Depois de 20 anos da fase atual do empreendedorismo brasileiro cabe uma reflexão a respeito do processo de apoio e estímulo à formação de empresas e à inovação.
Podemos levar em conta diversos aspectos: o primeiro, é que as incubadoras de empresas conseguiram diminuir substancialmente a mortalidade das empresas nascentes, chegando a reduzir o índice a 20%, com sua graduação após cerca de dois anos de incubação.
Um segundo aspecto é que para criar empresas com produtos que aportam fortes características de inovação, o melhor berço está nas incubadoras situadas em Universidades, onde haja pesquisa em laboratórios empenhados em desenvolver tecnologia. Exemplos disso podem ser encontrados em empresas nascidas no Instituto Genesis da PUC-Rio, em Itajubá, na incubadora da UFRJ e da Biorio, TECNOPUC e tantas outras. Muitas delas não teriam sido criadas se estas incubadoras não existissem.
Um terceiro ponto a considerar é que em torno das incubadoras, especialmente as universitárias, tem sido estabelecidos os Centros de Empreendedorismo, que criam um ambiente de desenvolvimento da cultura empreendedora, motivando os empreendedores com seus mecanismos de competições e aproximação com as fontes de financiamento e investimento nos empreendimentos. Empreendedores precisam ser desenvolvidos com o conhecimento propiciado nas aulas das universidades e com as experiências que podem adquirir estagiando em empresas incubadas e participando de empresas juniores.
Críticas são feitas ao fato de que as incubadoras não são escaláveis e só abrigam, de cada vez, cerca de 20 a 25 empresas nascentes. Mas, não se pode deixar de levar em conta que criar uma empresa de base tecnológica com forte conteúdo de inovação não é um processo simples nem encontra facilidade no país para conseguir recursos, sejam os de natureza financeira como os de apoio de laboratórios competentes de pesquisa. Não acreditamos que tais tipos de críticas sejam justas nem que o custo das incubadoras seja tão elevado que possa desestimular sua manutenção.
No entanto, observamos que, até hoje, não temos uma certificação de incubadora: isso poderia ser feito pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores - ANPROTEC, utilizando empresas nacionais que seriam treinadas e orientadas sob os aspectos que deveriam ser observados para a certificação.
Essa certificação poderia ser exigida para que as incubadoras pudessem receber recursos governamentais para sua sustentação. Para que elas possam fazer um bom trabalho, direcionado a formar empresas inovadoras, precisam ter mentores de muito bom nível e que devem ser bem pagos.
Mas, esses recursos precisam ser mais generosos do que temos observado.
Além de tudo, as empresas nascentes não dispõem de recursos para pagar os rateios de despesas das incubadoras nem os orçamentos das universidades tem fontes de recursos capazes de sustentar os custos de uma boa incubadora.
Da mesma forma, observamos que muitas aceleradoras de empresas estão sendo criadas rapidamente no Brasil: tememos que encontrem dificuldades no seu caminho, tanto na manutenção de sua infraestrutura com alto nível de qualidade, como na obtenção de um quantitativo de empresas nascentes, com alto poder de crescimento que valha a pena manter essas aceleradoras em operação.
Nesse momento em que a ANPROTEC realiza seu Congresso anual, acreditamos que seria o mais adequado para repensar o tema: possivelmente levantar o que foi feito pelas incubadoras nesses vinte anos e o balanço de quanto custou e dos resultados obtidos. Também cabe pensar como deveria ser a evolução desse sistema de criação de empresas e de como seria possível motivar a sua inclusão nos investimentos governamentais brasileiros.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
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