

Nascidas para serem globais

Duas conversas me detiveram a pensar nas empresas conhecidas como “BORN TO BE GLOBAL”, isto é, aquelas que já foram definidas a priori, desde sua concepção, para terem escala mundial.

Foram duas conversas diferentes e complementares: a primeira foi com o Daniel Pereira, o empreendedor da Luz Consultoria, que tem ajudado muitas empresas nascentes a evitarem erros graves e a trilharem pelo caminho do sucesso. Nela focamos a importância para uma empresa nascente testar o seu modelo de negócios, buscando o seu mercado, antes de considerar o seu plano de negócios como pronto e acabado para ser colocado em marcha. Esse teste requer tentar vender para a presumível clientela e verificar assim se os produtos e serviços atendem ao que deseja o mercado. Se a clientela potencial não se interessar pelos produtos e serviços é preciso voltar à prancheta e redesenhá-los. Se o problema for com a forma de vender ou o preço, estes aspectos precisarão ser resolvidos antes de lançar a empresa ao mercado. Todos esses aspectos vão requerer revisar o plano de negócios e essas alterações devem ser feitas antes de gastar dinheiro com a implantação da empresa.

O outro encontro foi com Descartes Teixeira, um grande amigo: fiquei satisfeito de vê-lo empenhado em criar empresas globais. Foi a partir daí que tive a ideia de escrever sobre o assunto e fazer a correlação com a primeira conversa.

Uma empresa do tipo “BORN TO BE GLOBAL” precisa ter em seu DNA a diretriz para ser uma empresa global. Isso significa que as ações que descrevemos antes como testar os produtos e serviços no mercado e verificar o modelo de negócios, necessitam ser realizadas em um mercado global, isto é, com potenciais clientes de diversos países, ou, pelo menos dos principais que onde será feita a comercialização.

Uma empresa com sucesso em um país pode não ser bem sucedida em outros lugares, seja pela oferta de produtos e serviços não ter a mesma atratividade, ou pela forma vender não ser aconselhável para o público de mercados diferentes.

Por exemplo, em países de clima quente a maior parte do ano a moda não pode ser a mesma que a adotada em lugares onde faz frio mais da metade do ano.

Produtos do tipo premium podem ser de interesse apenas em mercados mais exigentes e com poder aquisitivo para compra-los, exceto se o modelo de negócios criar mecanismos de venda que permita às pessoas de renda mais baixa ter financiamento em prazo mais longo. Assim, em mercados de menor poder aquisitivo o modelo de negócios precisa ser adaptado para que o produto premium possa ser vendido.

Muitas vezes, o teste de mercado para uma “BORN TO BE GLOBAL” fica mais difícil de ser feito, pois deverá englobar amostragens de potenciais clientes de locais diferentes e com costumes e aspirações que não coincidem com outros mercados. Assim, a orientação do planejamento da empresa é certamente mais complexa e possivelmente custe mais caro para ser bem feito.

Como consequencia, é recomendável que o lançamento inicial dos produtos, a busca do mercado de estreia seja feita no país de origem da empresa, para que se possa experimentar de modo mais controlado o modelo de negócios, com mais recursos para corrigir possíveis falhas encontradas. Uma regra que funciona na maioria das situações é que convêm criar uma base e estabelecer um mercado sólido no próprio país de origem do empreendimento, antes de buscar outros. Por outro lado, esse conceito se torna cada vez mais questionável, em face da globalização, que vai aproximando os gostos e valores dos diferentes lugares, tornando as características de todos os países mais conhecidos.

Não de pode esquecer também que os custos de produzir e vender, assim como de prestar serviços muda a cada país segundo seus níveis salariais, custos de maquinas e taxação de impostos: estes aspectos deverão ser levados em conta na elaboração do plano de negócios de uma empresa global.

Como se pode ver, uma “BORN TO BE GLOBAL” tem algumas peculiaridades que as tornam um caso de estudo diferente das empresas que buscam apenas um espaço no mercado local ou do país de origem.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Os limites do crescimento acelerado

A febre de crescer de modo acelerado é decorrente de um vírus instalado pelos investidores no ambiente empreendedor. Cuidado: somos favoráveis ao crescimento acelerado de boa parte das empresas nascentes que já conseguiram passar em sua prova de conceito.

A demonstração de que tem produto, de que tem um modelo de negócios viável, de que é capaz de conseguir clientes e de atendê-los de maneira competente, respeitando prazos, especificações, qualidade e praticando preços dentro do mercado, são as condições que os empreendimentos nascentes devem obedecer para superar sua prova de conceito. Isso tudo deve acontecer no período de incubação.

