Vivemos um ano que não foi saudado com muita alegria: a expectativa era estarmos em meio a muitas dificuldades e riscos em diversos sentidos. O pior de todos era um possível desemprego em proporções assustadoras.
Existiam razões objetivas para justificar os temores: as crises europeia e americana, a redução da velocidade de crescimento da China, nossa crônica insuficiência de infraestrutura e de ação para reverter esta situação. Parece que não faltava nada para que 2012 viesse a ser um ano perdido para o progresso ou a evolução do desenvolvimento.
Algo mudou? Com relação aos problemas que seriam potencialmente causadores dos pesadelos de 2012, podemos dizer que pouco. Mas, o que se alterou foi a atitude dos diversos atores.
A crise americana, com coragem e firmeza, está sendo enfrentada e já existe uma percepção de sucesso e de fortes indícios de saída. Quanto à Europa, podemos dizer até que se formou uma convicção de que a crise é profunda e que requer muito tempo para ser vencida. Até mesmo que existe uma incerteza sobre o sucesso de conseguir reverter o quadro, ao menos para alguns países do bloco do euro. Mas, e por isso mesmo, as medidas que estão sendo tomadas são mais profundas e mexem com aspectos anteriormente considerados intocáveis, como o controle de cada país pelo bloco, sempre colocado como perda de autonomia nacional. Mais que tudo é a aceitação, ainda que com ranger de dentes, da redução dos benefícios que os Estados Europeus prestam a seus cidadãos.
A China continua a pretender reduzir sua velocidade de progresso, mantendo ainda altos índices de desenvolvimento. Caso esse crescimento fosse repetido, talvez representasse uma aceleração que poderia trazer consequências desfavoráveis para o povo chinês e que encontraria dificuldade de manter o suprimento de matérias primas para viabilizá-lo. Portanto, não está sendo difícil absorver esta redução, ainda conduzindo a níveis de ser a locomotiva do crescimento mundial.
Já aqui no Brasil, não tememos pelo que a crise possa nos trazer de más consequências: nosso problema é que a oportunidade que está na nossa porta pode ser perdida pela ausência e incompetência de nosso planejamento e implantação de soluções.
Mais uma vez estamos deixando de empreender o que é obvio. Temos oportunidades por não termos a infraestrutura necessária para o progresso que poderíamos criar, nem um sistema educacional que forme quadros suficientes para ocupar os postos de trabalho que precisamos criar. Além disso, o sistema de saúde não é capaz de responder satisfatoriamente nem mesmo nos seus aspectos básicos. Mas, em contrapartida, temos um guloso sistema tributário que engole uma parcela enorme de nossos rendimentos, mas que não devolve em serviços básicos o que a população precisa para ter a tranquilidade de trabalhar motivada. Os serviços de transporte urbano estão longe de serem razoáveis e o tempo e a energia das pessoas são consumidos para enfrentar os meios de deslocamento nas cidades.
Meus amigos, com essas reflexões eu não temo tanto pelo ano 2012, mas não ficaria surpreendido se perdêssemos mais uma oportunidade de chegar a um novo patamar de desenvolvimento que permitisse ao nosso povo ter um padrão de vida compatível com nossos recursos minerais, de energia e de produção agrícola e pecuária.
Além disso, quantos de nossos bons empreendedores estão se dirigindo para a área política, visando o bem estar da sociedade e o progresso econômico sustentável, apoiando as tentativas de melhorar o padrão dos nossos representantes e gestores, driblando as armadilhas dos criadores de dificuldades para vender facilidades?
Será que vamos morrer na praia? Confesso que tenho esperanças, mas não são muito grandes...
sábado, 17 de março de 2012
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