terça-feira, 2 de outubro de 2012

A economia pode ajudar o empreendedorismo

Estamos vivenciando uma situação em que os investimentos em renda fixa estão cada vez menos rentáveis, muitas vezes nem preservam o capital. Além disso, a crise econômica tem uma forte probabilidade de se alongar e de trazer mudanças para a forma de desenvolvimento do mundo. Então, onde encontrar uma aplicação que efetivamente traga resultados para o investidor? Um aspecto que estamos percebendo é a diminuição dos percentuais representativos do aumento anual do PIB. Começando pela Europa, podemos afirmar que nos próximos anos o crescimento do PIB será bem baixo, numa faixa de 1 a 3% ao ano. Em compensação, não podemos deixar de reconhecer que a economia melhorou pela redução dos riscos de grandes problemas, devido à atuação do Banco Central Europeu, em socorro dos bancos e dos países. Com relação aos Estados Unidos também podemos notar a redução do patamar de crescimento e constatar a atuação do FED que é no mesmo sentido de reduzir o risco e atuar para melhorar os pontos mais sensíveis da economia. No Brasil, o empenho governamental de encontrar soluções que ajudem a indústria e que incentivem o investimento é também uma constatação positiva. Podemos até dizer que tem bases reais: a redução das taxas de juros beneficiou muito o governo, o maior devedor do país, permitindo uma sobra de recursos que estavam previstos para pagar o serviço desta dívida e que agora pode ser convertida em reduções de impostos, ainda que não lineares, uma vez que o governo preferiu distribuir as “bondades” para determinados setores. Fica clara a necessidade de reduzirmos o consumo exagerado em benefício de crescer o investimento, especialmente na infraestrutura. Nosso contraponto é com a China, que precisa ampliar o consumo e reduzir o investimento para poder aumentar a proteção social, com a instituição de pagamento de aposentarias e melhoria da estrutura médica governamental. Esta redução de investimento leva a um crescimento mais moderado, apesar de ainda alto, numa faixa de 7% ao ano. Este ambiente mais moderado de evolução econômica e uma maior proteção contra o risco abre um espaço, onde o empreendedorismo e a criação de empresas, especialmente as inovadoras, passam a ser alternativa para a obtenção de maiores taxas de remuneração do capital, como compensação do risco inerente a novos empreendimentos. Alie-se a isso, o amadurecimento de alguns setores de apoio a novas empresas com a criação de aceleradoras de empresas bem estruturadas e com a maior atratividade dos investidores pelas “startups”. Vamos participar de mais esse passo na trajetória do empreendedorismo brasileiro.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

ANPROTEC discute futuro de incubadoras e aceleradoras

Esta semana, de 17 a 22 de setembro, a ANPROTEC realizou mais um de seus Seminários Nacionais e discutiu temas relevantes para o empreendedorismo, entre as pessoas que trabalham nessa área. Um dos temas que chamou a atenção foi a discussão sobre o futuro das incubadoras e das aceleradoras de empresas. As incubadoras se constituíram nos últimos 20 anos como as entidades que abrigaram, estimularam e orientaram os empreendedores na criação de suas empresas. Foram participantes na geração de mais de 20.000 empresas neste período. As aceleradoras surgem como solução para o desenvolvimento de uma segunda etapa da vida útil de uma empresa: assim que elas conseguem superar a etapa de incubação, em que tiveram de mostrar seus serviços e produtos, se expuseram com sucesso ao mercado conquistando seus primeiros clientes, estruturando-se de modo a atendê-los, agora precisam ter planos para continuar seu crescimento. Nessa segunda etapa, as aceleradoras podem cumprir um papel relevante e muitas já estão na estrada em busca de seus primeiros sucessos. As incubadoras têm conseguido resultados dignos de nota, mas tem tido muita dificuldade financeira para manter um padrão adequado de qualidade de seus serviços. A maioria das incubadoras está nas Universidades e não há como conseguir recursos financeiros para remunerar seus serviços, minimamente para cobrir os seus custos: o resultado é a queda de qualidade e a descontinuidade nos serviços oferecidos. Os investidores não querem arriscar aplicações em empresas que estão sendo criadas, embora as estatísticas das incubadoras mostrem que elas reduziram de 70 para 20% a mortalidade das empresas nos primeiros cinco anos de vida. Em países como Israel, que tem 25 incubadoras, todas apoiadas pelo Estado, este oferece para cada empresa aceita para a incubação até 150.000 dólares de recursos do governo, permitindo a essas “start-up” custear os serviços da incubadora. Além disso, há a possibilidade dos investidores apoiarem incubadoras de modo a conseguir investir em suas empresas, antes que sua valorização seja muito expressiva e seu preço não seja mais interessante para os objetivos desses investidores. Além dos aportes governamentais, há 14 bilhões de dólares de investidores internacionais, associados às incubadoras no fomento das suas empresas emergentes. Com relação às aceleradoras, como as empresas acolhidas apresentam menor risco de fracasso por já terem vencido a etapa de incubação, com seus planos detalhadamente analisados antes de obter esse apoio, os investidores tem simpatia maior para participar desses empreendimentos. Ainda assim, tanto para as aceleradoras como para as incubadoras, há muita necessidade de formar mentores para as empresas, pessoas experientes que aceitem orientar os empreendedores na gestão e na busca pelo mercado. Muitos desses mentores também se tornam anjos de negócios nessas empresas. Certamente há necessidade de um forte investimento nessa formação.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Uma oportunidade para as Universidades e Centros de Pesquisa

Em 28 de agosto de 2012, a revista “The Chronicle on Higher Education” publicou o artigo “Universities Report $1.8-Billion in Earnings on Inventions in 2011”, de autoria de Goldie Blumenstyk. Este artigo mostra universidades que desenvolvem pesquisas e que as levam ao mercado através de empresas, muitas delas geradas nas suas incubadoras, conseguiram ganhar em “royalties”, pagos pelas empresas que comercializam os resultados de suas pesquisas que geram patentes licenciadas, pagando “royalties”, a considerável quantia de 18 bilhões de dólares americanos. Estamos falando em universidades americanas, mas vislumbrando o que poderíamos obter no Brasil se as nossas universidades e centros de pesquisas fizessem o mesmo. Por exemplo, há patentes relativas a novas espécies de trigo, desenvolvidas pelas pesquisas da Universidade de Nebraska com a Bayer. Também podemos exemplificar com o que a Universidade de Illinois obteve de “royalties” pelo licenciamento de tecnologia audiovisual para conferencia e uma avançada bateria de carregamento rápido para automóveis e produtos eletrônicos. A campeã de 2011 foi a Northwestern University, que recolheu 191 milhões de dólares em receitas de licenças. A pesquisa mostrada pelo artigo trata de 157 universidades que responderam ao questionário anual da Associação de Gestores de Tecnologia de Universidades. Na pesquisa toda foram relatadas 5.398 novas licenças e 12.090 pedidos de patentes. Além disso, essas universidades criaram em 2011, 617 empresas “start-ups”. Já em 2012, as receitas apontadas tiveram a mesma ordem de grandeza, com 155 universidades participantes: foram 4.735 licenças e um pouco menos de 12.000 pedidos de patentes. Em 2010 foram criadas 613 empresas. Tony Stanco, diretor executivo do Conselho Nacional de Transferência de Tecnologia Empresarial disse que “cada vez mais alunos e professores ampliam sua consciência de que o empreendedorismo é uma carreira em ascensão e se constitui em um importante vetor para o crescimento”. Lesley Millar, diretor do Escritório de Gestão de Tecnologia da Universidade de Illinois diz que “o foco sobre empreendedorismo na sua instituição é uma das razões para o grande salto no numero de novas empresas lá formadas”. Como se pode ver, está em tempo de nossas universidades seguirem por este caminho, valorizando suas pesquisas e buscando através da parceria entre pesquisadores e empreendedores, servir melhor a sociedade do país.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

PNEN – Proposta de Politica Nacional de Empreendedorismo e Negócios

O governo lançou uma proposta de Politica Nacional de Empreendedorismo e Negócios (PNEN), colocando em consulta pública. Trata-se de uma boa iniciativa, até porque não foi feita uma politica de cima para baixo, considerando apenas as ideias do pessoal do governo. A consulta pública sempre é desejável. Outro ponto positivo desta proposta é que ela começa pela analise da situação do empreendedorismo no país, suas dificuldades e limitações, pontos fracos que necessitam ser atacados e depois passa a fazer a avaliação das medidas que poderiam mudar este estado de coisas. Sem dúvida é um conjunto de boas intenções que necessita ser levado adiante. Mas, a palavra mais forte que podemos transmitir de nossa experiência no empreendedorismo brasileiro é que o pior de tudo é a falta de continuidade na construção das bases de apoio ao empreendedorismo pelas agencias governamentais. Sem pessimismo, podemos dizer que não bastam as boas intenções que estão contidas em todo este conjunto de propostas do governo para constituir uma politica de empreendedorismo, vai ser necessária muita capacidade de execução e persistência para que haja continuidade na aplicação das medidas que a constituem. É necessário andar muito rápido, embora de modo democrático, na formulação da PNEN e no lançamento das ações que vão constitui-la. As agencias do governo precisam agir mais e acreditar muito no que fazem para que possam criar as novas bases que deverão corrigir as dificuldades atuais. O empreendedor brasileiro espera muito o apoio governamental, mas tem uma experiência anterior que o faz ficar reticente e desconfiado. Poucas vezes os governos se preocuparam em apoiar os empreendedores e quando o fizeram foram ações que não tiveram continuidade e que deixaram em situações de desespero incubadoras que receberam recursos comprometidos e que tiveram muito prejudicada sua qualidade de serviço ao empreendedor. Assim, é necessário que aquilo que vier a ser implantado tenha previsões de execução que não sejam afetadas pelas mudanças de governo, que levam a paralizações de programas cujo atraso provocado é muitas vezes de um ano. Nem que dependam de percepções momentâneas de dirigentes de entidades estatais, que levam a descontinuar programas bem sucedidos pela simples preocupação de não dar os créditos ao seu antecessor. Empreendedores precisam de parâmetros claros e estáveis para fazer o planejamento de seus empreendimentos. Não podem estar sujeitos a incertezas que não sejam inerentes a seus negócios, estes já com os ônus característicos da inovação ou da inexperiência de seus empreendedores.