Assim, empresas que conseguiram se graduar nas incubadoras muito usualmente passam por aspirar ao crescimento: melhorando seus produtos e serviços, ampliando seu mercado, estruturando melhor seus processos e buscando multiplicar seu faturamento e lucro.

Para isso buscam investidores e aceleradoras de empresas, ambos, parceiros ideais para a fase de crescimento acelerado que suas empresas precisam vivenciar.
Entretanto, os interesses dos investidores apontam para que a empresa tenha crescimento máximo assim como o da aceleradora. É bastante comum que o empreendedor também se engaje no mesmo objetivo. Até aí nada há de errado.

O problema é estabelecer qual é o ponto de máximo: isto é, cada empresa, dependendo de suas condições internas e de seu mercado tem um limite acima do qual o crescimento que venha a ter significará um risco muito grande de violar sua capacidade de absorver mais trabalho sem perda de qualidade, atrasos de prazos e insatisfações de seus clientes.

A percepção deste limite não é fácil e pode ser conseguida somente após ultrapassá-lo, quando problemas graves começam a aparecer. Uma sensação de impossibilidade de gerenciar a empresa, de modificar sua forma de atuação, de controlar seus compromissos é o conjunto de sintomas que permitem diagnosticar a overdose de crescimento.

Alguns parâmetros podem ajudar a evitar esses excessos: por exemplo, na fase de planejamento, quando se chega a um plano em que empresa dobra de tamanho em um ano, deve ser visto como um alerta para que se consiga evitar os riscos nesse processo.

Controlar indicadores que sejam voltados a verificar se a qualidade, em seus diversos significados, está sendo mantido, é algo essencial nestes planos e depois na sua execução.

Vamos crescer muito a cada ano, mas dentro do limite de risco: exceder a velocidade que respeita o cliente, a inovação, a qualidade de atendimento e que pode comprometer o futuro da empresa é quase um suicídio empresarial.

É nesse ponto que temos uma sutil diferença de ponto de vista entre o empreendedor e os investidores: sua preocupação é que os empreendimentos em que investem cumpram seus planos contratados ou até mesmo excedam as metas, pois deste modo poderão vendê-los a terceiros com a máxima valorização. Já o empreendedor tem uma perspectiva de continuar com o empreendimento e não permitir que um passo à frente além do limite venha a provocar futuros problemas, como a perda de clientela, de sua equipe de colaboradores ou a redução drástica em seus lucros. Quando isso acontecer, o investidor já terá vendido sua participação na empresa com um apreciável multiplicador. Caberá ao empreendedor e seus novos investidores enfrentarem a tempestade.

sábado, 4 de junho de 2011

A Chave do Tamanho

Vocês devem estar achando familiar o nome que dei a esta post: sem dúvida, me apropriei do título de um livro do famoso escritor brasileiro Monteiro Lobato. É que cai feito uma luva para trazer à discussão a questão da escalabilidade das empresas.

Muitas empresas que são criadas em incubadoras parecem ser excelentes em alguns aspectos como ideia do produto ou serviço, modelo de negócios, empolgação e preparo do empreendedor. Enfim, muitas de suas características apontam para o sucesso.

De fato, com o passar do tempo, essas empresas conseguem cumprir todas as etapas exigidas no processo de incubação e se graduam, como sinal de que estão prontas para gerirem autonomamente suas vidas, posto que conseguiram se organizar internamente, adquiriram uma clientela básica e seus produtos e serviços parecem ter a aceitação desse público.

Entretanto, do universo de empresas que se graduam nas incubadoras, são poucas aquelas que continuam a ampliar seus mercados e que assumem um porte bem superior àquele que tinham quando se graduaram. Essas poucas que ampliam significativamente seu mercado e passam a faturar algumas vezes mais do que no ano de sua saída da incubadora são empreendimentos com alta escalabilidade.

Na verdade, a escalabilidade é um aspecto que deveria ser mais observado pelas incubadoras ao selecionar as suas empresas nascentes: os investidores certamente estão atentos a esse aspecto. Para ambos, investidor e aceleradora de empresas, não há interesse em empreendimentos que não tenham alto grau de escalabilidade.

Mas, não seria uma discriminação por parte de uma incubadora eliminar uma candidata à incubação pelo fato dela não ser escalável? Em alguns casos me parece que ela deve abrigar a empresa nascente não escalável: nem todas as empresas deste mundo precisam ser grandes um dia. Podem se manter pequenas e não passar por nenhum processo de crescimento acelerado.

