sábado, 4 de junho de 2011

A Chave do Tamanho

Vocês devem estar achando familiar o nome que dei a esta post: sem dúvida, me apropriei do título de um livro do famoso escritor brasileiro Monteiro Lobato. É que cai feito uma luva para trazer à discussão a questão da escalabilidade das empresas.

Muitas empresas que são criadas em incubadoras parecem ser excelentes em alguns aspectos como ideia do produto ou serviço, modelo de negócios, empolgação e preparo do empreendedor. Enfim, muitas de suas características apontam para o sucesso.

De fato, com o passar do tempo, essas empresas conseguem cumprir todas as etapas exigidas no processo de incubação e se graduam, como sinal de que estão prontas para gerirem autonomamente suas vidas, posto que conseguiram se organizar internamente, adquiriram uma clientela básica e seus produtos e serviços parecem ter a aceitação desse público.

Entretanto, do universo de empresas que se graduam nas incubadoras, são poucas aquelas que continuam a ampliar seus mercados e que assumem um porte bem superior àquele que tinham quando se graduaram. Essas poucas que ampliam significativamente seu mercado e passam a faturar algumas vezes mais do que no ano de sua saída da incubadora são empreendimentos com alta escalabilidade.

Na verdade, a escalabilidade é um aspecto que deveria ser mais observado pelas incubadoras ao selecionar as suas empresas nascentes: os investidores certamente estão atentos a esse aspecto. Para ambos, investidor e aceleradora de empresas, não há interesse em empreendimentos que não tenham alto grau de escalabilidade.

Mas, não seria uma discriminação por parte de uma incubadora eliminar uma candidata à incubação pelo fato dela não ser escalável? Em alguns casos me parece que ela deve abrigar a empresa nascente não escalável: nem todas as empresas deste mundo precisam ser grandes um dia. Podem se manter pequenas e não passar por nenhum processo de crescimento acelerado.

Entretanto, este pensamento não pode ser adotado pelas aceleradoras nem tampouco pelos investidores. O empreendedor que quer fazer uma boa empresa, que represente seu sonho, funcione bem e fique sempre pequena, para que possa ser administrada integralmente pelo seu criador, pode fazê-lo, mas deve saber que não receberá investimentos de fundos e investidores geralmente interessados num crescimento rápido de suas aplicações.

A transparência é um ponto fundamental em negócios e a expressão clara do tamanho que limita cada empreendimento deve poder ser bem avaliada e colocada pelo empreendedor.
Em contrapartida, muitos empreendimentos com menor charme apresentam um potencial de crescimento de mercado e de faturamento que os tornam capazes de atrair capitais e pessoas de competência para participar de seu período de rápida multiplicação.

Mas, para os empreendedores dessas minas de ouro, capazes de ter alta escalabilidade, é preciso dizer que o crescimento acelerado tem riscos por vezes fatais. Muitos empreendedores não estão preparados para conduzir o processo de desenvolvimento acelerado de uma empresa e, por isso mesmo, é tão importante o papel das aceleradoras, que trazem bons mentores para ajudar o empreendedor a vencer seus desafios e a pular os abismos que os ameaçam.

Um comentário:

  1. Salim,

    Belas colocações.
    Escalablidade, pra mim, está muito ligada ao posicionamento de uma empresa. E posicionamento é um grande jogo de xadrez para aqueles que sonham alto. Muitas variáveis a ponto da lógica somente não ser suficiente. Aí entra aquele componente mágico da intuição, que poucos têm. Resumindo, escalabilidade é pra poucos, na minha opinião.

    Parabéns pelo blog!

    Braulio Medina
    www.e-brane.com

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