domingo, 26 de agosto de 2012

Caminhando para a inovação

O Ministério de Ciência e Tecnologia lançou o programa TI Maior em busca de obter como resultado a ampliação de oferta de produtos nacionais de TI com inovações que possam ser relevantes para o mercado interno e também para que possamos exportar nossos produtos. Este programa abriria oportunidades para especialistas em informática e fixaria nossos cérebros nessa área em face da possibilidade de desenvolver produtos que possam ter possibilidade de competir e de ocupar um papel relevante no mercado. Esta ação certamente se comporá com as iniciativas dos empreendedores, posto que suas pesquisas passam a poder transformar em produtos tudo o que puder ajudar as empresas brasileiras a se tornar mais eficazes e a contar com produtos competitivos em relação aos oferecidos no mercado internacional. Em paralelo, continua a discussão em torno da Política Nacional de Empreendedorismo e Negócios com uma proposta do Ministério de Planejamento de uma primeira versão para ser discutida publicamente entre os interessados (http://www.desenvolvimento.gov.br/empreendedorismo/consulta-publica/), antes de fixar a forma final desta política. Este caminho pode trazer resultados positivos para retirar pelo menos uma parte dos entraves ao empreendedorismo no país. O cenário se completa com o interesse de muitas megaempresas multinacionais em trazer para o Brasil áreas de pesquisa e desenvolvimento, bem como fazer parcerias que permitam o crescimento de empresas nacionais voltadas a trazer ao mercado soluções capazes de atender a necessidades de países emergentes. Melhor que este cenário só mesmo sua transformação em realidade! Vamos ajudar para que isso aconteça. Prefeituras, Ministérios e Universidades estão convocados.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Esporte e empreendedorismo

A Olimpíada de Londres terminou e este é um bom momento para refletirmos sobre a situação de nosso esporte e a forma como o empreendedorismo pode ajudar na melhoria dos resultados de nossa participação. Certamente não podemos considerar que o desempenho das equipes tenha sido bom: o Brasil é um país de 190.732.694 pessoas pelo Censo de 2010 e tem a 5ª maior população do mundo. Se considerássemos que a distribuição de esportistas competindo nas Olimpíadas fosse proporcional a sua população, deveríamos almejar o 5º lugar em medalhas. Sabemos que não funciona assim, mas podemos estar certos que não é uma boa colocação ter conseguido a 22ª colocação em medalhas. Mas, e daí? Não foi uma surpresa o resultado obtido. É nesse ponto que entram os empreendedores: esporte é muito bom para a saúde e sua prática é recomendável por todos os médicos, mas também é um grande negócio. Podemos dizer que o esporte pode ser uma das situações ganha-ganha: é possível fazer bons negócios pela prática de algo que é bom para a saúde e pode realizar o sonho de muitas pessoas. Evidentemente podemos olhar o fato de que teremos uma Olimpíada no Brasil em 2016 sob vários ângulos: pensando no legado que pode ser deixado para a cidade-sede, o Rio de Janeiro; imaginando a exploração de negócios que envolvam o esporte, como soluções tecnológicas que possam ser usadas em benefício de um esporte olímpico. Mas, também podemos pensar em aproveitar esta oportunidade para reverter nosso atraso em esporte e ampliar a prática de diversos esportes, inclusive daqueles que poucos conhecem no país. O custo de se incentivar esta última vertente não é alto: a maior parte do investimento seria feita pelo investidor privado, obtendo resultados financeiros muito favoráveis. O custo para o governo seria o necessário para regular e catalisar o processo. O governo poderia também criar prêmios para os empreendedores nessa área esportiva como forma de estimular sua ação. Não faltam empresários para diversas modalidades de esporte. Estariam eles preparados para ampliar os horizontes dessa oportunidade, atuando fora das áreas comuns, como futebol, vôlei, basquete, natação? Os empreendedores esportivos têm conhecimentos formais sobre empreendedorismo, comportamento do empreendedor, planejamento de negócios e de projetos para utilizar em seus futuros empreendimentos? E as Universidades, estão prontas para atendê-los com tudo o que precisam nessa área de conhecimento?

Capital Social

Sociedades aonde o conhecimento é bem distribuído e há alto nível de escolarização tem tendência de desenvolver alto Capital Social. Neste blog, pretendemos analisar esta afirmação que estamos fazendo. O que é o Capital Social de um grupo de pessoas? É o conjunto de valores, de crenças, de conhecimentos compartilhados e de comportamentos coerentes com esses valores e com uma ética aceita pelo grupo. Note que não se limita à escolaridade formal, se assim fosse, como a maior parte de nossos representantes nos diversos poderes é composta por pessoas com bom nível escolar, não teríamos ao problemas que todos conhecemos... O Capital Social de um grupo permite estabelecer relações de confiança entre seus membros, por haver uma expectativa de comportamento de cada um. Por exemplo, é possível combinar alguma coisa entre dois membros do grupo. Se ambos confiarem que o outro vai cumprir o combinado pode nem ser necessário firmar um contrato para servir de garantia às partes, o velho “fio do bigode”. Certamente, em grupos de alto Capital Social é possível substituir garantias legais por pessoais, cujo crédito está no fato das partes conhecerem o comportamento mutuo e os valores esperados de cada um. Precisamos desenvolver mais nosso Capital Social no Brasil: já fizemos grandes progressos através da criação de órgãos como o PROCON, que passou a arbitrar as questões entre comprador e fornecedor, implantando padrões de comportamento para as partes que evitam abusos no relacionamento entre elas. Quando se reduzirem bastante as necessidades de procurar o PROCON para resolver essas questões, vai significar que o Capital Social neste tipo de relacionamento chegou a um ponto adequado e elevado em seu resultado, com maior justiça para as partes. Não podemos dizer o mesmo em outras relações entre pessoas componentes de grupos sociais no Brasil: por exemplo, as entidades públicas não costumam tratar os cidadãos com a consideração e o respeito que deveriam. Vejam o tratamento dos hospitais dados àqueles cidadãos que os procuram em busca de um atendimento: falta muito em consideração e qualidade. Muitos exemplos podem mostrar grupos que conseguiram no Brasil ampliar o Capital Social e que nos colocam em posição de melhor relacionamento entre as pessoas, mas infelizmente há ainda muitos onde ele não foi desenvolvido impedindo a sociedade de funcionar bem. Não conhecemos na historia da humanidade nenhuma civilização que tenha tido sucesso sem que existisse um alto Capital Social entre seus componentes. Daí a importância em desenvolver o Capital Social no Brasil, pouco mencionado devido ao problema maior, a escolaridade e o analfabetismo funcional e político.

Para onde vai o desenvolvimento sustentável

A imprensa nos diz que “A Rio+20 só não é um fracasso porque a expectativa em torno dos resultados da conferencia sempre foram muito baixos” (Valor Econômico). Por essa versão o Brasil teria conseguido o que queria com o documento-base, uma vez que seu objetivo era de evitar o retrocesso em pontos importantes já acertados na Rio92. O texto-base "O Futuro que Queremos" não deverá ser modificado, imaginam os que acompanham a reunião. Sob o ponto de vista das organizações ambientalistas, a reunião foi um fracasso e nenhum ponto importante foi conseguido: não ficou estabelecido um plano de ação com as metas e os responsáveis e com a destinação clara de verbas para sua execução. Como se vê, há leituras diferentes do que foi obtido ou deixou de ser no mesmo evento que atraiu uma quantidade de pessoas muito grande. Além disso, vieram dirigentes da maioria dos estados nacionais que compõe a ONU. Queremos fazer algumas considerações: - A primeira é que houve uma significativa mobilização que atraiu a atenção mundial para a importância do tema desenvolvimento sustentável e isso certamente em temas complexos e de interesse global parece ser uma vitória; - Prefeitos das cidades que representam 21% do PIB mundial se reuniram e produziram um documento que define ações importantes e metas a serem atingidas por suas cidades. Isso é um resultado expressivo do evento; - Das conclusões que constam do documento aprovado, uma delas encaminha a criação de uma agencia mundial, ligada à ONU, similar a outras agencias importantes como a que trata da Propriedade Intelectual (OMPI) ou a responsável por Energia Atômica. Na medida em que, nos próximos três anos, se concretize o estabelecimento desta agencia estaremos diante de um mecanismo importante para regulamentar as ações voltadas ao desenvolvimento sustentável, cuidando entretanto de não criar um “governo supranacional” com poderes para legislar acima dos interesses de cada país ou região. Creio que há muitos passos que precisam ser dados de modo gradativo para uma mudança de atitude cultural, sobretudo em face de um tema da magnitude do desenvolvimento sustentável. Um documento que fosse “mais avançado” poderia significar apenas uma declaração de objetivos que não seriam cumpridos e iriam frustrar seus defensores. Isso me fez lembrar uma característica dos chineses: “é preciso andar na direção correta, aquela que resultará em atingir um objetivo pretendido em um ponto futuro, mas a velocidade a ser adotada nesse caminho será aquela que for possível” (Confúcio).

Planejar é essencial

Pode parecer que estamos tratando de um assunto óbvio: de fato, trata-se de algo evidente, mas em que nós empreendedores brasileiros estamos continuando a errar. Estamos falando de planejamento! Não temos o cacoete e muito menos o vício de planejar: precisamos adquirir estas qualidades. Sempre ouvimos as desculpas lamentáveis: mas tudo é muito instável aqui no Brasil ou na minha área de negócios, por isso não vale a pena planejar. Quem não planeja está permanentemente perdido, sem saber para onde está indo: quem planeja deve estar sempre observando a evolução do ambiente para poder atualizar seu plano, refletindo os fatores de mudança que sejam necessários. Quem tiver a atitude de planejar instalada em seu sangue, saberá sempre para onde está indo e conhecerá quais os riscos que está correndo. Eu tenho a impressão que, parte das pessoas que resistem a planejar e que não colocam em suas prioridades manter seus planos em dia, agem desta maneira porque não sabem planejar. Caros empreendedores, pode até ser que você esteja nesta categoria de pessoas, mas posso lhe afirmar que você terá muitos livros, cursos e pessoas preparadas que poderão ajuda-lo a aprender e se preparar para traçar melhor seus objetivos e formas para alcançá-los. Podemos fazer um retrato do Brasil em termos de planejamento e ele não refletirá uma imagem favorável: não temos planos de desenvolvimento como país que aponte para onde estamos indo, quais as nossas mais importantes metas e objetivos. Fala-se todo o tempo que educação, saúde e infraestrutura são as nossas prioridades: mas, onde estão os planos que mostram o que pretendemos em cada uma dessas áreas e que objetivos vamos buscar nos próximos 5 ou 10 anos? A maior parte de nossas empresas também sofre desse mesmo mal, mas muitas com um modo de agir hipócrita, em que faz planejamento estratégico, mas não prepara as ações para cumpri-lo e não acompanha sua execução. Não podemos avaliar aquilo que não medimos: planos declarados precisam ser detalhados, mostrando como vão ser cumpridos e depois devem ser acompanhados. As dificuldades encontradas no caminho precisam ser vencidas e serem feitas as revisões do plano quando mudam os seus pressupostos ou sua execução não conseguiu cumprir seus objetivos intermediários. Eu temo que nosso país e que muitas de nossas empresas venham a perder a oportunidade histórica que estamos vivendo, em que o Brasil e suas empresas têm a possibilidade de se projetar como uma potência e exercer uma nova liderança no mundo.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A importância de medir