Entretanto, este pensamento não pode ser adotado pelas aceleradoras nem tampouco pelos investidores. O empreendedor que quer fazer uma boa empresa, que represente seu sonho, funcione bem e fique sempre pequena, para que possa ser administrada integralmente pelo seu criador, pode fazê-lo, mas deve saber que não receberá investimentos de fundos e investidores geralmente interessados num crescimento rápido de suas aplicações.

A transparência é um ponto fundamental em negócios e a expressão clara do tamanho que limita cada empreendimento deve poder ser bem avaliada e colocada pelo empreendedor.
Em contrapartida, muitos empreendimentos com menor charme apresentam um potencial de crescimento de mercado e de faturamento que os tornam capazes de atrair capitais e pessoas de competência para participar de seu período de rápida multiplicação.

Mas, para os empreendedores dessas minas de ouro, capazes de ter alta escalabilidade, é preciso dizer que o crescimento acelerado tem riscos por vezes fatais. Muitos empreendedores não estão preparados para conduzir o processo de desenvolvimento acelerado de uma empresa e, por isso mesmo, é tão importante o papel das aceleradoras, que trazem bons mentores para ajudar o empreendedor a vencer seus desafios e a pular os abismos que os ameaçam.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Oportunidade para crescer V

Em nossos últimos posts, tratamos do comportamento dos atores que participam do processo de criação e desenvolvimento de empresas nascentes e do seu estágio seguinte em que como novas empresas buscam o desenvolvimento de seus mercados, produtos e processos, numa estratégia de crescimento rápido. Mostramos neste tema “Oportunidade para crescer” suas diversas aspirações e buscamos focar nas formas de contribuição para o sucesso dos empreendimentos e a expectativa de retorno que pretendem obter.
Nesse estágio se dá o lugar para as aceleradoras de empresas, que começam a se desenvolver no Brasil.

Cremos que ficou evidenciado que a negociação justa do papel que cada um deve exercer é o elemento diferenciador que poderá aproveitar melhor os recursos existentes e trazer sucesso para a aceleradora e suas empresas. Isso se aplica para o caso especifico de cada empresa e da capacidade de gerar a confiança entre os participantes, onde cada ator estará cumprindo seu papel corretamente.

A busca de otimização do ganho de participantes isolados em detrimento dos demais só pode resultar no desequilíbrio da relação entre as partes e no menor aproveitamento das competências envolvidas em cada processo de aceleração empresarial.

Ainda não temos experiência suficiente em algumas das tarefas a serem desenvolvidas nesse processo e por isso mesmo devemos criar mecanismos capazes de gerar e disseminar estas competências.

Algumas entidades existentes poderiam ajudar nesse estágio: por exemplo, o SEBRAE pode chamar a si a tarefa de criação de comunidades de potenciais anjos e jovens empreendedores, com o objetivo de aproximá-los e de prepará-los para experimentar uma colaboração produtiva.

A ABVCAP – Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital pode cuidar da preparação dos investidores para compreender o processo de desenvolvimento das empresas nascentes e depois o de crescimento acelerado de uma parcela dessas empresas, com seus riscos e recompensas.

A FINEP poderia participar deste processo através da catálise dos esforços das partes, complementando os capitais necessários para viabilizar os primeiros empreendimentos juntando investidores, anjos de negócios, mentores, empreendedores, incubadoras e aceleradoras.

O que se trata nesse tema é de um aspecto do empreendedorismo que pode ajudar a mudar o patamar brasileiro de geração de empregos, da criação de empresas inovadoras e de busca de um espaço de melhor nível entre as nações emergentes, onde se destaca pela sua capacidade de fornecer matéria prima e alimentos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Oportunidade para crescer IV

Em nossos últimos posts, tratamos do comportamento dos atores empreendedores e de anjos negócios e mentores no âmbito do processo de desenvolvimento de empresas. Um de nossos leitores levantou a seguinte questão: mas qual é a diferença entre uma incubadora e uma aceleradora.

Em face disso, vamos aproveitar para responder já mostrando o papel exercido por cada uma no processo de desenvolvimento de novas empresas e avaliando aspectos que devem considerados para determinar uma participação justa de cada uma no processo de desenvolvimento desses empreendimentos.

A incubadora normalmente é o lugar de nascimento da empresa: é lá que ela e o empreendedor têm seu primeiro endereço. Mas, o papel principal da incubadora não é esse: até mesmo podemos dizer que uma empresa nascente pode se incubar virtualmente, isto é, não estar fisicamente dentro de uma incubadora.

