segunda-feira, 28 de junho de 2010

Doações a projetos sociais no Brasil - as nossas limitações legais

Vivemos um momento importante no que diz respeito ao reconhecimento da sociedade brasileira de que os investimentos na área social são os que trazem maior retorno. Esta afirmação é o resultado de pesquisas realizadas nos últimos anos e que foram importantes para a compreensão de três aspectos, no que se refere ao financiamento dos empreendimentos sociais no Brasil.

São as seguintes:
a) É preciso planejar os empreendimentos sociais, da mesma forma como se faz com os empreendimentos que visam lucro – isso é fundamental para o melhor aproveitamento dos recursos que, no Brasil, ainda são de pequena monta para estes empreendimentos;
b) È necessário que a estratégia dos empreendimentos sociais seja direcionada a obter sua auto-suficiência, de tal forma que os doadores tenham a percepção de que o empreendimento para o qual concorreram com seus recursos conseguiu se auto-sustentar e poderá ter duração indeterminada, sem que haja aportes de novas doações – esta constatação é estimulante para os doadores voltem a doar, ainda que para novas organizações, mas sobretudo garante a continuidade da prestação do beneficio a que se propõe;
c) Nosso percentual de gastos, em relação ao PIB brasileiro, com os empreendimentos sociais é muito inferior ao que o de outros países. Certamente a causa disso é a inadequação da legislação brasileira nesse assunto. Assim, é necessário rever a nossa legislação, permitindo às pessoas, físicas e jurídicas, serem estimuladas a doar mais do que hoje em dia.

Com relação ao ultimo item acima, vamos nos valer de dados recolhidos na Revista Exame de 7 de abril de 2010, a saber:
- No Brasil as doações de pessoas físicas ficam sujeitas ao mesmo imposto aplicado sobre heranças que é de 4% sobre o valor transmitido. Nos Estados Unidos, a transmissão da herança a entidades sem fins lucrativos é livre de impostos;
- No Brasil, as doações de pessoas físicas a fundos sociais públicos, podem ter deduções de imposto de renda até 6% do imposto devido. Nos Estados Unidos, doações para instituições de caridade podem ser abatidas do imposto de renda até o limite de 50% da renda bruta;
- Para empresas, a legislação brasileira permite o abatimento de 2% do lucro operacional para doações com fins sociais, enquanto nos Estados Unidos este limite é de 10% de toda renda tributável das empresas.

Como se pode ver desses dados, sem aprofundar muito a analise do assunto, podemos dizer que uma elevação ainda que pequena das isenções e benefícios fiscais para estimular empresas e pessoas físicas poderá levar o país a empregar um volume muito maior em empreendimentos sociais e com isso obter resultados valiosos na luta contra a exclusão no país.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Plano é fundamental, mas não é suficiente

É muito importante que o empreendedor compreenda a importância de planejar seu empreendimento antes de tentar transformá-lo em realidade. Mas, é preciso não ter a ilusão de que, depois de feito um plano que receba a aceitação e aprovação entusiasta dos que o lêem, tudo está resolvido.

A transformação daquele conjunto de folhas de papel, que é o plano de empreendimento, em uma empresa funcionando e conseguindo desempenhar seu objetivo, é algo bastante complexo e que vai requerer muito do empreendedor.

O que o empreendedor precisa conhecer para transformar um plano em uma empresa operando em regime? Este é o tema de nosso próximo livro na COLEÇÃO DE EMPREENDEDORISMO. Vamos orientar o empreendedor no passo a passo da implantação de sua empresa., a partir de seu planejamento.

O novo livro está sendo esperado nas livrarias para o final deste ano e já está em fase final de preparação pelos autores que são Helene Kleinberger Salim, Carlos Frederico Corrêa Ferreira e Cesar Simões Salim.

Vocês vão saber mais sobre este assunto gradativamente, a medida que o livro esteja mais próximo de sua aparição nas livrarias.

domingo, 13 de junho de 2010

Conceito de Estratégia

O desafio de entender com clareza este conceito é um ponto de grande importância para quem tem de trabalhar com o planejamento de uma empresa.

