Gestores públicos anunciando intenções - o tom é geralmente o seguinte: vamos construir cinco escolas em nossa administração...
Lamentavelmente, tal tipo de afirmativa é um mau prenúncio. Não pelo que se propõem a fazer e não somente pelos gastos públicos decorrentes. O que nos parece ruim é a visão mutilada do objetivo que está atrás de cada iniciativa da administração pública.
Explicando: construir uma escola pode ser uma alternativa, mas, por si só não irá beneficiar a população do local. Para que isso aconteça é necessário bem mais do que a instalação física de uma escola. Para funcionar são requeridas ações adicionais, como contratar e treinar professores, equipar as escolas com sistemas informatizados e áudio-visuais modernos, mobilizar os pais dos alunos para apoiarem e. sobretudo, pensar que são conjuntos articulados de ações que não terminam nunca. Sempre teremos que fazer mais uma alguma coisa, ainda que todos os objetivos que haviamos definidos em um dado momento tenham sido cumpridos. Nem que seja fazer a manutenção do que foi feito. Por isso, fica tudo mais claro se definirmos uma meta que englobe todas as ações a serem feitas e que seja mobilizadora: por exemplo, se a meta for aumentar em 20% a média dos alunos das escolas de um bairro na prova do ENEM, comparado com o que foi conseguido nos três últimos anos. A meta precisa ser quantificável e mensurável, de modo que se possa verificar o seu cumprimento. Objetivos vagos e imprecisos não podem ser acompanhados e nem é possível verificar seu cumprimento.
Em nosso exemplo, para o objetivo definido, podemos estabelecer algumas daquelas ações:
- estabelecer a estratégia didática a ser adotada para o ensino, a partir da crítica ao ensino atual;
- definir os recursos necessários para a adoção dessa estratégia;
- levantar o padrão atual dos professores e treiná-los para atuar na nova diretriz;
- adquirir os equipamentos didáticos necessários para a sua implantação;
- convocar os pais a participarem do processo, conseguindo obter apoio para atingir o objetivo pretendido;
- definir metas intermediárias realistas, mensuráveis e que permitam controlar o progresso do programa;
- estabelecer e implantar métodos de medição da qualidade do ensino e da aprendizagem, como, por exemplo, provas simuladas do ENEM para treinar os alunos com apuração de índices intermediários.
Talvez haja ações a mais para conduzir-nos ao resultado pretendido. Mas, para este objetivo vimos que talvez não fosse necessário construir uma escola, melhor seria usar adequadamente as instalações e o pessoal existente.
Ao atingir este objetivo, estaremos conquistando maior qualidade de ensino e aprendizado pelos alunos. Vencida esta etapa, passaríamos a definir novos objetivos para horizontes de tempo seguintes e nos mobilizando para atendê-los.
Como se pode perceber pelo exemplo dado, se a administração pública raciocinasse coordenadamente como se fosse um conjunto de empreendimentos, seus órgãos teriam planos para cada horizonte de tempo, com objetivos sendo perseguidos e resultados medidos, sempre em beneficio para a localidade e seus moradores.
Nessa nova maneira de pensar a gestão pública será necessária a participação de diversos atores e a colaboração entre seus órgãos atuando focados para chegar a um objetivo.
De modo análogo ao que fizemos no caso da educação, podemos ter empreendimentos governamentais na área de saúde, turismo, segurança pública, transportes e muitas áreas mais.
Essa nova perspectiva permitirá estabelecer objetivos permanentes para iniciativas para desenvolvimento local, como fizemos com o de melhoria de ensino.
Cada objetivo permanente se decompõe em metas para cada período de tempo, sendo planejadas as ações e mobilizados os recursos necessários. Certamente, isso levará a um planejamento mais eficaz, cuja conseqüência será uma execução mais focada e a utilização mais objetiva das verbas estatais.
Esta é a percepção nova para a condução de empreendimentos para desenvolvimento local. Convido os governos a caminharem deste modo. Adotem uma pitada de empreendedorismo em suas gestões.
Vale a leitura do artigo "Salto no Escuro" da Veja de 13 de maio 2010, pag 118, a respeito da metodologia de ensino - além de todas as ações listadas acima temos ainda que rever a apontada má aplicação dessa teoria do construtivismo na prática escolar.
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