Os principais papéis que uma incubadora desempenha são: orientar o empreendedor nos passos que deve dar para viabilizar sua empresa; emprestar o uso de sua marca para que o empreendedor possa entrar no mercado exibindo um nome de credibilidade, enquanto ainda não é conhecido pelos clientes; oferecer mentores que possam ajudar o empreendedor a resolver os problemas de percurso; avaliar o andamento do empreendimento e dar um feedback ao empreendedor sobre os pontos que deve observar com mais cuidado.

É a incubadora que dá suporte ao empreendedor nos momentos difíceis: nos desentendimentos entre sócios, nas escolhas entre opções a serem seguidas e que tenham dificuldades de decisão, e muitas outras situações.

A incubadora atua desde a criação da empresa até o momento em que constata que o empreendimento já tem produtos e serviços para oferecer a seus clientes, que o empreendedor conseguiu os primeiros clientes e estabeleceu os processos internos de gestão, capazes de realizar vendas, entregar o que for vendido e gerir seus recursos humanos e equipamentos, conseguindo minimamente faturar os clientes e pagar seus fornecedores. Outro aspecto que é observado pela incubadora é o faturamento anual da empresa e a maturidade do empreendedor para continuar a fazer sua empresa crescer: quando estes fatores atingem o que a incubadora considera satisfatório ela gradua a empresa incubada. Graduar uma empresa incubada significará que aquela empresa já está em condições de seguir seu caminho de forma autônoma, sem necessidade de supervisão sistemática da incubadora.

Pode-se dizer que a empresa nascente ao se graduar numa incubadora conseguiu vencer o primeiro abismo enfrentado pelo empreendedor: conseguir realizar seu sonho de colocar em operação sua empresa para executar os seus objetivos e conseguir uma aceitação inicial no mercado.

Mas, qual é o faturamento que uma empresa precisa ter para que seja graduada? Essa é uma resposta que vai depender do que o empreendedor projetou em seu plano de negócios, do tipo de atividade da empresa e dos acordos que incubadora e empreendedor fizeram em relação a este ponto.

Em geral, é a partir da graduação que começa o trabalho da aceleradora: para que uma empresa possa ter crescimento acelerado é necessário que ela tenha vencido as etapas iniciais que permitam que o empreendedor tenha confiança de que para os seus produtos e serviços iniciais ele está conseguindo obter mercado e que até poderá ampliar sua clientela desde que prepare um plano competente e consiga recursos para crescer.
O crescimento meramente vegetativo da empresa não interessa a uma aceleradora: para um investimento financeiro inferior ao valor da empresa, ela precisa ter um plano para triplicar seus negócios em dois ou três anos para que possa ser objeto de apoio de uma aceleradora.

Assim, as empresas que mostrem potencial para triplicar de porte em dois ou três anos é que passam a ser consideradas como adequadas para serem aceleradas. É usual que o próprio plano de negócios para que a empresa consiga ter um sucesso tão grande já é preparado em conjunto entre o empreendedor e a aceleradora.

O que uma aceleradora vai aportar ao empreendedor: basicamente mentores capazes de ajudar o empreendedor a vencer a os desafios contidos no plano de negócios objeto da aceleração. A aceleradora também apoia o empreendedor na obtenção dos investidores que vão trazer os recursos para a realização do plano de aceleração.

Como se pode ver, os papéis da incubadora e da aceleradora são de extrema importância e tornam estas entidades merecedoras de uma parcela do resultado positivo que seja conseguido pelas empresas por elas apoiadas.

sábado, 14 de maio de 2011

Oportunidade para crescer III

Vamos continuar a aprofundar a oportunidade da conjunção de dois fatores: a existência de capital para investimentos e de empresas de tecnologia com capacidade de inovar, associando a isso a compreensão do valor das aceleradoras de empresas.

Em nosso ultimo post, tratamos do comportamento do principal ator deste processo que é o empreendedor. Hoje vamos tratar dos mentores e anjos de negócios.

Certamente, o empreendedorismo brasileiro não conseguiu ainda se mostrar atraente o suficiente para conquistar uma quantidade relevante de mentores e anjos de negócios.

Para um país onde se assiste a profissionais, ainda na faixa de 50 a 60 anos, se aposentando, com conhecimentos e experiências relevantes, conquistados em empresas grandes ou em órgãos públicos de porte continental, característica de nosso país, não se pode imaginar que essas pessoas parem de trabalhar totalmente.