A maneira mais simples que posso apresentar aos alunos para que entendam o significado de estratégia é considerar que esta palavra é sinônimo de caminho. Como tal, supõe-se que estamos em um determinado ponto e que temos a intenção de ir para um outro ponto, também bem especificado, ainda que futuro e ainda não atingido. Assim, temos uma situação atual e uma futura e a estratégia é o caminho, ou conjunto de ações, para ir dessa situação atual para uma outra futura.

Comentários, exemplos, sugestões e dúvidas são bem-vindos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Estratégia 3D

Com o título acima, certamente você pensou que iríamos tratar da tecnologia aplicada ao cinema, em particular dos filmes Avatar e Alice? Isso deixaremos para outros especialistas. Pretendemos analisar a situação particularmente especial que encontramos no Brasil, composta por várias características, mas deixando de lado qualquer conotação política.

Um ponto importante é que os países emergentes agora são vistos como a esperança para superação e redução dos efeitos da crise econômica. Claro que a China está liderando esse grupo, aspecto relevante devido a seu porte. Mesmo sem considerá-la, o conjunto desses países é relevante com as contribuições dadas por Índia, Rússia (apesar de suas dificuldades internas), África do Sul, Austrália, Polônia e Brasil.

Outro ponto fundamental é o processo de inclusão. No caso do Brasil, nos últimos três anos, cerca de 18 milhões de habitantes foram integrados ao mercado consumidor. Houve o crescimento das classes C e D que caracterizou novos hábitos de consumo e outras maneiras de vender.

Mas a evolução não é apenas uma questão de mercado. Trata-se também da sustentabilidade. O próprio termo pode ter sentidos diferentes. O mais usado até agora tem sido a sua relação com o meio ambiente. Diz-se que o crescimento é sustentável quando é possível manter sua forma de trabalho, gerando resultados e sem causar impactos negativos nas comunidades do entorno. O termo ainda pode significar o crescimento com políticas e estratégias éticas não só com o meio ambiente, mas com empregados, consumidores e investidores.

Se observarmos o Brasil dos últimos quinze anos, notamos que muitas empresas brasileiras se tornaram de grande porte e com atuação no mercado internacional. Nos anos 70 do século passado, poderíamos citar duas ou três grandes empresas brasileiras e, provavelmente, todas eram estatais. Hoje, elas são de porte significativo no mundo, em diversas áreas, inclusive naquelas em que a tecnologia é a base do negócio, como no caso da Embraer. Podemos citar grandes empresas brasileiras em diversos setores: Banco Itaú, Vale, Gerdau, Brasil Foods, entre outras.

O mercado interno cresceu e ganhou características diferentes. O exterior se abriu a produtos brasileiros, além das tradicionais commodities. Superamos uma crise econômica gigantesca antes de diversos países ricos. Em contrapartida, continuamos a ter graves problemas internos, não só de infraestrutura física, mas também a falta da formação de mão-de-obra, a inadequação dos sistemas de educação e de saúde em todos os níveis. Tudo isso, ao lado de oportunidades relevantes para nos tornarmos grandes exportadores que preveem crescimento alto para o nosso mercado interno. Se tomarmos como referência tais fatores, veremos que é necessário repensar a estratégia das empresas.

Teremos de estabelecer uma nova metodologia para pensar a atuação das empresas brasileiras, considerando essas novas dimensões. É comum procurarmos o estabelecimento de metas e a forma de cumpri-las, do mesmo modo como quando tínhamos de ampliar o mercado interno e atender a cotas de exportação, muitas das quais vinham definidas pelas matrizes estrangeiras. Entretanto, novas dimensões se acrescentam. A primeira, representada por uma visão do futuro, considerando a evolução do processo de globalização e as oportunidades e ameaças que resultam daí para projetar a empresa sem se prender ao que ela é hoje. A segunda, seria a sustentabilidade, tomada sob o aspecto da preservação do meio ambiente, mas com foco em políticas e ações empresariais mais permanentes e que contribuam para sua incorporação à marca.