Lembram-se do mantra do guru da Administração Peter Drucker, “Se você não pode medir, você não pode gerenciar”? Isso significa que quando dizemos que alguma coisa melhorou ou piorou é sempre em relação a um referencial, pressupondo que existe uma maneira de medir para poder fazer aquela afirmação. Vi um programa na TV com a jornalista Monica Waldvogel onde um dos entrevistados era o querido mestre Jacques Markovitch da USP. Tratava-se da próxima Rio +20 e de questões ligadas ao meio ambiente, onde ele defendeu a necessidade de se estabelecer uma maneira de medir o estado do meio ambiente, como forma de podermos tratar com propriedade da melhoria ou da piora das condições. Seria possível inclusive verificar nas medidas o efeito de cada um dos fatores considerados, avaliando essa relação com seu aumento ou diminuição. Com isso poderíamos estabelecer uma forma de separar os fatores, ordenando os que mais podem ser nocivos e os que pouca diferença fazem para a grandeza que está sendo considerada. Como se pode ver, os indicadores aos quais estamos acostumados a ver na gestão de empresas também se aplicam a outras áreas, com as devidas adaptações ao tema que se está trabalhando. Aprendi com um velho professor que tive em meus tempos de ITA, o Prof. Luiz Valente Boffi, que a analogia é um dos conhecimentos mais importantes que podemos adquirir: nesse caso, eu vi na gestão de empresas o conceito de indicadores e aprendi a aplica-los em diversas ocasiões. Agora, por analogia, eu vejo o brilhante professor Jacques defendendo que na área do meio ambiente é necessário e muito importante definir indicadores que possam medir e quantificar os efeitos dos diversos fatores e avaliar o progresso de medidas que estejam sendo tomadas. Certamente o Prof. Boffi daria os parabéns ao Prof. Jacques pela sua percepção da necessidade de se fazer esta analogia.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Empreendedorismo social visa a autossuficiência

No Brasil o empreendedorismo social veio substituir a politica assistencialista baseada na filantropia. Vamos explicar: o empreendedor social moderno busca fazer empreendimentos que sejam capazes de se sustentar após o período de investimento. Passa a não depender mais dos doadores para sobreviver. Aprofundando a ideia: suponhamos um empreendimento social que foi criado a partir de um plano de negócios prenedo que ele fosse capaz de gerar rendas para sustentar sua infraestrutura e também os seus beneficiados após o período de sua implantação. Este é um empreendimento social autossustentável. Em contrapartida, se depender da filantropia, não conseguindo gerar rendas suficientes para atender seus beneficiados e manter sua infraestrutura, ficará sempre “correndo atrás” de doações de seus beneméritos, numa situação de alto risco. Mas, quem gera renda nos empreendimentos autossustentáveis? A melhor coisa é se os próprios beneficiários fossem seus provedores. Isso é possível? Certamente que sim e temos muitos exemplos de empreendimentos sociais em que isso acontece. Imaginemos que um conjunto de pessoas de uma comunidade se agrupasse num empreendimento cuja finalidade seria: - num primeiro momento, recolher lixo e recicla-lo, criando a matéria prima necessária para fabricar seus produtos; - num segundo momento, essa comunidade criaria os produtos que foram projetados, como roupas, bolsas, cintos, almofadas, etc.; - a etapa final vai consistir em vender os produtos através de uma cadeia de lojas, gerando renda desta venda. A cadeia de lojas poderia até ser a empreendedora social que planejasse todo o processo, preparando a comunidade do empreendimento para saber executar suas tarefas e coordenar os trabalhos. Em contrapartida, além da realização pessoal de ter conseguido encontrar trabalho e renda para os beneficiados do empreendimento, também teria a possibilidade de vender produtos exclusivos e de design próprio. Para este tipo de empreendimento, há um investimento inicial para criar os produtos, estabelecer as matérias primas, preparar os processos de trabalho, treinar a comunidade e fabricar as primeiras levas de produto. Depois disso, o funcionamento se torna cíclico, isto é, a comunidade recolhe o lixo, o recicla, fabrica lotes de produtos e estes são vendidos nas lojas associadas. Na medida em que a comunidade se aperfeiçoa na fabricação – em qualidade e na velocidade de produção – pode produzir mais e ganhar mais pelo seu trabalho. Da mesma forma que também cresce no processo de recolher e reciclar o lixo, também pode ampliar a sua produtividade. Essa é a perspectiva atual do empreendedorismo social, que consegue fazer mais com menos e ter sua continuidade assegurada pelos próprios méritos de seus participantes.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Não economize em investimentos em planejamento

Estou convencido que teríamos resultados superiores aqui no Brasil, seja para as empresas, ou, seja para os governos, se nos dedicássemos mais ao planejamento de nossos empreendimentos. Outro ponto interessante a ser notado: quanto mais você planeja, a qualidade dos planejamentos que se sucedem vai melhorando. O aprendizado que se consegue praticando o exercício de planejar é muito maior do que o que se pode conseguir estudando nos livros. É que na pratica de planejar você enfrenta problemas reais e que você é quem tem de resolver: nos livros você encontra exemplos reais, cuja solução geralmente o autor lhe apresenta. Planejar precisa se tornar um hábito: você deve se acostumar a planejar todas as coisas que fizer. Isso vai lhe trazer uma vantagem competitiva muito grande. Você vai se acostumar a olhar o que acontece em sua volta de outra maneira. Vai se preocupar em observar o que mudou no ambiente, quais as causas dessas mudanças, quais as influências dessas mudanças sobre o plano de seu empreendimento. Em 1974, minha esposa foi pela primeira vez à Califórnia e lá viu que havia uma estrada com três pistas de ida e mais outras três de volta e um enorme canteiro central. Por outro lado, nas margens da estrada quase nada existia: um pequeno motel e alguns quilômetros depois o edifício da HP e mais alguns prédios esparsos. Ela não estava acostumada a isso no Brasil e este fato muito a impressionou. A estrada se chamava “El camino real”. Em 2006 fomos juntos de férias à Califórnia e por curiosidade quisemos ver o que havia acontecido com “El camino real” e pudemos constatar que era uma estrada muito importante e sempre cheia em todas as suas pistas e poderia até ser dito que se tratava da via mais importante do Vale do Silício, ligando as grandes empresas e as cidades do Vale. Imaginem se, ao ser construída, tivesse sido feita uma estrada sob medida para as necessidades daquela época: ou teria de ser refeita integralmente, com desapropriações de muitos imóveis, ou, então, as empresas que ali se instalaram iriam escolher outro local ou ficariam dispersas, perdendo o efeito mágico que tem o Vale do Silício. Sábio planejamento que criou o Vale do Silício, não apenas pelo exemplo que demos, mas por toda sua concepção e pelas diferentes versões de seu planejamento, que teve ser tantas vezes revisado.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Cuidado com as aparências

É muito comum percebermos que, ao levantar informações sobre algum assunto, damos peso àquelas que venham a corroborar nossos pontos de vista. Enquanto isso, deixamos escapar muitas teorias, fatos e resultados importantes que tem apoio científico, mas que contrariam as nossas convicções. Isso pode estar acontecendo sobre o tema aquecimento global: com você, com pessoas próximas, comigo também. Até a semana passada, eu só tinha recebido informações de um lado. Eram verdades absolutas: o mundo está sofrendo aquecimento causado pelo uso exagerado de combustíveis fosseis; o aumento da temperatura da terra está ocorrendo pelas ações do ser humano promovendo queimadas, excesso de uso de combustíveis derivados do petróleo, até mesmo os gases emitidos pelos bois em seus pastos. No fim da última semana eu assisti a uma aula dada pelo Prof. Dr. Ricardo Felício da USP e que você pode ver também no link encontrado no Google via “Aquecimento Global A FARSA - Palestra Prof. USP” - http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=oJTNJBZxX6E#! O professor apresenta pontos de vista, certamente com boa base cientifica, contrariando todas as “verdades absolutas” que vínhamos acreditando até então. Por exemplo, diz o Dr. Ricardo, professor de geografia e de climatologia da USP, que o ser humano não tem toda essa influencia sobre o clima e que suas ações não são capazes de provocar tamanhas alterações. Mostra que existem pesados interesses em jogo e diz que para o Brasil, a politica deveria ser a de não aceitar mudar seu caminho de desenvolvimento em face de falácias que estão sendo apresentadas pelos ambientalistas. Colocou em questão a atuação da ONU neste tema. Se vocês assistirem a aula que estou recomendando, poderão ver os argumentos do outro lado e julgar. Depois de ver a aula e o Programa do Jô em que o Prof. Ricardo apareceu fiquei interessado em saber se a posição apresentada seria unicamente dele: constatei que outros cientistas brasileiros desta área também concordam com o Prof. Ricardo, assim como vários estrangeiros. Portanto, o que fica claro é que este não é um assunto em que há um posicionamento cientifico unânime: pelo contrário, existem posições que se opõem e que levam a conclusões também diametralmente opostas. Se você, empreendedor, pretendia fundar um empreendimento que tivesse relação com o aquecimento global, deve saber que este é um tema em que as opiniões científicas são radicalmente divergentes. Aprofunde-se bastante sobre o assunto antes de tomar um caminho para seu empreendimento. O que parece ser um consenso absoluto pode ser apenas uma falta de informação sobre as opiniões contrárias. Nem tudo que reluz é ouro: cuidado com as aparências e o “politicamente correto”...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

