sexta-feira, 21 de setembro de 2012
ANPROTEC discute futuro de incubadoras e aceleradoras
Esta semana, de 17 a 22 de setembro, a ANPROTEC realizou mais um de seus Seminários Nacionais e discutiu temas relevantes para o empreendedorismo, entre as pessoas que trabalham nessa área.
Um dos temas que chamou a atenção foi a discussão sobre o futuro das incubadoras e das aceleradoras de empresas. As incubadoras se constituíram nos últimos 20 anos como as entidades que abrigaram, estimularam e orientaram os empreendedores na criação de suas empresas. Foram participantes na geração de mais de 20.000 empresas neste período.
As aceleradoras surgem como solução para o desenvolvimento de uma segunda etapa da vida útil de uma empresa: assim que elas conseguem superar a etapa de incubação, em que tiveram de mostrar seus serviços e produtos, se expuseram com sucesso ao mercado conquistando seus primeiros clientes, estruturando-se de modo a atendê-los, agora precisam ter planos para continuar seu crescimento.
Nessa segunda etapa, as aceleradoras podem cumprir um papel relevante e muitas já estão na estrada em busca de seus primeiros sucessos.
As incubadoras têm conseguido resultados dignos de nota, mas tem tido muita dificuldade financeira para manter um padrão adequado de qualidade de seus serviços. A maioria das incubadoras está nas Universidades e não há como conseguir recursos financeiros para remunerar seus serviços, minimamente para cobrir os seus custos: o resultado é a queda de qualidade e a descontinuidade nos serviços oferecidos.
Os investidores não querem arriscar aplicações em empresas que estão sendo criadas, embora as estatísticas das incubadoras mostrem que elas reduziram de 70 para 20% a mortalidade das empresas nos primeiros cinco anos de vida. Em países como Israel, que tem 25 incubadoras, todas apoiadas pelo Estado, este oferece para cada empresa aceita para a incubação até 150.000 dólares de recursos do governo, permitindo a essas “start-up” custear os serviços da incubadora. Além disso, há a possibilidade dos investidores apoiarem incubadoras de modo a conseguir investir em suas empresas, antes que sua valorização seja muito expressiva e seu preço não seja mais interessante para os objetivos desses investidores. Além dos aportes governamentais, há 14 bilhões de dólares de investidores internacionais, associados às incubadoras no fomento das suas empresas emergentes.
Com relação às aceleradoras, como as empresas acolhidas apresentam menor risco de fracasso por já terem vencido a etapa de incubação, com seus planos detalhadamente analisados antes de obter esse apoio, os investidores tem simpatia maior para participar desses empreendimentos.
Ainda assim, tanto para as aceleradoras como para as incubadoras, há muita necessidade de formar mentores para as empresas, pessoas experientes que aceitem orientar os empreendedores na gestão e na busca pelo mercado. Muitos desses mentores também se tornam anjos de negócios nessas empresas. Certamente há necessidade de um forte investimento nessa formação.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Uma oportunidade para as Universidades e Centros de Pesquisa
Em 28 de agosto de 2012, a revista “The Chronicle on Higher Education” publicou o artigo “Universities Report $1.8-Billion in Earnings on Inventions in 2011”, de autoria de Goldie Blumenstyk.
Este artigo mostra universidades que desenvolvem pesquisas e que as levam ao mercado através de empresas, muitas delas geradas nas suas incubadoras, conseguiram ganhar em “royalties”, pagos pelas empresas que comercializam os resultados de suas pesquisas que geram patentes licenciadas, pagando “royalties”, a considerável quantia de 18 bilhões de dólares americanos. Estamos falando em universidades americanas, mas vislumbrando o que poderíamos obter no Brasil se as nossas universidades e centros de pesquisas fizessem o mesmo.
Por exemplo, há patentes relativas a novas espécies de trigo, desenvolvidas pelas pesquisas da Universidade de Nebraska com a Bayer. Também podemos exemplificar com o que a Universidade de Illinois obteve de “royalties” pelo licenciamento de tecnologia audiovisual para conferencia e uma avançada bateria de carregamento rápido para automóveis e produtos eletrônicos.
