sábado, 31 de julho de 2010

Porque transformar projetos em empreendimentos quando o tema é desenvolvimento local.

Todos já se cansaram de assistir um dos dois filmes muito batidos:
- Projetos para desenvolvimento local que atrasam, acabam custando mais que o planejado, mas enfim ficam prontos e produzem o resultado esperado. Só que tempos depois, tem-se a percepção de que o problema renasceu e muitas vezes com cores mais dramáticas;
- Projetos para desenvolvimento local que acabam por não se realizar ou se realizam de modo parcial e tem-se a sensação de que não valeu, pois o objetivo não foi atingido.
A causa disso é que estamos usando o instrumento errado para resolver o problema. Projetos tem inicio e fim planejado e ao terminarem o objetivo pretendido deve estar atingido. A maioria dos problemas de desenvolvimento local são permanentes e se resolvem com a realização de diversas atividades e de projetos. Mas, é necessário que se tenha a percepção do objetivo que é algo mais perene.
Vamos exemplificar: quando se pensa em construir uma marginal para resolver os problemas de trânsito em S.Paulo é , no mínimo, ingenuidade. Mesmo que se haja atingido a solução pretendida no dia da inauguração da hipotética marginal, não vai demorar muito para que o problema retorne e venha a nos olhar ameaçadoramente.
Se imaginássemos um empreendimento cuidando do assunto e se ocupando permanentemente em melhorar o trânsito na cidade, ele deveria ter um planejamento, que se renovaria a cada ano, os clientes (a população) seriam ouvidos de tempos em tempos para que fossem revistos os objetivos, a interligação entre as diversas ações seria feita com naturalidade e o sucesso do empreendimento seria medido pela opinião publica, que daria sua nota, considerando o quanto o transito está melhorando.
Já sei: alguns leitores devem estar pensando que este órgão existe e nem por isso o problema está tendo o tratamento que estou propondo e os resultados que apontamos não tem sido atingidos. Você sabe porquê?
É que os orgãos existentes não estão fazendo seus planos de empreendimentos do mesmo modo como uma empresa privada faz: falta metodologia, preparo, sistematização e a orientação no sentido de avaliar a opinião pública.
Vamos evoluir em relação a isso, passando a imaginar como deveria ser o planejamento dos orgãos da administração para que efetivamente conseguissem obter resultados que fizessem a população se convencer que seu dinheiro pago a titulo de impostos está sendo bem empregado.
Planejar é uma caracteristica essencial para o empreendedor.

sábado, 24 de julho de 2010

CONTRA A PIRATARIA, MAS SEM COMETER INJUSTIÇAS

Hoje recebi alguns DVDs comprados na Amazon.uk e uma deles veio para ser reproduzido somente na Zona 2, o que impossibilita que possamos ver aqui no Brasil.
Algumas reflexões seguidas de testes que foram feitos e que vou contar para vocês. Uma das reflexões é se seria justo que as pessoas não pudessem comprar livremente seus DVDs gravados com obras de arte como uma grande orquestra ou um musical da Broadway em qualquer lugar e com o direito de reproduzi-lo em qualquer lugar também. Afinal dizem que o mundo é globalizado...
O argumento de que é preciso proteger direitos contra a pirataria é algo justo, mas a pergunta é até ponto? Seria razoável que um DVD comprado legalmente não pudesse ser reproduzido? Não haveria outra forma de proteção mais inteligente.
Claro que tentamos em todos os aparelhos de DVD da casa e nenhum deles aceitou reproduzir um DVD para a Região 2 e trata-se de algo comprado na maior empresa de vendas de DVD da Internet, sem pirataria. O penalizado foi o comprador e não o pirata.
Depois, colocamos no computador para ver se era possível reproduzir: afinal o software do computador é vendido em todo o mundo e poderia ser mais amigável neste ponto. Primeiro, usamos o Windows Media Player e ele logo levantou a questão da região: só se você mudar sua região usual para a região daquele DVD, mas o preço é que para voltar depois vai ser um problema. Desistimos...
Finalmente, ainda no computador, fizemos uso do Real Player e conseguimos ver o nosso DVD. Mas, esta novela não termina aí: vocês devem estar perguntando o que o empreendedorismo tem a ver com isso?
Esta parte da resposta é simples: podemos mostrar inicialmente que se trata de um problema de marketing. Até que ponto é razoável incomodar o consumidor que não está praticando a pirataria e até mesmo aquele é como nós francamente contrário, em nome de tentar evitar o sucesso do pirata? Os especialistas de marketing devem estar preocupados com esse ponto faz muito tempo, até porque a resposta a isso é complexa: de acordo com o nível educacional de cada população, encontramos atitudes diferentes em relação à pirataria. Pelo menos, sabemos que vai ser difícil encontrar uma solução única.
Mas, o aspecto mais interessante é que esta situação que constatamos se constitui em uma oportunidade: certamente difícil de ser aproveitada, pois vai ser necessária muita criatividade para corrigir essa não-conformidade. O vencedor do desafio vai precisar encontrar uma solução que evite ou reduza substancialmente a pirataria, mas que não seja tão incomoda e injusta com o consumidor bem intencionado.
Aí está um desafio que os empreendedores poderiam gastar algum tempo refletindo, para, quem sabe, encontrar uma solução que ajude a sociedade a ficar mais feliz, preservando os direitos dos artistas e autores e, ao mesmo tempo, sem cometer injustiças.