EMPREENDEDORISMO PARA AS COMUNIDADES CARIOCAS

Chamo a atenção dos empreendedores, especialmente os que atuam na cidade do Rio de Janeiro, para a nova realidade que existe nas áreas que foram resgatadas pelo poder público e onde vivem grandes comunidades, agora interessadas em ter comércio, serviços e facilidades similares as que existem nos demais bairros da cidade. Isto abre um espaço de mercado extraordinário para a implantação de muitos negócios que encontrarão comunidades com características especiais, poder de consumo significativo e que precisa ser atendido. Alguns pioneiros já se anteciparam e estão atuando nessas regiões, como a Light, fornecedora de energia elétrica que já atendia às antigas favelas, mas por meio de irregulares conhecidas como “gatos”. Para legalizar sua atuação nessas comunidades e reconhecendo que o preço da energia é alto para os bolsos da população comunitária, a Light vem construindo alternativas de fornecimento e de recebimento de suas contas. Por exemplo, para reduzir os valores a serem pagos, a Light instituiu um programa de coleta seletiva de lixo para os moradores, comprando o lixo coletado na área, recebendo doações de outros da redondeza e repassando a um parceiro externo que paga pelo material e o recicla, ganhando com o resultado. Os moradores na hora de pagar a conta de luz podem ter um desconto relativo ao lixo coletado, viabilizando o pagamento de sua conta de luz. Os “gatos” vão aos poucos desaparecendo da comunidade. Outros empreendedores estão se apresentando com a disposição de treinar a mão de obra que utilizam abrindo perspectivas para que o pessoal da comunidade tenha emprego e passe a ganhar para sua sobrevivência através de trabalho produtivo, muitas vezes feito no próprio local em que vive. Fico imaginando que em cima desses muitos morros poderiam ser feitas hortas e produzidos alimentos que poderiam ser vendidos nas próprias comunidades. Do mesmo modo, poderiam ser criados pomares, de onde sairiam frutas também para o seu abastecimento. Aparentemente, os sacolões servem para fornecer alimentação barata a partir de produtos agrícolas produzidos na área: claro que não seriam todos os produtos, mas uma parcela considerável. Uma cadeia de supermercados já existente poderia capitanear e coordenar este esforço. Isso também ajudaria os moradores a encontrarem trabalho dentro de suas comunidades. Enfim, imagino que os empreendedores cariocas deveriam parar para pensar em quais as modalidades de negócios poderiam ser viabilizados para povoar as comunidades com os empreendimentos que pudessem atender suas necessidades e anseios.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Você consegue prever o futuro?

Não estamos falando de previsões sobre fatos específicos, como o numero que vai dar na loteria ou a data de sua morte. Estas são apostas sobre o imponderável e não temos muita expectativa de que o empreendedor as possa fazer. Estamos falando da visão de futuro em sua área de interesse: como na sua área de negócios você enxerga o que virá. Por exemplo, digamos um empreendedor atuante em ensino à distancia: seria bastante salutar que ele criasse uma percepção de como as pessoas podem aprender mais rápido e com mais profundidade e qual a tendência deste processo de aprendizagem. A partir destas percepções, ele vai formar sua visão de como será o futuro nesta área e vai mobilizar sua criatividade para encontrar produtos, serviços e soluções que venham a apoiar uma pessoa em sua aprendizagem. Nesse ambiente temos uma proposta na mesa sendo testada: são os “tablets” como meio para a leitura de conteúdos. Se os livros de papel vão evoluir para serem lidos através de um “tablet”, significa que poderemos agregar ao texto muito valor: explicações sobre significados de palavras, derivações do texto para mostrar como e onde são os locais onde se passa a historia que está sendo contada, até mesmo alternativas de final a serem escolhidos pelos leitores em face de respostas que o autor teria preparado previamente. Tudo isso pode levar a um livro em que o leitor participa de sua construção, inserindo-se deste modo em seu processo de aprendizado. Isso nos leva a crer que, se o livro for direcionado a ensinar algo objetivo, em vez de contar uma história, o leitor poderia ser ajudado conforme seu nível de conhecimento; seria conduzido a participar como se estivesse em uma aula em sala com professores e alunos presentes; formaria seu próprio juízo sobre o melhor caminho para se chegar à solução de um dilema, se estivéssemos falando de estudo de casos. Nesse exemplo, tratamos do ensino à distancia que tem um objetivo final claro e que consiste em encontrar a melhor forma de ajudar o aprendizado de uma pessoa. Se estivéssemos falando de moda, maneira de pessoas se vestirem, talvez a construção desta visão de futuro ficasse mais abstrata e difícil de prever: mas, o empreendedor poderia se valer do fato de que não existe uma única moda, variadas opções convivem. Portanto, o empreendedor de moda poderia ver o futuro para uma situação especifica ou para um grupo de pessoas: para uma situação como a moda de praia ou a moda de vestidos de casamento; para um grupo de pessoas, como moda para os jovens, gordos ou para meia idade. Nesse caso, estaríamos reduzindo o escopo do problema a ser resolvido para que o empreendedor pudesse prever o futuro, de acordo com seu conhecimento e percepção. Mas, o que queremos neste blog é despertar no empreendedor a compreensão da importância de se pensar em como vai ser o futuro em sua área de atuação para que possa encontrar as soluções ou construir o caminho para o que ele quer ver adiante.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Hoje é dia de comemorar

Meus amigos: hoje estamos chegando ao centésimo blog. Isso significa que, durante 100 semanas seguidas, sempre conseguimos publicar nosso blog. Gostaríamos de ter mais participação de nosso público e estamos pensando em como dinamizar mais este blog, com o objetivo de trazer discussões para os empreendedores brasileiros, criar um espaço em que pudéssemos construir ideias e apresentar as experiências de cada um. Já iniciamos alguns debates que acabaram por não acontecer, pela falta de debatedores. Continuamos a convidar o pessoal para interagir conosco. Neste ultimo fim de semana estivemos em uma festa de empreendedores: foi a comemoração dos 50 anos de Claudio Nasajon e lá estavam muitos empreendedores com os quais temos convivido neste últimos anos. Foi uma festa linda: mesmo sabendo que era para comemorar os 50 anos do Claudio, nosso vírus empreendedor acabou por contaminar algumas mesas, onde só se falava de empreendedorismo. Foi muito prazeroso encontrar empreendedores de varias idades e em áreas bastante diversificadas. O Claudio não sabia, mas eu acabei por roubar mentalmente a comemoração dele para ser a festa dos 100 blogs. Afinal, Claudio está na nossa história e foi meu coautor em mais de um livro, além de termos dividido as aulas da disciplina Planejamento de Negócios da PUC-Rio, vivendo grandes emoções na construção dos empreendimentos de nossos jovens alunos. Na festa estavam empreendedores que foram nossos alunos, nossos sócios e nossos colegas no ensino do empreendedorismo. Obrigado, Claudio, pela carona em sua festa, mas foi o local onde mais pensei na comemoração das edições deste blog. Aos nossos leitores, obrigado pela atenção em todo este período de vida do blog e a esperança de que continuem a nos acompanhar.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Não basta preencher o Canvas

A contribuição de Osterwalder para o empreendedor conseguir definir seu modelo de negócios é bastante significativa. Seguindo sua metodologia de construir o Canvas, o empreendedor tem uma forma didática bastante clara e ordenada para atingir bons resultados. Mas, é preciso tomar alguns cuidados básicos e não esperar excessivamente da ferramenta. O cuidado maior é evitar que o preenchimento do Canvas seja algo mecânico que basta responder o que cada quadradinho pergunta: não é assim. Há necessidade de construir um todo consistente, em que as partes só se compõem se tiverem sido imaginadas de maneira criativa e buscando integrar as ideias envolvidas. Não esqueçam de que tudo que se coloca no papel precisa ser testado: o papel aceita tudo, mas se a realidade rejeitar você precisa voltar para a prancheta. Se você conseguir preencher o Canvas com competência e depois os testes de campo confirmarem as suas hipóteses e as ideias que você lançou forem validadas pelo mercado, então você conseguiu passar esta etapa. Mas, ainda assim não pense que não vai ser necessário fazer um plano de negócios: esta ideia tem sido dita por varias pessoas, nitidamente exagerando o valor da metodologia, sem levar em conta que o plano de negócios contém elementos que não estão presentes no Canvas mas necessários para a implantação de sua empresa. O estudo do mercado e dos concorrentes, com a formulação de uma estratégia de entrada no mercado, é algo que faz parte do plano de negócios e que precisa ser muito bem trabalhado pelo empreendedor. A organização da empresa, os recursos humanos necessários e seus processos são aspectos de um plano de negócios que precisam ser bem pensados pelo empreendedor e só aparecem de modo superficial no Canvas. Finalmente, o planejamento financeiro é uma parte fundamental para permitir ao empreendedor saber por que mares está navegando: o Canvas não lhe dá nem mesmo o mínimo que é necessário para implantar com sucesso uma empresa. É evidente que o plano de negócios não é algo sacrossanto que é feito uma vez e depois ninguém mais atualiza: alguns dizem que não pegam mais no plano depois que conseguiram entrar para uma incubadora ou que conseguiram os investidores para a empresa. O erro é que o plano de negócios foi tratado inadequadamente por quem pensa desta maneira: ele deve ser algo vivo e sofre revisões, a medida que o empreendedor vai conhecendo melhor a realidade e aprendendo mais sobre seu negocio. Infelizmente para os que acreditam que basta fazer um Canvas e que depois o empreendedor vai ficar livre de planejar, devo dizer que este é um engano grave. Ao contrario, ele deve aprender que planejar será sempre uma de suas atividades permanentes e que será um fator essencial para seu sucesso.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Bons exemplos a serem seguidos

