Sem dúvida estamos em uma crise que não é somente devida a um fator. Trata-se de um contexto em que as pessoas esperam que se chegue a um novo equilíbrio mundial, com lideranças que representem melhor as aspirações relativas à vida das pessoas e ao meio ambiente, contemplando consequências nos hábitos de consumo em todos os níveis, mas, ao mesmo tempo, trazendo à luz uma partilha mais democrática do trabalho, dos bens e dos benefícios que a tecnologia pode proporcionar. Vejam que este ambiente inclui fatores como maior longevidade das pessoas, requerendo revisão dos critérios de aposentadorias.
Enfim, uma grande mudança, em muitas dimensões de difícil compatibilização, isto é, abrangendo variados aspectos ou ângulos, cada um deles com seus conceitos, regras e níveis de aceitação em cada país, compondo um quadro complexo e que necessita formar um todo viável para que possa funcionar.
Este é o ambiente mais rico para empreender. Ao mesmo tempo, ele prenuncia que estamos diante de uma descontinuidade no conjunto de valores e regras da sociedade, abrindo uma nova visão de soluções onde existem muitas possibilidades. Praticamente, poderíamos pensar em uma espécie de revolução social, na qual os ferimentos talvez não venham a ser produzidos por armas, mas pelas dificuldades das pessoas e das instituições de se adaptarem a um novo referencial para suas vidas. Perdas e ganhos vão coexistir nessa nova sociedade em formação.
O centro do poder vai estar na capacidade de inovar e encontrar as soluções viáveis e implantáveis na vida das pessoas. Por exemplo, um novo referencial vai ser necessário para o atendimento de saúde: deverá levar em conta as opções oferecidas pelo progresso da ciência e da tecnologia, com as limitações de custo que deverão ser compatibilizados. Por outro lado, deverá levar em conta valores éticos e religiosos que poderão se confrontar com a evolução cientifica; do mesmo modo, a indústria farmacêutica terá que se remodelar para este novo cenário, em que a exploração de uma solução medicamentosa não poderá ser mantida por tempo muito longo.
No campo da alimentação humana já se percebe uma movimentação intensa nos Estados Unidos pela modificação da dieta das pessoas, com vistas a evitar os temíveis males da obesidade e das doenças resultantes do excesso de gordura, sal e açúcar.
Em educação, a escola terá de renovar com a perspectiva de uso das novas tecnologias de aprendizagem e dos recursos que a mídia pode aportar. Nas comunicações não podemos deixar de perceber que a informação chega a cada momento, por diversas vias: o jornal diário é apenas mais uma fonte, mas ainda pode ser um espaço para reflexões e para discussão dos temas de interesse das comunidades.
Não há mais o ambiente que vínhamos vivendo até agora. Precisamos reinventar um novo mundo. A crise é essa e não apenas da limitação da dívida de uma nação rica ou da solução da inadimplência de um país de bloco que une economias desiguais, nem mesmo de um continente que sofre com a falta de recursos mínimos para a vida de sua população. É uma crise maior, talvez até superior àquela que tivemos na passagem do mundo da idade média para a época moderna.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
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