A campeã de 2011 foi a Northwestern University, que recolheu 191 milhões de dólares em receitas de licenças. A pesquisa mostrada pelo artigo trata de 157 universidades que responderam ao questionário anual da Associação de Gestores de Tecnologia de Universidades. Na pesquisa toda foram relatadas 5.398 novas licenças e 12.090 pedidos de patentes. Além disso, essas universidades criaram em 2011, 617 empresas “start-ups”.
Já em 2012, as receitas apontadas tiveram a mesma ordem de grandeza, com 155 universidades participantes: foram 4.735 licenças e um pouco menos de 12.000 pedidos de patentes. Em 2010 foram criadas 613 empresas.
Tony Stanco, diretor executivo do Conselho Nacional de Transferência de Tecnologia Empresarial disse que “cada vez mais alunos e professores ampliam sua consciência de que o empreendedorismo é uma carreira em ascensão e se constitui em um importante vetor para o crescimento”.
Lesley Millar, diretor do Escritório de Gestão de Tecnologia da Universidade de Illinois diz que “o foco sobre empreendedorismo na sua instituição é uma das razões para o grande salto no numero de novas empresas lá formadas”.
Como se pode ver, está em tempo de nossas universidades seguirem por este caminho, valorizando suas pesquisas e buscando através da parceria entre pesquisadores e empreendedores, servir melhor a sociedade do país.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
PNEN – Proposta de Politica Nacional de Empreendedorismo e Negócios
O governo lançou uma proposta de Politica Nacional de Empreendedorismo e Negócios (PNEN), colocando em consulta pública. Trata-se de uma boa iniciativa, até porque não foi feita uma politica de cima para baixo, considerando apenas as ideias do pessoal do governo. A consulta pública sempre é desejável.
Outro ponto positivo desta proposta é que ela começa pela analise da situação do empreendedorismo no país, suas dificuldades e limitações, pontos fracos que necessitam ser atacados e depois passa a fazer a avaliação das medidas que poderiam mudar este estado de coisas.
Sem dúvida é um conjunto de boas intenções que necessita ser levado adiante. Mas, a palavra mais forte que podemos transmitir de nossa experiência no empreendedorismo brasileiro é que o pior de tudo é a falta de continuidade na construção das bases de apoio ao empreendedorismo pelas agencias governamentais.
Sem pessimismo, podemos dizer que não bastam as boas intenções que estão contidas em todo este conjunto de propostas do governo para constituir uma politica de empreendedorismo, vai ser necessária muita capacidade de execução e persistência para que haja continuidade na aplicação das medidas que a constituem.
É necessário andar muito rápido, embora de modo democrático, na formulação da PNEN e no lançamento das ações que vão constitui-la. As agencias do governo precisam agir mais e acreditar muito no que fazem para que possam criar as novas bases que deverão corrigir as dificuldades atuais. O empreendedor brasileiro espera muito o apoio governamental, mas tem uma experiência anterior que o faz ficar reticente e desconfiado.
Poucas vezes os governos se preocuparam em apoiar os empreendedores e quando o fizeram foram ações que não tiveram continuidade e que deixaram em situações de desespero incubadoras que receberam recursos comprometidos e que tiveram muito prejudicada sua qualidade de serviço ao empreendedor.
Assim, é necessário que aquilo que vier a ser implantado tenha previsões de execução que não sejam afetadas pelas mudanças de governo, que levam a paralizações de programas cujo atraso provocado é muitas vezes de um ano. Nem que dependam de percepções momentâneas de dirigentes de entidades estatais, que levam a descontinuar programas bem sucedidos pela simples preocupação de não dar os créditos ao seu antecessor.
Empreendedores precisam de parâmetros claros e estáveis para fazer o planejamento de seus empreendimentos. Não podem estar sujeitos a incertezas que não sejam inerentes a seus negócios, estes já com os ônus característicos da inovação ou da inexperiência de seus empreendedores.
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