Temos evoluído bastante aqui no Brasil, em tudo que se trata de empreendedorismo, mas a politica que pauta as ações governamentais e as entidades do governo não tem tido muita continuidade em suas iniciativas. Um exemplo disso é o que aconteceu com a FINEP em relação ao Prime - Primeira Empresa Inovadora, um programa que facilitava bastante o empreendedor na construção de seu empreendimento. Funcionou uma vez em 2009 e desde então não foi mais operacionalizado pela FINEP. Um bom exemplo na área governamental é o do Estado de Israel: o empreendedorismo foi considerado estratégico e como prioridade nacional. A partir daí foram criadas 25 incubadoras que têm sido mantidas pelo Estado e um mecanismo de financiamento de 250.000 dólares para os projetos inovadores que sejam aprovados dentro de um critério claro e construtivo. Depois de 15 anos de seguir esta politica, sem pular nenhum ano, houve uma evolução do critério para permitir que agentes financeiros que queiram investir nas empresas nascentes israelenses possam se associar através das incubadoras e isso trouxe mais 14 bilhões de dólares para os empreendedores israelenses, além do que o governo já investia e manteve. Por isso, lemos tantas noticias de sucesso trazidas pelas empresas dos jovens daquele país. Claro que é também importante o ambiente de pesquisa das universidades, como é o caso do Technion e outras mais que participam deste ambiente empreendedor e de construção de inovação. Será que, neste momento em que a presidência do Brasil busca parcerias estratégicas para formar pessoal de alta qualificação, não seria também oportuno e conveniente pensar em estabelecer um politica governamental para o empreendedorismo, inspirada no exemplo israelense? Compreendo as dificuldades de se implantar novos processos e politicas no Brasil, mas esse desafio pode ser compensado pela solução do dramático atraso nacional em relação à inovação e a nossa péssima colocação no ranking mundial desta área. Do que estamos falando em termos de recursos? Se imaginarmos que, num primeiro momento, o governo brasileiro escolhesse as vinte melhores incubadoras de empresas do país e passasse a dar a elas condições de prestar um bom serviço, poderíamos estar falando em algo como R$ 120.000.000,00 por ano, contemplando cada incubadora com R$ 500.000,00 a cada mês. Se ainda imaginarmos que seja restabelecido o Programa Prime, com a geração de 30 novas empresas em cada incubadora por ano, cada uma recebendo cerca de R$150.000,00, teríamos 600 novas empresas que consumiriam R$ 90.000.000,00 por ano. O resultado é que poderiam ser implementadas essas ideias com apenas R$ 210 milhões em cada ano. O governo de Israel investe 500 milhões de dólares por ano em programa similar. Presidente Dilma, autoridades do Ministério de Ciência e Tecnologia, leiam este blog, podemos ajuda-los a implantar programas simples, eficazes e que se pagam em pouco tempo. Já imaginaram esta novas empresas retornando em impostos e empregos todo o investimento feito, em menos de cinco anos?

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Acelerando uma empresa II

Conforme anunciado no blog anterior, onde descrevemos as características das aceleradoras de empresas iniciantes, veremos agora quais os critérios que o empreendedor deve levar em conta para escolher uma aceleradora.

Certamente o suporte que a empresa irá receber da aceleradora tem enorme peso nessa decisão. Para um empreendedor são relevantes os seguintes tipos de apoio da aceleradora:
- na organização da empresa e nos processos que vai adotar – em geral, mentores desempenham este papel;
- na penetração no mercado por meio da cadeia de relacionamento da aceleradora;
- na busca de investidores para viabilizar projetos da empresa e seu desenvolvimento;
- na globalização da empresa, seja pela sua atuação no mercado internacional, ou através de seu estabelecimento e operação em mercados fora do país.

Naturalmente, o empreendedor terá de considerar o beneficio adicional que a aceleradora vai trazer ao seu empreendimento, comparado ao percentual das ações que vai ficar em seu poder.

Por exemplo, uma aceleradora que seja capaz de oferecer um elenco de mentores que conheçam bem o processo de constituição da empresa e tenham experiência em lidar com este tipo de empresa nascente é um fator importante para que o empreendedor faça sua opção.

Outro item é a sinergia entre as empresas da aceleradora: a existência de empresas complementares e que possam atuar em conjunto, favorecendo o seu crescimento global, ajuda bastante a ampliação da clientela, a ocupação de espaços de mercado e a criação de soluções comuns.

Não há padrões estabelecidos para mensurar estes fatores, aqui comentados. Vemos aceleradoras que preferem ter menos de 50% das empresas, mesmo quando contribuem com recursos financeiros para desenvolver os planos da empresa. Este posicionamento visa a favorecer o empreendedor e a valorizar sua dedicação no processo de criação e desenvolvimento da empresa nascente.

Também se preocupa com as futuras diluições causadas pela entrada de novos investidores, o que é necessário em muitos casos, para explorar adequadamente a potencialidade da empresa. Uma diluição muito grande dos empreendedores os desestimula a continuar o negócio ou implica na redução de seu empenho.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Acelerando uma empresa I

Uma visão que o empreendedorismo brasileiro desenvolveu foi a incubação de uma empresa. Ideias de empreendedores, com algum amadurecimento e transformadas em planos de negócios, conseguiam ser aprovadas por incubadoras, especialmente as ligadas a Universidades. Essas instituições observavam as características dos sócios da futura empresa e o quanto o plano de negócios estava bem preparado.

Os aprovados neste filtro eram normalmente levados a uma banca que dava o veredicto final, após a apresentação do plano de negócios pelo empreendedor. Os que tivessem sucesso na banca instalavam suas novas empresas na incubadora e tinham cerca de dois anos para mostrar a viabilidade da empresa. As incubadoras estabeleciam metas a serem atingidas para que a nova empresa pudesse concluir com êxito seu período de incubação. Essas metas eram em termos de produtos e serviços oferecidos, a clientela conseguida, o faturamento anual obtido e a montagem da organização da empresa com sua equipe e processos.

Após esta fase, se concluída com sucesso, o empreendedor saia da incubadora e passava a ter novo endereço para sua empresa, assim como outra estrutura de custos. Precisava refazer o plano para seus próximos anos, quando deveria aspirar ao crescimento da empresa e obter recursos para viabilizá-lo. Poucas foram as empresas que conseguiram impressionar investidores: eram ainda bastante pequenas e o risco para os investidores era muito alto.

Algumas conseguiram se desenvolver com recursos próprios, reservando uma parte do dinheiro que conseguiam ganhar para investir em seu projeto de crescimento. Outras poucas conseguiram investidores que nem sempre ajudaram muito para a realização do plano de desenvolvimento da empresa.

O conceito atual de aceleradora significa um repensar de todo este ciclo de criação e desenvolvimento de uma nova empresa: em primeiro lugar, o empreendedor é levado a pensar mais profundamente sobre suas ideias e a testar o seu modelo de negócios no mercado. Isso requer um suporte mais experiente para os empreendedores e também algum recurso para preparar e realizar essa prova. Sem passar por essa etapa, não há como investir tempo e dinheiro num empreendimento. Há inclusive certo exagero de alguns professores ao dizer que o plano de negócios morreu, pois só é necessário fazer e testar o modelo de negócios. Essa modelagem representa o básico para dar prosseguimento ao investimento no empreendimento.

Quando os envolvidos encontrarem um modelo de negócios que indique a possibilidade de sucesso do empreendimento, há a necessidade de fazer um bom plano de negócios. No caso da aceleradora, o empreendedor contará com uma equipe de mentores experientes, familiarizados com o desenvolvimento e organização de empresas.

O termo aceleradora vem exatamente da convicção de que o acompanhamento e o suporte da empresa nascente pode leva-la a um patamar de desenvolvimento bem superior ao que uma incubadora conseguia. É claro que o investimento em cada empresa nascente feito pela aceleradora é muito maior do que o realizado pelas incubadoras, que se limitam a lhes dar apoio na obtenção de recursos de entidades de fomento, orientação de professores e alguma logística, sem interferir em sua administração.

Pode valer a pena para o empreendedor aceitar ceder parte de suas cotas na empresa idealizada para contar com o apoio da aceleradora. Em nosso próximo blog vamos discutir os critérios para o empreendedor avaliar e escolher uma aceleradora.

terça-feira, 27 de março de 2012

21212 promove evento para empreendedores no Rio de Janeiro

Você sabe o que é 21212? É uma iniciativa empreendedora de alguns jovens que já tiveram grande sucesso em empreendimentos anteriores e agora aplicam o que conseguiram ganhar e seu próprio tempo para estimular outros seguidores nessas empreitadas. Assim, a 21212 é uma incubadora e aceleradora de empresas que seleciona projetos de empreendimentos para serem incubados e terem sucesso de modo rápido.

O funcionamento de um moderno sistema de desenvolvimento de novas empresas favorece um contato muito grande entre elas, busca projetos que tenham sinergias para que possam fazer planos conjuntos e colaborar intensamente em beneficio de cada grupo. Isso é feito na 21212 de modo extensivo.

Outro aspecto importante é a mentoria dessas empresas, com pessoal experiente e bem preparado para ajuda-las. Esta função também é enfatizada na 21212.

Vivemos um mundo em que não basta fazer uma nova empresa se viabilizar: é preciso trabalhar no limite da inovação e pensar globalmente. Este é um dos princípios da 21212.

Como vocês podem ver fiquei entusiasmado com o que a 21212 apresentou em seu Demo Day, realizado no Rio de Janeiro. O que as empresas mostraram foi muito interessante e objetivo.

A 21212 conseguiu atrair muitos investidores para seu show carioca. Além disso, levou Armínio Fraga para fazer uma apresentação rápida durante o evento. Este é o caminho do empreendedorismo brasileiro: corajoso, competente e inovador.

A Endeavor transmitiu o evento pela Internet, ao vivo, e eu creio que deve ter sido visto por bastante gente em São Paulo e em outros estados brasileiros.

Parabéns 21212! Deste modo teremos em breve novos empreendimentos inovadores de sucesso.

sábado, 17 de março de 2012

A oportunidade está na sua porta

Vivemos um ano que não foi saudado com muita alegria: a expectativa era estarmos em meio a muitas dificuldades e riscos em diversos sentidos. O pior de todos era um possível desemprego em proporções assustadoras.

Existiam razões objetivas para justificar os temores: as crises europeia e americana, a redução da velocidade de crescimento da China, nossa crônica insuficiência de infraestrutura e de ação para reverter esta situação. Parece que não faltava nada para que 2012 viesse a ser um ano perdido para o progresso ou a evolução do desenvolvimento.

Algo mudou? Com relação aos problemas que seriam potencialmente causadores dos pesadelos de 2012, podemos dizer que pouco. Mas, o que se alterou foi a atitude dos diversos atores.

A crise americana, com coragem e firmeza, está sendo enfrentada e já existe uma percepção de sucesso e de fortes indícios de saída. Quanto à Europa, podemos dizer até que se formou uma convicção de que a crise é profunda e que requer muito tempo para ser vencida. Até mesmo que existe uma incerteza sobre o sucesso de conseguir reverter o quadro, ao menos para alguns países do bloco do euro. Mas, e por isso mesmo, as medidas que estão sendo tomadas são mais profundas e mexem com aspectos anteriormente considerados intocáveis, como o controle de cada país pelo bloco, sempre colocado como perda de autonomia nacional. Mais que tudo é a aceitação, ainda que com ranger de dentes, da redução dos benefícios que os Estados Europeus prestam a seus cidadãos.