sábado, 17 de julho de 2010

REDES SOCIAIS VIRTUAIS E COMÉRCIO VIA INTERNET

Esta semana, Flavio Berman, um dos empreendedores que criou o Kone, esteve conversando comigo e vale a pena trazer para vocês os temas que tratamos, sobretudo para quem acha que vender pela Internet é algo que basta ter um bom site e o resto se arranja. Certamente esta posição é o cúmulo da ingenuidade.

Temos visto que as redes virtuais têm progredido tanto, que cada um de nós já pertence a várias delas e temos a percepção de que está se formando um congestionamento: começamos a não aceitar entrar para nenhuma nova rede. Mas, pior que isso, é a constatação de que está dando muito trabalho para manter os contatos com os amigos de rede e não temos tido um resultado que seja compensador.

Numa primeira análise, sentimos falta de algum fator que servisse de razão para aglutinar as pessoas: um interesse comum ou uma causa. Seria aprofundar o conceito da rede social para que se tivesse dentro de cada rede, onde participam pessoas que se conhecem e que podem ter alguns pontos comuns de interesse, uma divisão em categorias. Cada categoria abrigaria um subconjunto da comunidade da rede, pela identificação de uma área de interesse comum.

Um indivíduo poderia pertencer a uma comunidade, se inscrevendo na rede virtual, mas, adicionalmente,deveria se inscrever em categorias que representassem o seu gosto, interesse cultural, esportivo, gastronômico, econômico, etc.

Bem, isso tudo deve parecer bastante lógico e simples para todos os leitores, mas nesse ponto é que começa o problema: vamos supor uma categoria já devidamente povoada e que tenha interesse comum em algum ponto, Para ficar mais claro, vamos exemplificar: digamos que a categoria seja constituída de amantes de filmes musicais.

Se imaginarmos o comercio pela Internet, essa categoria deveria receber dos anunciantes informações que fossem vinculadas a filmes musicais. Seria um processo previsto nos sistemas que gerenciam o relacionamento com os clientes de determinado interesse.

Entretanto, a percepção que temos é que esta categoria não ficará satisfeita por muito tempo recebendo os mesmos tipos de anúncios ou de informações. Cada membro desta categoria vai pretender receber algo mais personalizado, que leve em conta o seu comportamento pessoal.

Toda esta conversa vem a delinear uma figura que seria um animador de categoria: um indivíduo que poderia ser conhecedor dos mecanismos de CRM (Consumer Relationship Management) e dos recursos de comunicação pela Internet e que estivesse assessorado por um especialista no tema da categoria, em nosso exemplo, seria um expert em filmes musicais. Assim, ele poderia enviar para cada membro da categoria apenas as mensagens que efetivamente pudessem lhe interessar.

Este texto teve por objetivo mostrar a necessidade de aprofundar nosso conhecimento sobre o tema, para que se compreenda que vender pela Internet, de modo consistente e sistemático, requer a implantação de mecanismos mais sofisticados e baseados em conhecimentos sobre cada tema de venda. Também será necessário associá-los aos recursos oferecidos pela informática e pela Internet. Seria uma venda de relacionamento, porém virtual.

Voltaremos a este tema com as questões vocês venham a levantar e outras reflexões que serão feitas.