Isso não é bom nem mesmo para a saúde dessas pessoas tão qualificadas! Mas, reconheçamos que o mercado se fecha muito a contratar pessoas na faixa de 50 a 60 anos de idade. Ocorre que para muitos destes aposentados precoces também não desejam trabalhar na intensidade em que vinham tendo nas empresas onde viviam.

O que falta então para que esses profissionais, jovens entre 50 e 60 anos, se interessem pelos nossos empreendedores e se articulem com eles para ajudar a formar novas empresas de sucesso e com altas taxas de crescimento?

Em nosso entendimento, o que falta é uma ação sistemática e organizada para obter o resultado pretendido: estamos procedendo como quem espera um milagre! Ficamos na torcida para que apareçam os mentores e anjos de negócios.

Meu ponto de vista é que temos de ir atraí-los: para isso, é preciso uma ação sistemática e controlada para que possamos colocar candidatos a anjos e mentores se relacionando com os empreendedores.

É preciso constituir uma agenda comum de interesse das partes, mas também é necessário um trabalho prévio de contextualização dos potenciais anjos e mentores para que compreendam as diferenças entre as empresas onde trabalharam e as que terão de ajudar com uma expectativa correta sobre os empreendedores que irão encontrar.

Como se diz no interior, “é preciso que os atores que queremos juntar comam muito sal juntos”. Isso significa que necessitamos criar comunidades onde possam conviver os empreendedores com seus potenciais anjos e mentores, para que juntos sejam capazes de experimentar desafios e conseguir realizações.

Aos nossos jovens que se aposentam com pouco mais de 50 anos de idade queremos convidá-los a entrarem em contato conosco para que tenhamos a oportunidade de mostrar-lhes um mundo novo, o dos empreendedores e seus empreendimentos maravilhosos. É inteiramente sem compromisso!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Oportunidade para crescer II

Vamos continuar a aprofundar a oportunidade da conjunção de dois fatores: a existência de capital para investimentos e de empresas de tecnologia com capacidade de inovar, associando a isso a compreensão do valor das aceleradoras de empresas.

Como mostramos em nosso ultimo post, o aproveitamento desta oportunidade dependerá da habilidade dos participantes em conciliar interesses e aspirações dos atores em todo o processo, para que todos possam ter sua participação justamente remunerada.

Vamos analisar os interesses e visões de cada participante e começaremos pelos empreendedores. Certamente, os empreendedores consideram que são eles os principais atores, uma vez que tiveram a ideia de sua empresa e arriscaram bastante para erguer o empreendimento em sua fase mais crítica e incerta, mostrando suas possibilidades de crescimento. O empreendedor dedicou todo o seu esforço durante possivelmente dois a três anos antes de chegar a um plano de crescimento capaz de receber o apoio de uma incubadora ou aceleradora e de fundos de investimento e anjos de negócios.

Sob este ponto de vista, levando em conta ainda que o sucesso do empreendimento representará a realização do sonho do empreendedor, podemos dar razão ao empreendedor em querer receber a maior recompensa pelo sucesso que possa ser obtido.

Entretanto, é importante que o empreendedor tenha a humildade de reconhecer que sozinho não conseguirá fazer seu empreendimento chegar ao mesmo resultado que se tiver a ajuda do capital investir, do conhecimento de mentores e deve relembrar que no inicio de tudo o papel exercido pela incubadora mãe foi determinante e que agora a aceleradora lhe aporta uma continuidade nessa mentoria.

Enfim, é necessário que os atores do sistema sejam capazes de lutar pelo que lhe é justo receber, mas não deixarem de obter o sucesso maior pela atitude de não reconhecimento ou de falta de generosidade na divisão dos resultados.

Temos tido experiências com muitos empreendedores, especialmente com os jovens, percebemos que muitos não valorizam o papel das incubadoras, dos mentores e dos anjos, como deveriam fazer. Certamente, esses mesmos empreendedores costumam ter dificuldade em lidar com investidores e estabelecer condições para que sua empresa atinja o máximo sucesso que pode obter.

Assim sendo, nosso recado aos empreendedores é que busquem um ponto de equilíbrio em que consigam capturar todos os elementos que são fundamentais para o crescimento da empresa, mas que a divisão dos resultados do sucesso seja justa e que contemple a cada participante de modo a estimulá-lo a trazer sua contribuição do modo mais entusiástico possível. As dificuldades a serem vencidas são grandes e fazem com que tenhamos necessidade de mobilizar todas as forças e até reservas que possam ser obtidas.