A China continua a pretender reduzir sua velocidade de progresso, mantendo ainda altos índices de desenvolvimento. Caso esse crescimento fosse repetido, talvez representasse uma aceleração que poderia trazer consequências desfavoráveis para o povo chinês e que encontraria dificuldade de manter o suprimento de matérias primas para viabilizá-lo. Portanto, não está sendo difícil absorver esta redução, ainda conduzindo a níveis de ser a locomotiva do crescimento mundial.

Já aqui no Brasil, não tememos pelo que a crise possa nos trazer de más consequências: nosso problema é que a oportunidade que está na nossa porta pode ser perdida pela ausência e incompetência de nosso planejamento e implantação de soluções.

Mais uma vez estamos deixando de empreender o que é obvio. Temos oportunidades por não termos a infraestrutura necessária para o progresso que poderíamos criar, nem um sistema educacional que forme quadros suficientes para ocupar os postos de trabalho que precisamos criar. Além disso, o sistema de saúde não é capaz de responder satisfatoriamente nem mesmo nos seus aspectos básicos. Mas, em contrapartida, temos um guloso sistema tributário que engole uma parcela enorme de nossos rendimentos, mas que não devolve em serviços básicos o que a população precisa para ter a tranquilidade de trabalhar motivada. Os serviços de transporte urbano estão longe de serem razoáveis e o tempo e a energia das pessoas são consumidos para enfrentar os meios de deslocamento nas cidades.

Meus amigos, com essas reflexões eu não temo tanto pelo ano 2012, mas não ficaria surpreendido se perdêssemos mais uma oportunidade de chegar a um novo patamar de desenvolvimento que permitisse ao nosso povo ter um padrão de vida compatível com nossos recursos minerais, de energia e de produção agrícola e pecuária.

Além disso, quantos de nossos bons empreendedores estão se dirigindo para a área política, visando o bem estar da sociedade e o progresso econômico sustentável, apoiando as tentativas de melhorar o padrão dos nossos representantes e gestores, driblando as armadilhas dos criadores de dificuldades para vender facilidades?

Será que vamos morrer na praia? Confesso que tenho esperanças, mas não são muito grandes...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Educação Empreendedora III

Concluindo nossa intervenção a respeito da EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA, abordamos os valores críticos que são encontrados no empreendedor e que uma boa educação empreendedora deve utilizar como seu eixo de orientação e que são os seguintes:

i. Desmistificação do empreendedor – há todo um trabalho de derrubar os mitos existentes sobre os empreendedores e discutir com os alunos quais seriam as características que devem ser valorizadas;
ii. Orientar o empreendedor para realizar sonhos e mostrar as características desse caminho;
iii. Valorizar o fazer e procurar criar situações em o aluno deva trabalhar em equipe e atingir um objetivo – um dos valores a ser desmistificado é o medo de errar;
iv. Mostrar as diversas facetas do empreendedorismo: social, empresarial, de desenvolvimento local, empreendedorismo corporativo ou intraempreendedorismo;
v. Instrumentalizar o empreendedor para planejar, controlar, gerir projetos, tratar de pessoas, vender, se organizar em forma de processos;
vi. Valorizar o exemplo de outros empreendedores através de palestras e de exposições e livros que contem a historia de pioneiros e empreendedores brasileiros.

Assim a educação empreendedora trata também de valores éticos e de cidadania buscando que o empreendedor seja orientado a criar capital social, como a questão tributaria (não sonegar, mas lutar por impostos justos), a questão do valor do trabalho, a valorização das comunidades locais onde se situa a empresa e muitos outros.

Com relação à instrumentalização do empreendedor, compreendendo lhe municiar com conhecimentos, aptidões e atitudes necessárias ao desempenho de suas funções, tivemos:

a. O ciclo de vida de um empreendimento precisa ser bem conhecido pelo empreendedor: desde a ideia do que se pretende e sua visão de futuro, passando pelo processo de planejamento para realizar o projeto e depois os conhecimentos necessários para fazer a implantação do empreendimento a partir de seu plano;
b. Algumas aptidões nesse ciclo de vida podem ser contratadas, mas há outras em que o próprio empreendedor precisa realizar: por exemplo, a transmissão de sua visão e sua capacidade de convencer as pessoas a segui-la; a habilidade de negociar para conseguir estabelecer condições de equilíbrio dos diversos interesses dos participantes dos empreendimentos. Essas aptidões precisam ser desenvolvidas, preferencialmente através de trabalhos práticos;
c. As aptidões que o empreendedor deverá ter em sua equipe e que não serão exercidas por ele diretamente precisam ser coordenadas e orientadas para o resultado pretendido: essa habilidade de liderar o grupo é também essencial ser desenvolvida na educação empreendedora;
d. A educação empreendedora é caracterizada pelo uso de jogos, discussão de casos, trabalhos em equipe e apresentações de temas ou propostas para serem debatidas.

É claro que este tema tem muito a ser tratado e aprofundado, tanto é que anualmente são realizados muitos seminários e congressos a esse respeito. Apenas estes aspectos apresentados ajudam a iniciar uma grande discussão que é necessária para o ensino do empreendedorismo e para a definição do papel das universidades e escolas que estejam lidando com este assunto.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Educação Empreendedora II

Continuando o tema EDUCAÇÂO EMPREENDEDORA que iniciamos na semana passada, voltando a nossa apresentação em Fortaleza, passamos a tratar das principais características dos currículos voltados a essa educação e dissemos:

a. As disciplinas que são oferecidas nas principais universidades são: Introdução ao Empreendedorismo (com diversas nomenclaturas e orientações: Atitude Empreendedora, Empreendedorismo I); Plano de Negócios; Marketing Empreendedor; Inovação e geração de ideias; Financiamento de Empreendimentos ou Investimentos em Empresas Nascentes; Empreendedorismo Social; Empreendedorismo Cultural; Empreendedorismo para Desenvolvimento Local; Planejamento e Gerencia de Projetos.

b. As principais universidades têm centros de empreendedorismo ou pelo menos incubadoras de empresas e buscam a associação da área de empreendimentos em projetos com os laboratórios da universidade.

c. Um ponto importante que se tem usado na educação empreendedora é levar empreendedores para fazer palestras e mostrar a carreira de empreendedores conhecidos. Nos primeiros tempos de educação empreendedora, era difícil arrumar empreendedores para fazer as palestras, o que se modificou bastante atualmente com o sucesso do movimento de empreendedorismo no país. Por outro lado, os exemplos que tínhamos para apresentar eram de empreendedores estrangeiros, o que hoje foi inteiramente substituído e muito melhor suprido pelos pioneiros que constam dos livros do Prof. Jacques Markovitch;

d. Em poucas universidades houve a preocupação de associar o empreendedorismo a currículos de graduação de alunos em outras áreas. Uma delas é a PUC-Rio que tem o DOMINIO ADICIONAL, que consiste em dar ao aluno a oportunidade de se graduar uma área e ao cursar certo de numero de suas disciplinas opcionais na área de empreendedorismo, fazendo um projeto final, vai conseguir que seu histórico escolar tenha sua graduação em sua área principal e um domínio adicional de empreendedorismo.

Esta opção permite que o aluno tenha uma educação empreendedora bem abrangente, facilitando o desenvolvimento do planejamento de sua empresa e viabilizando o processo de sua incubação. Por outro lado, para os alunos que não desejem constituir uma empresa ao se formarem, este DOMINIO ADICIONAL valoriza seu currículo de graduação no ponto de vista de muitas empresas contratantes.

Fica então exposta uma situação que tem dois polos contraditórios: por um lado já se consegue identificar Universidades que fazem uma educação empreendedora consequente e que realmente se compromete com o empreendedorismo, oferecendo ao seu aluno a oportunidade de empreender em sua incubadora. De outra parte, a maioria das universidades que possuem apenas uma disciplina de empreendedorismo, ainda assim são uma boa ajuda ao aluno a conhecer o tema e a fazer seu juízo a respeito de como vai se engajar ou não nesta área. Na hipótese que ele fique interessado e motivado, está claro que terá necessidade de buscar o aprofundamento no tema em outra universidade ou instituição.

Vamos concluir este tema EDUCAÇÂO EMPREENDEDORA no blog da próxima semana.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Educação Empreendedora I

Foi inaugurada em Fortaleza, em 14 de fevereiro, a “EXPOSIÇÃO PIONEIROS & EMPREENDEDORES”, levando ao Nordeste o que já havia sido apresentado no Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro um ano antes. É bastante feliz a ideia de levar esta exposição por todo o país e, por isso mesmo, acreditamos que em Fortaleza ela terá sucesso igual ou maior do que teve no Rio de Janeiro.

No evento que antecedeu a inauguração da Exposição, um dos temas tratados foi EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA e fomos convidados pelo Prof. Jacques Marcovitch, curador da Exposição para tratar desse tema de uma maneira sucinta.

Assim, pudemos inicialmente mostrar o que se almeja obter através da educação empreendedora. Apresentamos os seguintes aspectos:

a. Despertar no aluno sua vertente empreendedora – toda pessoa tem esse lado, que muitas vezes não se manifesta por falta de motivação ou oportunidade;
b. Mostrar a possibilidade de realizar sonhos através de uma atitude proativa e empreendedora;
c. Discutir a realização individual, contextualizando o sonho, a vontade, a recompensa, o dinheiro e a necessidade buscando balancear estes fatores;
d. Tratar da necessidade de instrumentalizar o empreendedor: como planejar, criar cenários e explorá-los, estruturar a realização de um sonho, acompanhar um projeto, como fazer um plano B;
e. Tirar o medo de errar do empreendedor, mostrando que isso é um fato normal, que se deve planejar para reduzir riscos e buscar as lições nos acontecimentos. Errar é parte do caminho.

Em seguida, abordamos alguns exemplos de como as escolas e universidades promovem a cultura do empreendedorismo. Iniciamos por lembrar que o ensino de empreendedorismo começou no Brasil num momento difícil. Havíamos passado pelos fracassos da economia brasileira dos anos 80 (1980), que conduziram a percepção de que o empreendedorismo seria uma boa opção para mudar os rumos. Timidamente se iniciou esse ensino, com alguns conceitos e interesse em apoiar a trajetória de alguns jovens empreendedores que desejavam abrir seus negócios durante ou após a conclusão de seu curso superior.

