quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O REE Brasil foi no Rio Grande do Sul

Reunir professores de empreendedorismo de todo o país e passar três dias trabalhando e trocando experiências e ideias é uma tarefa árdua e difícil. Mas, pela segunda vez a Endeavor e o SEBRAE, em parceria com a Universidade de Stanford e seus patrocinadores Santander e Intel, conseguiram organizar um excelente seminário, sediado na PUC-RS, a Rodada de Educação Empreendedora(http://www.pucrs.br/tecnopuc/).

No dia 13 de outubro de 2011, em Porto Alegre, iniciamos com a visita ao TecnoPUC, parque tecnológico extraordinário, criado pela PUC-RS. Este empreendimento mostra como o Brasil se desenvolve em Porto Alegre e que a inovação está chegando para ficar (http://www.reebrasil.org.br/).

Passamos os dias 14 e 15, no Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves. Embora situado na Serra Gaúcha, no meio de uma paisagem incrível, num excelente hotel (http://www.spadovinho.com.br/), devido à intensidade das atividades do evento, não houve tempo nem para conhecer o seu Spa!

Subir a serra gaúcha significa uma oportunidade para constatar o empreendedorismo existente naquela área vinícola do país: fizemos uma visita a um conhecido produtor brasileiro de vinhos, o que significou receber notícias do reconhecimento da qualidade e aumento da quantidade de nossa produção.

Técnicas de ensino de empreendedorismo foram discutidas e as melhores práticas foram expostas e até premiadas: o mais importante não era destacar os premiados, mas mostrar que os professores de empreendedorismo estão buscando uma forma cada vez melhor de apresentar seus conteúdos e fazer os alunos praticarem.

Como “keynote”, tivemos as apresentações do professor John Mullins, sempre instigadoras e muito eficazes pela participação que consegue da audiência. Sua proposta foi a criação coletiva do plano de aulas de uma cadeira na área de empreendedorismo de forma a que os alunos fossem instados a fazer o projeto e daí sentirem a necessidade da base teórica ou metodológica, que seria indicada, sem a existência de aulas expositivas.

Para mim, o melhor do seminário ficou por conta da apresentação dos centros de empreendedorismo selecionados pela Endeavor como os melhores do país, entre os que se apresentaram em um concurso sobre a Educação Empreendedora. Os três melhor situados na disputa mostram que o Brasil tem hoje excelentes centros de empreendedorismo: pelo que eu pude saber com a organização, foi difícil escolher os três finalistas da competição entre os doze que se candidataram.

No sábado, quando o evento terminou, ocorreu o mesmo que no ano anterior: todo mundo prometendo voltar em 2012. Em breve, a Endeavor vai nos contar onde será o próximo encontro. Como nesse, acreditamos que a frequência vai aumentar e a qualidade das apresentações vai ter um nível cada vez mais alto.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Incubação e aceleração na encruzilhada

Depois de 20 anos da fase atual do empreendedorismo brasileiro cabe uma reflexão a respeito do processo de apoio e estímulo à formação de empresas e à inovação.

Podemos levar em conta diversos aspectos: o primeiro, é que as incubadoras de empresas conseguiram diminuir substancialmente a mortalidade das empresas nascentes, chegando a reduzir o índice a 20%, com sua graduação após cerca de dois anos de incubação.

Um segundo aspecto é que para criar empresas com produtos que aportam fortes características de inovação, o melhor berço está nas incubadoras situadas em Universidades, onde haja pesquisa em laboratórios empenhados em desenvolver tecnologia. Exemplos disso podem ser encontrados em empresas nascidas no Instituto Genesis da PUC-Rio, em Itajubá, na incubadora da UFRJ e da Biorio, TECNOPUC e tantas outras. Muitas delas não teriam sido criadas se estas incubadoras não existissem.

Um terceiro ponto a considerar é que em torno das incubadoras, especialmente as universitárias, tem sido estabelecidos os Centros de Empreendedorismo, que criam um ambiente de desenvolvimento da cultura empreendedora, motivando os empreendedores com seus mecanismos de competições e aproximação com as fontes de financiamento e investimento nos empreendimentos. Empreendedores precisam ser desenvolvidos com o conhecimento propiciado nas aulas das universidades e com as experiências que podem adquirir estagiando em empresas incubadas e participando de empresas juniores.

Críticas são feitas ao fato de que as incubadoras não são escaláveis e só abrigam, de cada vez, cerca de 20 a 25 empresas nascentes. Mas, não se pode deixar de levar em conta que criar uma empresa de base tecnológica com forte conteúdo de inovação não é um processo simples nem encontra facilidade no país para conseguir recursos, sejam os de natureza financeira como os de apoio de laboratórios competentes de pesquisa. Não acreditamos que tais tipos de críticas sejam justas nem que o custo das incubadoras seja tão elevado que possa desestimular sua manutenção.

