As ações sociais no Brasil são muitas, mas poucas têm o caráter típico do empreendedorismo. Elas tiveram origem na caridade e depois, políticos tomaram a si a maioria dessas atividades, com a intenção de ganhar votos. Tanto pela linha da caridade como pela do assistencialismo, não estamos seguindo pelo caminho do empreendedorismo.
O empreendedorismo social na sua visão moderna requer a busca da autossuficiência: os recursos necessários para começar o empreendimento social são conseguidos através de doações, mas sua sobrevivência depende da continuidade da geração dos recursos necessários para se manter.
É possível que esta seja uma situação aplicável em muitos empreendimentos sociais, mas em alguns há de fato a necessidade da continuidade de receber doações. Podemos entender isso em situações-limite, em que não há como gerar renda através do empreendimento social. Felizmente estes não são a maioria dos casos e geralmente se enquadram na hipótese de cobertura social pelo Estado.
Vamos trocar em miúdos: consideremos uma ação social empreendedora, que apoia uma comunidade carente em algum aspecto especifico. Geralmente o trabalho da ação social é direcionado a ensinar pessoas a gerar renda para melhoria de suas condições de vida. Desses recursos, é possível tirar uma parcela para manter o sistema de geração de renda criado em pleno funcionamento, sem necessidade de receber novas doações. O aporte inicial deve ser suficiente para criar este sistema contínuo de geração de renda.
Por exemplo, no caso da aposentadoria, claramente temos uma situação em que a geração de renda através de uma ação social é possível, mas incerta e em muitos casos, impossível. Daí o seguro social cobrir esta necessidade com o pagamento da aposentadoria. Mas, ainda assim, é possível ajudar a gerar renda complementar para muitos aposentados, especialmente aqueles cuja condição física permite trabalhar pelo menos algumas horas por dia, melhorando não só a condição financeira, mas também sua socialização e saúde mental.
Por vezes, o ciclo de vida dos empreendimentos sociais que podem ser autossuficientes é longo, isto é, requer um prazo grande para que ela seja atingida. Para esse tipo de empreendimento, seus patrocinadores devem prever isso em seus planos e tratar desse aspecto com os doadores, para que consigam doações seguidas em prazos de tempo. Este pode ser o caso dos empreendimentos sociais que envolvem as crianças, geralmente com grande espaço de tempo para que possam ser autossuficientes.
O empreendedorismo social cria uma nova visão para as ações sociais: planejar antes de realizar, buscar encontrar soluções em que o empreendimento tenha autossuficiência e verificar o tempo necessário para atingir esta condição. Nesse caso, o plano deve pedir as doações para cobrir este horizonte ou dividir o recolhimento de doações em etapas, de tal forma a poder mostrar aos doadores os progressos obtidos na direção da autossuficiência.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
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