terça-feira, 14 de agosto de 2012
Para onde vai o desenvolvimento sustentável
A imprensa nos diz que “A Rio+20 só não é um fracasso porque a expectativa em torno dos resultados da conferencia sempre foram muito baixos” (Valor Econômico).
Por essa versão o Brasil teria conseguido o que queria com o documento-base, uma vez que seu objetivo era de evitar o retrocesso em pontos importantes já acertados na Rio92. O texto-base "O Futuro que Queremos" não deverá ser modificado, imaginam os que acompanham a reunião.
Sob o ponto de vista das organizações ambientalistas, a reunião foi um fracasso e nenhum ponto importante foi conseguido: não ficou estabelecido um plano de ação com as metas e os responsáveis e com a destinação clara de verbas para sua execução.
Como se vê, há leituras diferentes do que foi obtido ou deixou de ser no mesmo evento que atraiu uma quantidade de pessoas muito grande. Além disso, vieram dirigentes da maioria dos estados nacionais que compõe a ONU.
Queremos fazer algumas considerações:
- A primeira é que houve uma significativa mobilização que atraiu a atenção mundial para a importância do tema desenvolvimento sustentável e isso certamente em temas complexos e de interesse global parece ser uma vitória;
- Prefeitos das cidades que representam 21% do PIB mundial se reuniram e produziram um documento que define ações importantes e metas a serem atingidas por suas cidades. Isso é um resultado expressivo do evento;
- Das conclusões que constam do documento aprovado, uma delas encaminha a criação de uma agencia mundial, ligada à ONU, similar a outras agencias importantes como a que trata da Propriedade Intelectual (OMPI) ou a responsável por Energia Atômica. Na medida em que, nos próximos três anos, se concretize o estabelecimento desta agencia estaremos diante de um mecanismo importante para regulamentar as ações voltadas ao desenvolvimento sustentável, cuidando entretanto de não criar um “governo supranacional” com poderes para legislar acima dos interesses de cada país ou região.
Creio que há muitos passos que precisam ser dados de modo gradativo para uma mudança de atitude cultural, sobretudo em face de um tema da magnitude do desenvolvimento sustentável. Um documento que fosse “mais avançado” poderia significar apenas uma declaração de objetivos que não seriam cumpridos e iriam frustrar seus defensores.
Isso me fez lembrar uma característica dos chineses: “é preciso andar na direção correta, aquela que resultará em atingir um objetivo pretendido em um ponto futuro, mas a velocidade a ser adotada nesse caminho será aquela que for possível” (Confúcio).
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