No entanto, observamos que, até hoje, não temos uma certificação de incubadora: isso poderia ser feito pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores - ANPROTEC, utilizando empresas nacionais que seriam treinadas e orientadas sob os aspectos que deveriam ser observados para a certificação.

Essa certificação poderia ser exigida para que as incubadoras pudessem receber recursos governamentais para sua sustentação. Para que elas possam fazer um bom trabalho, direcionado a formar empresas inovadoras, precisam ter mentores de muito bom nível e que devem ser bem pagos.

Mas, esses recursos precisam ser mais generosos do que temos observado.
Além de tudo, as empresas nascentes não dispõem de recursos para pagar os rateios de despesas das incubadoras nem os orçamentos das universidades tem fontes de recursos capazes de sustentar os custos de uma boa incubadora.

Da mesma forma, observamos que muitas aceleradoras de empresas estão sendo criadas rapidamente no Brasil: tememos que encontrem dificuldades no seu caminho, tanto na manutenção de sua infraestrutura com alto nível de qualidade, como na obtenção de um quantitativo de empresas nascentes, com alto poder de crescimento que valha a pena manter essas aceleradoras em operação.

Nesse momento em que a ANPROTEC realiza seu Congresso anual, acreditamos que seria o mais adequado para repensar o tema: possivelmente levantar o que foi feito pelas incubadoras nesses vinte anos e o balanço de quanto custou e dos resultados obtidos. Também cabe pensar como deveria ser a evolução desse sistema de criação de empresas e de como seria possível motivar a sua inclusão nos investimentos governamentais brasileiros.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Espaços a preencher entre empreendedorismo e inovação

Estamos vivenciando um momento muito importante do empreendedorismo brasileiro: trata-se da fase de namoro, noivado e talvez casamento do empreendedorismo com a inovação. Até agora, podemos dizer que existem exemplos de inovação junto com o empreendedorismo, mas falta escala.

Os dois se namoram e pretendem noivar, mas não sabem ainda como fazer para isso acontecer. O noivado já viria com uma grande perspectiva de casamento.

Entretanto, é necessário encontrar os caminhos para fazer acontecer este noivado. A partir daí eu pensei nos padrinhos. Imagine que se promova a convivência entre os laboratórios de uma universidade com empresas nascentes que tenham o objetivo de inovar, juntando-os em um só local. O padrinho seria o Centro de Empreendedorismo voltado para a Inovação: sua função seria gerir este espaço e conseguir que os laboratórios contribuam com as empresas nascentes na formulação de produtos inovadores.

Mas, em tudo isso seria necessário ter pa(i)trocinadores que teriam de custear esta infraestrutura: os custos de manutenção do Centro. Onde buscar estes patrocinadores? Entidades que tenham compromisso em gerar inovação seriam os candidatos mais fortes, secundados pelos fundos que tenham interesse em investir em empresas inovadoras e que queiram acompanhar sua trajetória desde o inicio.

Por exemplo, no primeiro grupo - das entidades que tem compromisso com inovação - podemos relacionar a FINEP e as FAP´s de cada Estado, sendo também possível colocar algumas Prefeituras na relação.

Os custos operacionais do Centro de Empreendedorismo podem ser mantidos pelos patrocinadores deste primeiro grupo, já o avanço desses centros, com a oferta de melhores condições de trabalho, poderia ser obtido com os recursos dos fundos que viessem a encontrar e investir em empresas lá nascidas e desenvolvidas. Na medida em que recursos venham a fluir dos fundos de investimento nas empresas, os Centros podem vir a fazer reservas visando sua autossuficiência.

É possível pensar que aceleradoras possam fazer o papel do Centro de Empreendedorismo, mas alerto que o papel que estamos imaginando é maior que o das aceleradoras. É fundamental conseguir desenvolver produtos inovadores e para isso a parceria entre os centros de pesquisa e as empresas é essencial e precisa ser trabalhada com muita competência e habilidade.

Esta ideia precisa ser experimentada e, no inicio, precisa ser bancada por um patrocinador, sob pena de não se conseguir sobreviver. Pode ser que, com o tempo e a experiência conquistada, seja possível dispensar o patrocínio, conquistar a autossuficiência para os Centros.

Esta ideia precisa ser experimentada no Brasil e estou buscando mais interessados em desenvolvê-la e apoiá-la. Procure-me se você quiser tratar desse assunto. Podemos criar um Centro em qualquer lugar do país.