sábado, 10 de julho de 2010

NEM TUDO O QUE RELUZ É OURO

Um modelo de negócios que seja viável e que ao mesmo seja desafiador pela inovação que apresenta é um importante ingrediente para o empreendedor e seus apoiadores se entusiasmarem.
A partir daí, levando em conta que se conseguiu identificar uma boa oportunidade, para a qual foi imaginada uma idéia que orientou não somente o modelo de negócios, mas ainda a construção de um plano de negócios bastante claro e detalhado para ser implantado, este é o ponto em que muitos empreendedores chegam e param.
A luz refletida pelo brilho do que parece ser uma promessa de sucesso paralisa o empreendedor, como se fosse uma magia que o encanta apenas em pensar como será aquele negocio funcionando.
Mas, nem tudo o que reluz é ouro e não é com a atitude de admiração pela concepção que o empreendedor vai se realizar. Também é preciso responder às expectativas dos seus seguidores, apoiadores e investidores: a realidade é a única resposta que interessa.
A gestão para a implantação do plano de negócios é talvez uma etapa com menor charme e que cheira mais a suor, mas ela é inevitável. Meu caro empreendedor, não vale dizer que já teve a idéia e que planejou tudo com a profundidade e os elementos necessários para que os gestores profissionais façam a sua parte e implantem o novo empreendimento.
Esta ilusão de que o pai da criança só participa da concepção é um erro que o empreendedor não pode cometer. O verdadeiro empreendedor quer ver seu sonho realizado e para isso deve estar disposto a enfrentar a gestão da implantação. Mas, isso é um trabalho diário e cheio de detalhes: é nesse ponto que vai ficar claro que espécie de empreendedor você é.
Buscar auxílio de quem sabe mais é algo essencial e que não pode deixar de ser feito. Bons empreendedores procuram se cercar de pessoas competentes para ajudá-lo a atingir seus objetivos. Estudar nos livros é também uma medida eficaz. Você deve procurar os que lhe ensinam como implantar seu empreendimento a partir do seu planejamento.
Não tenha medo de errar: claro que você vai fazer todo o possível para evitar os erros, mas eles virão. Faz parte do caminho de quem faz: sempre é possível corrigí-los, desde que você esteja atento ao passo a passo da sua tarefa.
Bom trabalho e não esqueça que disciplina e persistência são ingredientes fundamentais e que devem estar no seu “kit” de empreendedor.

sábado, 3 de julho de 2010

APRENDENDO COM A DERROTA

Em primeiro lugar, é necessário dizer que a paixão é um tema que interessa ao empreendedorismo: a visão consagrada dos empreendedores é que o sucesso requer razão e paixão em doses corretas a cada momento. Mas, a paixão é essencial, tanto quanto a razão.

Todos nós brasileiros ficamos muito contentes em ver a nossa seleção no primeiro tempo do jogo com a Holanda, mas nossa dor foi muito grande no segundo tempo, quando tudo deu errado. Fomos eliminados antes da hora: nossa percepção era de que estávamos disputando o hexa e que tínhamos alta probabilidade de ganhar.

Essa é a hora em que o empreendedor vai passar da dor da derrota, que chamamos de fracasso, para a reflexão de como vamos enfrentar o futuro. Vamos explicar que fracasso para o empreendedor é um dos resultados possíveis de uma determinada ação: significa que não houve o resultado esperado, que chamamos de sucesso. Claro que existem os estágios intermediários: sucesso relativo, sucesso parcial e fracasso parcial.

O importante para o empreendedor é sair do momento ruim em que estamos convivendo com a dor do fracasso para o momento seguinte: a reflexão sobre o que aprendemos com aquele fracasso para que possamos definir o futuro.

Muitos empreendedores se acostumaram a conviver com o fracasso, uma vez que é um resultado possível de cada uma de suas ações e os seres humanos erram muitas vezes: no caso do empreendedor praticante desde cedo ele aprendeu que é preciso ter tolerância em relação ao erro. Isso não significa perdão ou esquecimento, nem irresponsabilidade.

Significa que vamos aproveitar cada fracasso para aprender, através da reflexão sobre o que aconteceu. Mas, como fazer esta reflexão? Há um método?

Sim, o método consiste em:
- Revisar o que aconteceu, fazendo com que sua equipe chegue a um acordo sobre os fatos relevantes e as condições ambientais, assim como sobre o roteiro do que ocorreu e que levou ao resultado indesejável. O resultado desta etapa é uma história do que aconteceu em que o grupo considere que estão alinhados todos os fatos relevantes que determinaram o resultado ou foram relevantes para alcançá-lo;
- Analise dos pontos que que deveriam ser evitados ou modificados em futuras ações semelhantes e poderiam causar a mudança do resultado. Trata-se de um exercício em que cada idéia de mudança é testada pela verificação de sua efetividade para produzir resultado diferente. Só ficam as idéias ou conjunto de idéias que mudariam o resultado;
- Estabelecer uma estratégia de como implantar as idéias capazes de gerar o resultado sucesso em vez do fracasso que obtivemos. Nesta estratégia, vamos considerar também os recursos necessários e colocar no tempo cada atividade a ser feita.

Pode parecer complicado, mas com a prática na utilização deste método você passa a realizar suas etapas quase que instintivamente. Em muitos fracassos, levando em conta que você já adquiriu o habito de planejar, serão poucas as atividades que necessitarão ser alteradas para alcançar o sucesso. É como se houvesse um refinamento gradativo de sua competência em planejamento.

Faça isso a serio em sua vida, em cada fracasso, e continue a ser empreendedor, sem temer o fracasso, mas aumentando sua probabilidade de sucesso.