Mas, esse movimento andou depressa e já no final do século XX, a partir de 1995 começaram a aparecer cursos nas universidades e um movimento para a criação de incubadoras de empresas nas Universidades. Em 2003, uma pesquisa do SEBRAE e do IEL – Instituto Euvaldo Lodi (ligado à CNI), compreendendo 58 IES (Instituições de Ensino Superior) públicas e 78 privadas, constatava que 69% ofereciam algum tipo de ensino de empreendedorismo, de um modo geral inserido em programas de cursos de Administração, Contabilidade, Tecnologia de Informação e Engenharia. Muitas vezes eram tópicos de disciplinas que tratavam do assunto;

Sete anos depois, em 2010, pesquisas de Guerra e Grazziotin, feitas através dos portais da IES mostraram que das 115 IES publicas consultadas, 32% ofereciam disciplinas de ensino de empreendedorismo, e de 410 IES privadas, 11,5% tinham esses cursos.

A distribuição dessas disciplinas abrangia muitas outras áreas não levantadas na pesquisa de 2003, como Comunicação Social, Turismo, Educação Física, Fonoaudiologia, e outras. Cerca de metade das ofertas estão fora de cursos de Administração.

Hoje em dia, sabemos que quase todas as universidades oferecem a seus alunos, com algumas restrições, pelo menos uma disciplina de empreendedorismo, para que o aluno tenha conhecimento do que se trata, como funciona e enfim, os pontos básicos para que o aluno possa buscar os meios para planejar e desenvolver seus futuros projetos empreendedores.

Entretanto, poucas instituições de ensino apresentam programas de educação empreendedora que sejam mais aprofundados: além das disciplinas que constituem seu programa é necessário que a instituição ofereça a possibilidade de incubar empresas nascentes, criadas pelos alunos e proporcionar um ambiente que estimule as trocas de experiências entre os empreendedores e o contato entre estes e os investidores.

É difícil citar quais as universidades que tem um programa de educação empreendedora sem esquecer algumas importantes, mas as principais que mencionamos foram: Universidade Federal de Pernambuco com o CESAR e o Porto Digital; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro com o Instituto Genesis; Universidade Federal do Rio de Janeiro com as suas incubadoras Biorio e a da Coppe e o parque tecnológico do Fundão; Fundação Getulio Vargas em São Paulo com um exemplar Centro de Empreendedorismo; SENAC, com um programa que está produzindo resultados muito interessantes; Universidade Federal de Santa Catarina, com sua incubadora Celta em evolução para se constituir em excelente parque tecnológico; Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com seu parque TECNOPUC; Universidade de São Paulo com a incubadora CRIATEC.

Na próxima semana continuaremos a tratar desse tema.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Planejamento carnavalesco

Quando eu disse para um amigo que eu ia escrever o blog de hoje, ele falou: mas nem no Carnaval você dá folga nesse blog! Ele tinha razão, eu até pensei em não publicar nada esta semana...

Só que meu tema de hoje tem ligação com o Carnaval. O meu exemplo preferido de boa gerência de projetos é a preparação do desfile de uma escola de samba. Notem que este trabalho tem todas as características formais de um projeto – planejamento prévio, prazo definido (o dia do desfile), organização estruturada (comissão de frente, alas, bateria, fantasias, destaques...), orçamento, patrocínios, cuidados ambientais e jurídicos (não pode ofender religiões, opções sexuais, políticos, honras, direitos autorais), bailes para treinos e arrecadação de recursos e tantas outras atividades que deixarei que o leitor solte sua imaginação para fazer essa lista.

Como é possível articular tantos aspectos, tarefas e especialidades diferentes sem usar planilhas, um PERT, um cronograma ou algum recurso de apoio que ajude a reduzir riscos ou a tornar mais viável o cumprimento de prazos e orçamentos?

Este é o ponto que me faz refletir todo Carnaval e sempre saio cada vez mais encantado com os de desfiles. Mas, sem descobrir como projetos, que a cada ano se tornam mais complexos, possam ser feitos sem nenhuma metodologia explícita ou auxilio de tecnologia de gestão.

O lado positivo é que fica o desafio aos nossos gerentes de projeto: se os desfiles das escolas de samba são mais excepcionais com o passar do tempo, como podemos justificar os atrasos nas obras e em todas as implantações necessárias para eventos que terão enorme interesse nacional? Dizem que, no caso dos desfiles de escolas de samba, trabalha-se com coração, todos estão envolvidos e se sentem realmente responsáveis pelo resultado. Porque não poderia ser assim nos demais projetos? Será que os nossos gerentes de projeto estão considerando a importância de manter suas equipes motivadas e suficientemente informadas sobre os objetivos a serem atingidos? Será que os nossos gerentes apenas se contentam em usar os recursos de planejamento e de tecnologia, esquecendo-se dos aspectos motivacionais?

Vejam os desfiles com atenção e, nos intervalos entre as escolas, tentem elaborar o planejamento desses projetos, nem que seja uma maneira de se manter acordado... Mas, não se esqueçam de incluir itens como informar a equipe dos objetivos a serem atingidos e nem de cuidar da motivação do pessoal.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Você tem alguma restrição a ser rico?

Meus amigos, se perguntarmos a qualquer pessoa se quer ser rica, creio que a resposta é certamente afirmativa. Mas, ser percebido pelas demais pessoas como milionário tem sido um problema para muita gente, especialmente aqui no Brasil.

Parecer rico carrega algum estigma. Talvez seja porque do conjunto de abonados de nosso país haja muitos que chegaram a essa situação por meio de atitudes reprováveis: exploração de mão-de-obra, pagamento os salários de abaixo do valor de mercado e subtração dos direitos trabalhistas; participação em conluios onde a corrupção predomina; recebimento de heranças sem nenhuma ação de mérito ou de colaboração com a geração da riqueza; enfim, a origem dos bens tem alguma característica que desqualifica seu detentor.

Mas, quando estamos no ambiente empreendedor, é muito provável que a riqueza seja o resultado de muito trabalho, de abertura de vagas para que seus colaboradores possam trabalhar e sustentar suas famílias, de muita competência em planejar e implantar seus projetos, com uma gestão de alta qualidade, tantas vezes resultando em pagamento de impostos que permitiram aos governos fazer seus investimentos em beneficio da população.

Este empreendedor que enriqueceu em consequência de uma sistemática ação positiva e elogiável, deve se orgulhar de ter atingido esta situação. Ser rico neste caso é algo que vem premiar um comportamento correto e persistente, com habilidade e correndo riscos calculados, com um planejamento para contingências adversas bastante bem elaborado.

Nosso empreendedor milionário Eike Batista não cansa de dizer do seu orgulho de ser um dos mais ricos do mundo. Quando faz esta afirmação, não deixa de lembrar que esta situação privilegiada é o resultado da geração de empreendimentos, de produtos importantes para o consumo das pessoas, de empregos, pagando altos impostos, contribuindo com as populações e comunidades na região onde ficam suas empresas.

Proponho que cada um que vive no ambiente do empreendedorismo pare para pensar sobre este tema e busque uma resposta a minha pergunta: entre os empreendedores brasileiros que você conhece, a maioria deles tem um comportamento ético digno ou são pessoas que buscam o enriquecimento sem respeitar os direitos alheios e sem prestar os tributos necessários para a sociedade?

Minha resposta é bastante favorável aos nossos empreendedores e, na educação empreendedora que lhes transmitimos enquanto alunos é marcante a valorização da questão do comportamento ético e a valorização de ações que visam a colaborar com a solução de problemas sociais.

sábado, 28 de janeiro de 2012

A importância de trabalhar profissionalmente

Estamos vivendo um momento triste. Afinal, três prédios caíram juntos e de repente, felizmente fora do horário padrão de expediente. Mas, ainda sim, as perdas foram muito grandes. Mais de 20 vidas humanas e a paralização da vida normal de muitas empresas e escritórios.

Para o empreendedor minha esperança é que seja possível tirar uma lição: uma velha lição, que repetimos à exaustão faz muito tempo. Planeje antes de fazer e analise todas as possíveis implicações e os riscos que você vai assumir.

Quem age deste modo, costuma ter menos surpresas. Um amigo meu diz que surpresa é uma coisa desagradável. Ele não gosta quando alguém diz em sua presença: que agradável surpresa. Alega que isso é uma mentira ou pelos menos sinal de falta de planejamento.

O planejamento serve para se pensar em diversos aspectos que envolvem o ato de empreender alguma coisa. Quanto mais bem feito o planejamento, menor a possibilidade de ocorrências que não foram imaginadas. As surpresas para o planejador significam que o não desejável ou não imaginado ocorreu. Portanto, não foi previsto ou o risco que trazia foi erradamente avaliado.

Claro que não sei de quem foi a culpa desta terrível catástrofe: mas, certamente devemos procurar algo que foi feito sem planejar ou mal planejado.
Não adianta dizer que estou errado e que foi falta de acompanhamento, falta de fiscalização (controle). Só pode haver acompanhamento ou controle depois que houver o planejamento. A briga pela fiscalização é valida, mas é preciso antecedê-la pelo planejamento.

Evidentemente, cabe aqui também pensar que não há um processo claro para fazer alterações e obras em prédios pré-existentes. O CREA mostrou como deveria funcionar sua burocracia e a Prefeitura compreendeu que falta algo para preencher esta lacuna. E eu pergunto: precisava esperar ruírem por terra três edifícios e matar mais de 20 pessoas para perceber isso? Nem havia necessidade de criatividade: afinal, bastava copiar como fazem as grandes cidades do mundo para resolver esta questão.

Minha conclusão é que ainda nos falta muito para construir um país empreendedor, com hábitos que ajudem a ampliar nosso capital social. Precisamos investir fortemente nisso: não é o dinheiro que irá resolver. Esse é um problema de educação. É preciso que em nossos valores exista uma espécie de alarme que tocaria dentro de nossas cabeças sempre que fizermos alguma coisa sem pensar antes, sem planejar e sem considerar o quanto podem ser nocivas para as pessoas.

Precisamos, nós os professores de empreendedorismo, discutir com nossos alunos um conjunto de valores que são importantes para sua vida inteira. Nossos empreendedores precisam lembrar que não basta o sucesso financeiro: é preciso também criar permanentemente capital social, evitando ações em que não poderemos justificar nossa falta de responsabilidade.

