quarta-feira, 20 de junho de 2012
A importância de medir
Lembram-se do mantra do guru da Administração Peter Drucker, “Se você não pode medir, você não pode gerenciar”? Isso significa que quando dizemos que alguma coisa melhorou ou piorou é sempre em relação a um referencial, pressupondo que existe uma maneira de medir para poder fazer aquela afirmação.
Vi um programa na TV com a jornalista Monica Waldvogel onde um dos entrevistados era o querido mestre Jacques Markovitch da USP. Tratava-se da próxima Rio +20 e de questões ligadas ao meio ambiente, onde ele defendeu a necessidade de se estabelecer uma maneira de medir o estado do meio ambiente, como forma de podermos tratar com propriedade da melhoria ou da piora das condições.
Seria possível inclusive verificar nas medidas o efeito de cada um dos fatores considerados, avaliando essa relação com seu aumento ou diminuição. Com isso poderíamos estabelecer uma forma de separar os fatores, ordenando os que mais podem ser nocivos e os que pouca diferença fazem para a grandeza que está sendo considerada.
Como se pode ver, os indicadores aos quais estamos acostumados a ver na gestão de empresas também se aplicam a outras áreas, com as devidas adaptações ao tema que se está trabalhando.
Aprendi com um velho professor que tive em meus tempos de ITA, o Prof. Luiz Valente Boffi, que a analogia é um dos conhecimentos mais importantes que podemos adquirir: nesse caso, eu vi na gestão de empresas o conceito de indicadores e aprendi a aplica-los em diversas ocasiões.
Agora, por analogia, eu vejo o brilhante professor Jacques defendendo que na área do meio ambiente é necessário e muito importante definir indicadores que possam medir e quantificar os efeitos dos diversos fatores e avaliar o progresso de medidas que estejam sendo tomadas.
Certamente o Prof. Boffi daria os parabéns ao Prof. Jacques pela sua percepção da necessidade de se fazer esta analogia.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Empreendedorismo social visa a autossuficiência
No Brasil o empreendedorismo social veio substituir a politica assistencialista baseada na filantropia. Vamos explicar: o empreendedor social moderno busca fazer empreendimentos que sejam capazes de se sustentar após o período de investimento. Passa a não depender mais dos doadores para sobreviver.
Aprofundando a ideia: suponhamos um empreendimento social que foi criado a partir de um plano de negócios prenedo que ele fosse capaz de gerar rendas para sustentar sua infraestrutura e também os seus beneficiados após o período de sua implantação. Este é um empreendimento social autossustentável.
Em contrapartida, se depender da filantropia, não conseguindo gerar rendas suficientes para atender seus beneficiados e manter sua infraestrutura, ficará sempre “correndo atrás” de doações de seus beneméritos, numa situação de alto risco.
Mas, quem gera renda nos empreendimentos autossustentáveis? A melhor coisa é se os próprios beneficiários fossem seus provedores. Isso é possível? Certamente que sim e temos muitos exemplos de empreendimentos sociais em que isso acontece.
Imaginemos que um conjunto de pessoas de uma comunidade se agrupasse num empreendimento cuja finalidade seria:
- num primeiro momento, recolher lixo e recicla-lo, criando a matéria prima necessária para fabricar seus produtos;
- num segundo momento, essa comunidade criaria os produtos que foram projetados, como roupas, bolsas, cintos, almofadas, etc.;
- a etapa final vai consistir em vender os produtos através de uma cadeia de lojas, gerando renda desta venda. A cadeia de lojas poderia até ser a empreendedora social que planejasse todo o processo, preparando a comunidade do empreendimento para saber executar suas tarefas e coordenar os trabalhos. Em contrapartida, além da realização pessoal de ter conseguido encontrar trabalho e renda para os beneficiados do empreendimento, também teria a possibilidade de vender produtos exclusivos e de design próprio.
Para este tipo de empreendimento, há um investimento inicial para criar os produtos, estabelecer as matérias primas, preparar os processos de trabalho, treinar a comunidade e fabricar as primeiras levas de produto. Depois disso, o funcionamento se torna cíclico, isto é, a comunidade recolhe o lixo, o recicla, fabrica lotes de produtos e estes são vendidos nas lojas associadas.
Na medida em que a comunidade se aperfeiçoa na fabricação – em qualidade e na velocidade de produção – pode produzir mais e ganhar mais pelo seu trabalho. Da mesma forma que também cresce no processo de recolher e reciclar o lixo, também pode ampliar a sua produtividade.
Essa é a perspectiva atual do empreendedorismo social, que consegue fazer mais com menos e ter sua continuidade assegurada pelos próprios méritos de seus participantes.
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Não economize em investimentos em planejamento
Estou convencido que teríamos resultados superiores aqui no Brasil, seja para as empresas, ou, seja para os governos, se nos dedicássemos mais ao planejamento de nossos empreendimentos.
Outro ponto interessante a ser notado: quanto mais você planeja, a qualidade dos planejamentos que se sucedem vai melhorando. O aprendizado que se consegue praticando o exercício de planejar é muito maior do que o que se pode conseguir estudando nos livros. É que na pratica de planejar você enfrenta problemas reais e que você é quem tem de resolver: nos livros você encontra exemplos reais, cuja solução geralmente o autor lhe apresenta.
Planejar precisa se tornar um hábito: você deve se acostumar a planejar todas as coisas que fizer. Isso vai lhe trazer uma vantagem competitiva muito grande. Você vai se acostumar a olhar o que acontece em sua volta de outra maneira. Vai se preocupar em observar o que mudou no ambiente, quais as causas dessas mudanças, quais as influências dessas mudanças sobre o plano de seu empreendimento.
Em 1974, minha esposa foi pela primeira vez à Califórnia e lá viu que havia uma estrada com três pistas de ida e mais outras três de volta e um enorme canteiro central. Por outro lado, nas margens da estrada quase nada existia: um pequeno motel e alguns quilômetros depois o edifício da HP e mais alguns prédios esparsos. Ela não estava acostumada a isso no Brasil e este fato muito a impressionou. A estrada se chamava “El camino real”.
Em 2006 fomos juntos de férias à Califórnia e por curiosidade quisemos ver o que havia acontecido com “El camino real” e pudemos constatar que era uma estrada muito importante e sempre cheia em todas as suas pistas e poderia até ser dito que se tratava da via mais importante do Vale do Silício, ligando as grandes empresas e as cidades do Vale.
Imaginem se, ao ser construída, tivesse sido feita uma estrada sob medida para as necessidades daquela época: ou teria de ser refeita integralmente, com desapropriações de muitos imóveis, ou, então, as empresas que ali se instalaram iriam escolher outro local ou ficariam dispersas, perdendo o efeito mágico que tem o Vale do Silício. Sábio planejamento que criou o Vale do Silício, não apenas pelo exemplo que demos, mas por toda sua concepção e pelas diferentes versões de seu planejamento, que teve ser tantas vezes revisado.
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