“Prepara com antecedência teu trabalho e torna-o apropriado para ti, no campo; depois, trata de construir tua casa” (Provérbios do Rei Salomão, 24:27).

sábado, 21 de janeiro de 2012

A era pós-PC IIII

Eu havia dado por terminada a minha série de dois blogs sobre a era pós-PC, mas ao ler esta semana a revista Exame identifiquei o quanto este número da publicação voltada a negócios esta alinhada com a era pós-PC.

Em educação, são mostrados vários aspectos importantes: o primeiro a valorização do ensino a distancia, exemplificado pela compra da Unopar pela Kroton, por 1,3 bilhão de reais, especialmente pelo fato de que a universidade de Londrina desenvolveu uma estratégia bem sucedida na área de educação à distancia.

Depois, já na pagina 122, mostra o trabalho do professor brasileiro Paulo Blikstein na melhoria dos métodos de ensino através do uso de tecnologia aplicada à educação, ficando patente que as soluções que estão sendo pesquisadas estão alinhadas com a era pós-PC, uma vez que buscam soluções para os problemas tradicionais do ser humano, mas fora da caixa, isto é, com a ajuda de conhecimentos que jamais foram usadas antes para esse fim. Inverte-se o direcionamento: em vez de pensar o que se pode fazer com a tecnologia, pensa-se como poderíamos fazer alguma coisa com melhor desempenho com a sua utilização. Tecnologia passa a ser o instrumento que vai viabilizar uma maneira mais adequada para atender necessidades humanas.

Mas, não para por ai: na página 61, mostra a reformulação do Detran do maior estado brasileiro, São Paulo, sendo feita pelo brilhante executivo Daniel Annenberg, tudo com base em sistemas que permitem ao proprietário do carro ter acesso aos serviços de que necessita. Trabalha com a Internet e atende ao publico em locais espalhados em diversos bairros da cidade, mas buscam o respeito ao tempo do usuário. A chave dessas soluções está na utilização dos recursos oferecidos pela tecnologia. O cidadão se sente mais satisfeito quando obtém resultados rápidos e desejados: tudo sem necessidade de desvendar os mistérios de uma burocracia “kafkaniana” e muitas vezes corrupta.

Ainda, e não menos importante, este número de Exame trata da SPED, sigla que significa Sistema Público de Escrituração Fiscal. Apesar de serem abordadas as dificuldades de implantar um novo e mais eficaz sistema de gestão empresarial para pequenas empresas, integrado e baseado na computação nas nuvens, fica evidenciada a vantagem para a gestão empresarial que passará a existir após serem vencidas as dificuldades iniciais de implantação.

Meu objetivo está longe de ser a promoção da revista, apesar de reconhecê-la como de boa qualidade e prestadora de serviços importantes. Mas, quero mostrar que a era pós-PC já pegou, tanto que desperta a atenção de uma revista especializada, que acaba por tratar de diversas manifestações deste novo tempo, em apenas um de seus números, que nem é direcionado a tratar especificamente deste tema.

Bem, agora eu acredito que consegui motivar os empreendedores que são meus leitores para que busquem novas soluções para os problemas humanos, inovando através da tecnologia, claro que utilizando as tecnologias da era do PC e as que foram sendo desenvolvidas ao longo do tempo.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A era pós-PC II

Um questionamento que recebi a respeito da era pós-PC: e os negócios tradicionais, não continuam a ser uma fonte de realização para os empreendedores? Além disso, continuam a ser um meio válido para ganhar a vida, não é?

A resposta é obviamente sim, mas acrescento que se abrem espaços na era pós-PC para que esses negócios sejam revisitados e ganhem características que os tornam mais atraentes para seus clientes.

Por exemplo, as cafeterias continuam a ser um espaço muito interessante para que pessoas se reúnam e, juntas, degustem um bom café com um pedaço de bolo. Mas, as cafeterias podem se tornar mais atraentes se puderem oferecer a seus clientes algumas maravilhas da era pós-PC, como, por exemplo, um “tablet” onde possam ler um jornal, uma revista, um livro ou até mesmo assistir a um filme, um concerto de seus artistas preferidos, enquanto deliciam o café e o bolo.

Numa padaria, seria razoável utilizar os recursos da era pós-PC para sua gestão, controlando os gastos de insumos, as vendas e até estudando o efeito de determinadas promoções sobre os lucros da empresa. Esses sistemas existem faz muito tempo, mas, de um modo geral, só eram acessíveis às empresas de maior porte, mas agora é possível utilizá-los com os recursos disponíveis na tecnologia de informação a preços bastante convidativos.

As empresas cujo lucro depende fortemente da eficiência de seus processos, podem ter agora uma estrutura computacional poderosa, mas “nas nuvens”, sem necessidade de montar complexas plataformas próprias e entrar na fila do desenvolvimento de seus sistemas, posto que muitas ofertas de sistemas prontos, capazes de ser parametrizados, para atender aos processos específicos de cada empresa.

Creio que onde veremos mudanças mais sensíveis será na área de educação: os atuais problemas nessa área, que levam o aluno a ter dificuldades de aprendizagem, poderão ser vencidos ou minimizados pelo uso dos recursos da tecnologia de informação. O resultado pode ser um substancial aumento da quantidade de alunos em cada curso e melhoria do aprendizado desses alunos.

Na área medica também é possível obter grandes avanços: cartão com o “chip” legível que pode carregar dados sobre a saúde da pessoa, devidamente atualizados, pode ser um fator essencial para os médicos salvarem vidas ou conseguirem ter caminhos mais claros para a sua ação.

Enfim, não é só de entretenimento que se fala quando o assunto é a era pós-PC: estamos falando na utilização das tecnologias existentes para a melhoria da vida das pessoas. Isso pode ser feito em grande escala e terá custos muito mais baixos que os atualmente suportados pelas pessoas.

sábado, 7 de janeiro de 2012

A era pós-PC

Estamos na era pós-PC: confesso que quando ouvi Steve Jobs dizer isso com naturalidade em sua entrevista de 2007, ao lado de Bill Gates, não captei toda a extensão de seu pensamento.

Para quem procura inovação esta era que vivemos é um prato cheio. Mas, antes de tudo, vamos procurar conceituar de modo simples o que é a era pós-PC.

A era anterior que vivíamos era aquela em apareceu o PC e que se caracterizou por uma participação excepcional de nossos heróis Bill Gates e Steve Jobs. Sua principal característica era que vivíamos nos esforçando para aprender a usar o computador, como poderíamos aproveitar seu potencial usando os produtos que existiam como o editor de textos, as planilhas e o PowerPoint.

Na era pós-PC se inverte a logica: passamos a pensar como seria mais confortável para fazermos aquilo que queremos e precisamos, podendo incluir o PC ou um de seus variantes como um instrumento que ajude na solução ideal para nossos objetivos.

Nesta nova fase também podemos agregar ao PC outros instrumentos ou recursos que ajudem a tornar mais interessante nossa solução. Por exemplo, o “tablet” é um pedaço de PC que torna mais confortável ler: mas, podemos ir mais longe e agregar a ele as existentes facilidades tecnológicas que permitem que possamos ver filmes no próprio “tablet”. Desse modo, passamos a ter um instrumento que facilita nossa vida para ler e ver filmes e também para permitir que um livro seja redefinido, podendo ter o poder de mostrar cenas quando se clica em uma palavra. Isso é algo da era pós-PC.

Esse redirecionamento do modo de pensar que caracteriza a era pós-PC nos leva a imaginar muitos aparelhos e recursos de software capazes de ajudar a nossa vida diária tendo como base o PC, ao qual se adicionam os recursos que podem facilitar nosso modo de realizar tarefas.

Para inovar, nosso empreendedor vai passar a pensar nas atividades do ser humano e descobrir como fazer para que elas se tornem agradáveis ou menos sacrificadas. Tudo isso, usando uma gama de tecnologia que foi desenvolvida na era PC e que podemos agora dispor, agregando umas às outras e montando coisas incríveis.

Quem viver verá que agora não basta oferecer um instrumento genérico e dizer que com ele podemos resolver diversos problemas: vamos apresentar instrumentos que são específicos para mudar nosso modo de fazer cada atividade, facilitando nosso caminho.

Viva a era pós-PC e mais uma vez obrigado Steve pela lição que nos ensinou.

domingo, 1 de janeiro de 2012

A importância do conhecimento de noções de Direito para empreendedores

É muito comum que os empreendedores não tenham interesse nem conhecimentos básicos de Direito. Só que na medida em que nossa sociedade evolui, cresce a necessidade das pessoas de adquirirem noções básicas de direito.

Isso é um conceito bastante simples de se entender: uma sociedade organizada tem regras claras para regular as relações interpessoais e entre empresas, governos e a sociedade.

Saber os princípios básicos desse relacionamento fica cada vez mais importante: é necessário saber quais os comportamentos apoiados pela lei e os limites que regem os relacionamentos entre as partes numa sociedade.

Se nos transportarmos ao ambiente empreendedor, onde estamos envolvidos em criar ou em desenvolver empreendimentos, mais importante se torna conhecer as bases jurídicas que regem a sociedade e, em especial, as empresas.

Desde a constituição de um empreendimento, o empreendedor está tratando de aspectos jurídicos importantes que regem a relação com seus sócios, os relacionamentos com seus clientes e as obrigações e direitos em relação a seus fornecedores, parceiros, colaboradores e empregados.

A ideia de que basta ter um bom advogado que tudo se resolverá tem se mostrado falsa. Antes de tudo, é preciso saber entender quais informações são importantes registrar e recolher para que ele possa atuar. Conhecer os princípios básicos que regem as leis evidentemente ajudará nosso empreendedor a conseguir conversar com seu advogado e estabelecer linhas de defesa ou estratégias para conseguir resultados jurídicos favoráveis.

Pode-se dizer que o conhecimento básico de informática facilita bastante a comunicação entre o gestor de uma empresa e analistas de sistemas ou programadores, na formação dos requisitos dos sistemas de informação de uma empresa.

Analogamente, conhecimentos básicos de direito são essenciais aos empreendedores para que possam tratar com competência das questões de seu empreendimento com a sociedade, governos, seus empregados, clientes e mesmo seus sócios, além de ser importante para a compreensão de seus direitos e deveres no campo da propriedade intelectual.

Ter claro o conceito de que tipos de tributos devem ser pagos e conhecer o conceito de impostos e taxas evita ao empreendedor cometer erros graves que podem vir a ser caracterizados como sonegação.
Enfim, recomendamos que aos empreendedores que procurem adquirir conhecimentos básicos de direito, especialmente se preocupando com aqueles que fazem parte da vida empresarial.